«Entrega e união»
A equipa é jovem e está ainda em construção, mas o empenho das atletas e os resultados que têm vindo a alcançar deixam o treinador da equipa portuense orgulhoso e confiante de que os objetivos deste histórico clube do basquetebol português – que passam por assegurar a permanência entre a elite – podem ser alcançados.

Competições | Treinadores
11 NOV 2014
Os dois resultados do último fim de semana deixam-no orgulhoso? São um sinal que a equipa está a evoluir no bom caminho?
Apesar de estar obviamente agradado com os resultados prefiro centrar a minha avaliação na postura e atitude competitiva da equipa. É claramente por aí que nos queremos construir, procurando ser diariamente uma referência para a formação do nosso clube e nesses aspetos temos sido inexcedíveis. Posso dizer que, incluindo na derrota mais pesada da época, contra o Quinta dos Lombos, quando já todos diziam que estávamos a mais neste campeonato, fiquei igualmente orgulhoso da nossa atitude e entrega ante um opositor e um contexto francamente desfavorável nesse fim de semana. Acredito que estamos a evoluir diariamente em diversas vertentes. Somos um grupo que está junto há apenas dois meses, facto que faz com que muitas das rotinas da equipa e do conhecimento que as atletas possuem umas das outras esteja ainda longe de ser ideal. Se acrescentarmos a isso o facto de estarmos a competir na máxima competição feminina, onde muitas das jogadoras que compõem o nosso plantel nunca jogaram, facilmente percebemos que seria e será necessário tempo e paciência para conseguirmos atingir o nível de jogo que achamos estar ao nosso alcance.
Apesar de ser uma equipa, relativamente jovem, vê qualidade no grupo de trabalho?
Somos uma equipa muito jovem. O nosso plantel é composto por 8 atletas seniores e 8 juniores. No entanto, apesar da falta de experiência que isso acarreta, acabo por entender como um desafio e uma mais valia, pois estão todas extremamente motivadas para evoluir e conquistar tempo de jogo na Liga Feminina, algo que infelizmente começa a ser raro no nosso basquetebol. Quanto à qualidade, também eu estou a conhecer mais profundamente as atletas nestes primeiros meses de treino e tenho sido agradavelmente surpreendido. De outra maneira não teríamos conseguido esta vitória ante uma excelente equipa como o Olivais e uma recuperação de 19 pontos que deveria ter levado o jogo pelo menos para prolongamento contra um candidato ao título como o Vagos. Realço no entanto que quando falo de qualidades não me cinjo apenas ás questões técnicas e tácticas mas também ás qualidades humanas que são indispensáveis na construção a longo prazo de um atleta e de um grupo.
Ao que julgo saber as condições de trabalho não são as melhores. Acredita que a equipa ainda será capaz de fazer melhor e apresentar consistência ao longo da época?
Infelizmente, devido à crise financeira que o clube atravessa e ao vasto número de equipas que possui em diversas modalidades, os espaços e os tempos de treino são muito reduzidos. Basta dizer que nas últimas duas semanas, por diferentes motivos, não fizemos nenhum treino no nosso pavilhão principal, onde defrontamos o Olivais e o Vagos. Realço no entanto, que são as condições que já sabíamos de antemão que iríamos ter e as melhores que a direção nos consegue fornecer atualmente. Nunca nos poderão servir de desculpa mas sim de motivação extra para trabalharmos ainda com mais qualidade na procura da rentabilização do tempo de treino.
Estou certo que iremos ser mais consistentes e que aos poucos com um melhor conhecimento das nossas ideias de jogo e um melhor entrosamento das atletas entre si a qualidade exibicional certamente subirá, traduzindo-se principalmente em melhores tomadas de decisão individuais e coletivas, reduzindo-nos o numero de turnovers e permitindo melhores escolhas de lançamento.
Contudo, sabemos que este processo de consolidação não é linear e que infelizmente iremos ter momentos altos e baixos e que provavelmente, oportunidades de ganhar a uma equipa de topo da tabela como a deste fim de semana, provavelmente não acontecerão tão cedo. Tudo faremos para que aconteça, mas estamos cientes das distâncias que existem em termos de planteis e mesmo estruturas entre as equipas que disputam o titulo e equipas que procuram a manutenção como é o nosso caso.
O que impede, neste momento, o Académico de lutar por objetivos mais ambiciosos e bater-se com as equipa mais fortes da Liga?
O Académico é um dos mais históricos clubes de Portugal em diversas modalidades, um clube centenário, que infelizmente atravessa à diversos anos graves problemas financeiros. O nosso principal objectivo enquanto clube passa, não pela disputa ou definição de objectivos mais ambiciosos na Liga Feminina, mas sim na criação e manutenção de um excelente grupo sénior que procure disputar de forma constante a participação na Liga feminina. A equipa sénior deverá servir como referência aos nossos escalões de formação, nos quais estamos muito centrados e dos quais queremos que continuem a sair como aconteceu no passado excelentes jogadoras de basquetebol capazes de prover a nossa equipa sénior e inclusive ir competir para o estrangeiro. Considero-me um treinador e um coordenador muito vocacionado para a Educação dos jovens através do desporto e para o desenvolvimento a longo prazo de atletas e acredito ter encontrado o clube e a direção ideal para um trabalho desse género, o qual requer muito tempo e paciência.
Assumimo-nos sem qualquer duvida como um clube de formação com uma importante ação social junto dos jovens na área do Porto, que irá, sem nunca hipotecar a sua recuperação e estabilidade financeira, procurar estar na máxima competição da modalidade.
Um grupo guerreiro e que jogue bom basquetebol. É o que pretende da sua equipa até final da temporada?
É a imagem que queremos para a nossa formação e foi com essa ideia que escolhemos as atletas e constituímos o nosso grupo. Acredito muito na vertente coletiva do jogo de basquetebol e espero que consigamos por em prática um jogo pautado por uma defesa agressiva e inteligente capaz de limitar os pontos fortes adversários e um ataque assente na partilha de bola, e na leitura e tomada de decisão individual e coletiva. Quero também que nos continuem a reconhecer pela entrega e pela união que colocamos em campo, independentemente do adversário e do resultado. Só assim será possível evoluirmos.
O que seria uma época positiva para a equipa do Académico FC?
Atingir a permanência e consolidar o grupo de trabalho.