Nuno Ferreira lamenta falta de títulos

A qualidade revelada esta temporada pela equipa feminina do Vagos merecia, por si só, ser premiada com a conquista de um título – refere nesta entrevista o treinador da equipa, Nuno Ferreira.

Treinadores
27 JUN 2009

Mas o técnico reconhece mérito no triunfo do Olivais e enaltece o facto de as vaguenses terem estado em três finais, bem como numa competição europeia

Que balanço faz da última época? Os balanços são sempre relativos. Se por um lado estou extremamente contente com o trajecto que realizámos, o facto de não termos conquistado nenhum troféu deixa um sabor amargo. O trabalho e a qualidade que a equipa demonstrou durante toda a época merecia algo mais, mas também temos de dar mérito à equipa do Olivais, que demonstrou ser superior e nós não tivemos argumentos para conseguir neutralizá-la. Mas sem dúvida que mesmo sem nenhuma conquista, uma digna participação europeia em época de estreia e o facto de termos estado nas finais da Supertaça, Taça de Portugal e Campeonato é sem sombra de dúvida positivo. Que aspectos negativos e positivos ressalva desta temporada? Sem dúvida o empenho de todo o grupo (jogadoras, fisioterapeuta, seccionista e direcção) na dedicação diária ao grupo e ao clube. Torna-se muito mais fácil trabalhar e atingir objectivos quando se lidera um grupo de trabalho que faz da humildade, dedicação, entusiasmo e ambição as suas principais características. Não tenho nada de muito relevante a realçar, talvez a saída da Sara, em Dezembro, e a lesão da Clarissa num momento chave na época tenham feito vacilar o grupo, mas rapidamente conseguimos passar por cima disso e lutar com todas as forças com quem estava disponível nesses momentos. Já tem algum convite para a próxima época? Sim, tive um convite que muito me orgulhou por muitíssimas razões, mas que infelizmente não pude para já aceitar. Tem algum projecto que gostasse de levar a cabo? O projecto enquanto treinador é continuar a evoluir, aprofundar meus conhecimentos, consolidar a minha liderança enquanto técnico e trabalhar no dia a dia com muito entusiasmo dedicação, honestidade, conseguindo tirar o máximo partido dos grupos que lidero, fazendo com que as/os atletas tenham o mesmo objectivo que eu e que trabalhem diariamente na procura de um objectivo que num grupo terá de ser sempre comum. Qual é o seu modelo de jogo favorito? Um modelo que tenha por base uma defesa individual forte e agressiva, que possibilite rápidas transições, procurando sempre as vantagens. Em ataque privilegiar os espaço para poder explorar as situações de 1×1 e as combinações de 2×2. De todas as equipas que já treinou, qual a que lhe proporcionou os melhores momentos da sua carreira? Todas elas, desde os escalões de formação, onde iniciei, me marcaram muito e serão momentos sempre para recordar, mas sem sombra de dúvida a presença na final a oito da Taça de Portugal pelo Sangalhos, a presença na participação europeia pelo Vagos e a conquista da Taça de Portugal foram os melhores, com muito realce, como é evidente, para esta última. Há algum momento positivo que nunca irá esquecer? O concretizar de um sonho que é a participação nas competições europeias, competindo com realidades fantásticas e que nos fazem crescer muito. E o mais negativo? Eliminação do playoff quando era treinador do Sangalhos, tudo o que isso provocou na minha vida pessoal e as ameaças que recebi cobardemente são coisas que jamais irei esquecer. Sobre outro ponto de vista, a lesão da Paula Seabra há duas épocas, quando estava fazer uma temporada fantástica. Qual a sua opinião sobre o estado actual do basquetebol nacional? Vou apenas falar da realidade que conheço hoje, o feminino. Ao nível sénior tem existido um esforço no sentido de melhorar a qualidade e o trabalho, sendo um sector com poucos recursos financeiros, mas os clubes têm tentado trabalhar o melhor possível, tendo na minha opinião crescido nos últimos anos. Acho, no entanto, que a FPB, tendo já feito alguma coisa, pode e deve fazer muito mais porque a atenção e os recursos que disponibiliza para o feminino comparativamente ao masculino é muito diferente. Sobre a formação, acho que podemos trabalhar muito mais e melhor, primeiro ao nível dos treinadores, depois na captação de jovens jogadoras e na quantidade de horas de aprendizagem/treino a que as mesmas estão sujeitas. Neste aspecto os centros de treino possibilitam sem sombra de dúvida que essas atletas tenham um espaço e uma organização que permitem a sua evolução. Tem alguma opinião formada sobre o que deve ser alterado para melhorar a qualidade competitiva da modalidade? Deveria ser possível ter jogadoras comunitárias (em número limitado); criação de uma Taça da Liga no final da primeira volta (para proporcionar momentos altos e de decisão); as competições nacionais deveriam ser acompanhadas por uma competição regional ao nível sénior. Que jogador mais o impressionou favoravelmente? Fernando Neves E jogadora? Carla Silva Qual é o seu 5 ideal? Poderia ser este: Ticha Penicheiro, Diana Taurasi, Candace Parker, Maria Stepanova e Lisa Lesley Conte-nos uma situação caricata que se tenha passado em campo. Algumas das minhas atletas no aquecimento do jogo com o Hemofarm, na Sérvia, fascinadas com a imponência do pavilhão e com o primeiro jogo na Women Cup. E fora do campo? Viagem a Leste este ano, com a equipa a ter de fazer duas noites em autocarro.

Treinadores
27 JUN 2009

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