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Terminada mais uma semana dos portugueses fora de Portugal

Mais uma semana, mais uma rubrica de portugueses além fronteiras. Os internacionais portugueses tem sido peças fundamentais nos respetivos campeonatos e até mesmo em competições europeias. Passando um pouco por toda a Europa, podemos encontrar um Português que esteja a triunfar.

Em território Francês, Anthony da Silva e Travante Williams tiveram mais uma semana de elevado rendimento com jogos complicados. Apesar da derrota, Anthony foi uma peça fundamental na partida e ao longo do 37 minutos jogados, marcou 11 pontos, fez sete assistências e um ressalto, mostrando que depois da sua lesão está completamente recuperado e apto para jogar ao mais alto nível.

Travante Williams teve dois jogos: um para o campeonato francês e o outro para o patamar mais alto do basquetebol; Champions League. O Le Mans defrontou no fim de semana o JL Bourg-en-Bresse numa partida complicada e disputada até ao final, terminando na vitória da equipa do internacional português por 84-82 onde contou com 6 pontos, duas assistências e dois roubos de bola. Na passada segunda feira, defrontou o SL Benfica, para a Champions League. Uma partida que ao intervalo estava bastante equilibrada (45-43) mas que acabou com a vitória confortável por 20 pontos (89-69) do Le Mans. O extremo marcou 8 pontos, uma assistência e um ressalto.

 

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Hungria, Espanha, Itália ou Alemanha são alguns dos sítios onde podemos encontrar as verdadeiras atletas que brilharam ao longo da última semana. Em Espanha apesar das inúmeras portuguesas em destaque, esta semana é Carolina Bernardeco quem merece o título de MVP.
Depois de uma grande vitória da sua equipa (Alcorcón) por 11 pontos frente ao Andratx, a internacional foi mesmo a jogadora mais valiosa da partida com 13 pontos, três assistências e dois roubos de bola, formando 18 de valorização.

 

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Um nome que já não espanta de ser falado é Carolina Rodrigues. A internacional está na Hungria a defender o Szekszard e teve uma semana com dose dupla: EuroCup Women na quarta-feira e campeonato no domingo.
Na competição europeia, a base venceu frente ao SF Gheorghe (Roménia) por 63-49 e marcou 16 pontos, fez cinco assistências e fez dois ressaltos, ajudando significativamente a equipa em 33 minutos jogados. No campeonato, a história não divergiu muito; mais uma vitória e mais 9 pontos, quatro assistências e três ressaltos em 29 minutos.

Voando até Itália, o nome de Carolina Cruz também tem estado em grande destaque na Série2. A poste portuguesa tem feito jogos de enorme calibre e na última partida frente ao San Salvatore, fez 16 pontos e uns incríveis 15 ressaltos (nove defensivos e seis ofensivos), tendo sido a jogadora mais valiosa do encontro. De referir que na junção dos dois jogos anteriores, Carolina conta com 26 pontos, cinco assistências e 12 ressaltos.

Terminando o voo desta semana na Alemanha, Tess Santos, está a representar o Wasserburg (equipa da segunda liga alemã) pelo segundo ano e tem feito jogos de alto nível. A equipa, inserida na zona Sul, encontra-se em 4º lugar do campeonato com três vitórias e uma derrota. Na última partida, Tess entrou no cinco inicial e foi MVP com 21 pontos, nove ressaltos e duas assistências.

Estatísticas individuais dos atletas portugueses:

Travante Williams (Le Mans, LNB – França)
6pts, 2ast, 2res (20min) na vitória frente ao Bourg (84-82)
8pts, 1ast, 2res (23min) na vitória frente ao SL Benfica (89-69) – Champions League

Anthony da Silva (Évreux Basket, Elite 2 – França)
11pts, 7ast, 1res (37min) na derrota frente ao Antibes (83-89)

Diogo Brito (Monbus Obradoiro, Primera FEB – Espanha)
9pts, 3res (26min) na vitória frente ao Melilla (79-59)

Diogo Seixas (Clube Ourense Baloncesto, Primera FEB – Espanha)
6pts, 1ast, 1res (12min) na vitória frente ao Palmer Basket Mallorca Palma (82-69)

Rafael Lisboa (Clube Ourense Baloncesto, Primera FEB – Espanha)
7pts, 5ast, 2res (21min) na vitória frente ao Grupo Caesa Seguros FC Cartagena CB (90-77)

Francisco Amiel (Albacete Basket, LEB Plata – Espanha)
4pts (8min) na derrota frente ao Huesca (80-88)

Tiago Teixeira (Toledo, Segunda FEB – Espanha)
7pts, 1ast, 2ress (13min) na vitória frente ao La Leonesa (90-73)

Carolina Rodrigues (Szekszard, NB I.A – Hungria)
16pts, 5ast, 2res (33min) na vitória frente ao SF Gheorghe (63-49)-EuroCup Women
9pts, 4ast, 3res (29min) na vitória frente ao PEAC-Pecs (78-67)

Inês Ramos (Al-Qázeres Extremadura, LF Challenge – Espanha)
7pts, 1ast (24min) na derrota frente ao Celta Zorka (58-67)

Raquel Laneiro (Al-Qázeres Extremadura, LF Challenge – Espanha)
3pts, 3ast, 3res (31min) na derrota frente ao Celta Zorka (58-67)

Josephine Filipe (Al-Qázeres Extremadura, LF Challenge – Espanha)
11pts, 3ast, 1res (30min) na derrota frente ao Celta Zorka (58-67)

Margarida Junqueira (Magec Tías Lanzarote, LF2 – Espanha)
12pts, 1ast (22min) na vitória frente ao El Plantel GMASB (80-61)

Carolina Cruz (Livorno, Série2 – Itália)
16pts, 15res (28min) na derrota frente ao San Salvatore (59-62)

Carolina Bernardeco (Itesal Femenino Alcorcon, LF2 – Espanha)
13pts, 3ast, 2res (28min) na vitória frente ao Andratx (90-79)

Eva Carregosa (Recoletas Zamora, LF Challenge – Espanha)
8pt, 3res (18min) na derrota frente ao Adareva (66-72)

Ana Raimundo (BC Marburg, 1ª Bundesliga – Alemanha)
2pts, 1ast (3min) na derrota frente ao ALBA Berlin (50-68)

Sara Guerreiro (BC Marburg, 1ª Bundesliga – Alemanha)
4pts, 2ast, 3res (23min) na derrota frente ao ALBA Berlin (50-68)

Tess Santos (Wasserburg, 2ª Bundesliga – Alemanha)

21pts, 2ast, 9res (26min) na vitória frente ao Mainz (92-59)


IV Seminário Manuel Sérgio debate desporto, ética e comunidades

De 29 de outubro a 26 de novembro de 2025 realiza-se o IV Seminário Manuel Sérgio “Desporto, sociabilidades e comunidades”, promovido pela Cátedra Manuel Sérgio – Desporto, Ética e Transcendência do CITER da Universidade Católica Portuguesa, em parceria com o Instituto Português do Desporto e Juventude e o Plano Nacional de Ética no Desporto. O seminário, de participação gratuita e formato online, decorre entre as 18h30 e as 20h00, com inscrições abertas até 26 de outubro.

A iniciativa pretende refletir sobre o papel do desporto na construção da cultura contemporânea, a sua relevância ética e o contributo para a coesão social. O programa inclui cinco sessões dedicadas a temas como Desporto e Urbanidades, Sociabilidades Religiosas, Ética e Cooperação, Política e Associação e Desporto e Educação, com a participação de investigadores e docentes como Pedro Braga Falcão, Alfredo Teixeira, Rita Mendonça Leite, José Miguel Cardoso, Luísa Ávila da Costa e Maria Alexandra Leandro.

O seminário é acreditado para treinadores e técnicos de exercício físico.

Créditos – Universidade Católica Portuguesa

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José Araújo: “O Europeu de Matosinhos ficou-me atravessado”

José Araújo cumpre a segunda temporada no BC Marburg, abriu 2025-26 com três vitórias em três jogos e aposta numa equipa equilibrada, agora com as portuguesas Sara Barata Guerreiro e Ana Raimundo. Em entrevista exclusiva à FPB, o técnico, também selecionador Sub20 femininos, explica o que encontrou nesta segunda passagem pela Alemanha, a ponte entre a Seleção Nacional e as Sub20, e um Europeu que lhe ficou “atravessado” em Matosinhos.

Chegaste ao Marburg com a época passada em curso e a equipa a atravessar uma fase negativa. Como surgiu este convite?

Eu já tinha estado aqui duas épocas. Vim na altura em que saí da Roménia. Cheguei a uma equipa que estava na 2.ª divisão e o plano era ficar mais um ano, mas depois veio a Covid-19 e todas aquelas confusões. Tinha algum conhecimento do campeonato alemão, embora ele tenha mudado e esteja mais interessante do que há cinco ou seis anos, quando cá estive pela primeira vez. Lembrava-me do Marburg, de jogar contra eles, e acompanhei mais quando a Laura (Ferreira) e a Maria (Kostourkova) jogaram aqui. A Simone (Costa) também esteve cá, mais recentemente. E em Marburg jogou a Marta Vargas um ano; fui acompanhando e vendo a evolução da liga, sobretudo por serem jogadoras da Seleção. Quando me falaram a primeira vez, estudei a equipa à distância. Foi a primeira vez que peguei num projeto a meio, nunca o tinha feito. É diferente, mas foi um desafio muito interessante.

Quando entras num comboio em andamento, quais foram as tuas prioridades para mudar o rumo?

Primeiro, perceber muito bem como a equipa jogava, o que procurava no ataque e na defesa. As coisas não estavam claras: a equipa estava numa dinâmica má e não era claro o que se fazia em ataque e defesa. Havia muita vontade, mas também muita confusão e ansiedade. Percebi que tínhamos duas ou três atiradoras, uma delas muito boa, uma autêntica “sniper”, e não entendia como é que a equipa não tirava partido disso. Os lançamentos eram precipitados, maus, ou fora das zonas onde elas eram realmente eficazes. Isso ajudou-me a preparar melhor o “spacing” para as jogadoras que tinha. Defensivamente tivemos de construir quase tudo, porque a filosofia anterior era completamente diferente da minha. Não há só uma forma de fazer bem as coisas. Cheguei e fiz dois treinos; um dia e meio depois já estávamos a jogar. Nem sabia bem os nomes de todas. O primeiro mês foi duro; fui mudando as coisas paulatinamente. Tinha a dúvida se seria fácil para elas largarem o que faziam e pegarem em coisas novas. Curiosamente, como a dinâmica começou a mudar e agarraram-se às ideias novas. Começámos a competir. E tive muita sorte com o carácter das pessoas que encontrei aqui. Receberam-me bem. Se apanhasse um grupo com carácteres diferentes, teria sido mais difícil.

Conseguiste a manutenção e, esta época, arrancaste com três vitórias em três jogos. Que metas traçaste para 2025-26?

Em teoria estamos no último terço da tabela a nível de orçamento, mas a liga deu uma cambalhota: a ideia era 14 equipas e passaram a 10. Para uma equipa como nós, cujo objetivo é o playoff, há menos jogos para ganhar, digamos assim. Com 10 equipas fazem-se duas voltas e meia; depois dividem em dois grupos e cinco equipas jogam uma terceira vez. A primeira volta nunca é igual à segunda, a ordem das jornadas muda, é estranho. O objetivo do clube é o playoff. No ano passado, mesmo sem descidas, a pressão interna era playoff. Este ano, com pré-época minha e alguma continuidade, a equipa está mais equilibrada, com mais opções. Mantivemos seis ou sete jogadoras que me davam garantias na liga e trouxemos gente nova com critério. Não controlo tudo e o orçamento é o que é, mas fizemos um bom trabalho no verão e estou muito contente com a equipa.

Duas dessas opções novas são portuguesas, a Sara Barata Guerreiro e a Ana Raimundo. Como nasceram essas contratações e o que traz cada uma? Pelo menos podes falar Português.

Em jeito de brincadeira: ao segundo ou terceiro dia de pré-época, a base mais nova já estava a dizer duas asneiras em português. Não sou só eu a desenferrujar o “Português”, elas apanham tudo.

Sobre a Sara: precisava de um 2/3. Não quis ficar com a europeia que cá estava e, entre ir buscar alguém muito experiente – cara e possivelmente já longe das melhores condições – e apostar numa jogadora com potencial, surgiu a Sara. Conhecia o percurso dela na universidade, o Ricardo também me tinha falado que a ia chamar para as Universíadas, e aquilo ficou-me na orelha. É abnegada, trabalha muito, fisicamente muito boa, ganha muitos ressaltos e tem muita vontade. Foi falar com ela, acertar detalhes com agentes, e fechámos o acordo. É potencial enorme e em evolução, duas coisas que gosto de trabalhar.

A Ana foi diferente. O plano era ter mais uma base alemã, olhámos para jovens talentos, mas havia indecisão e comecei a ficar preocupado. Soube que a Ana queria mudar-se para a Alemanha e resolvi o problema. Tenho uma base muito nova, fez agora 20 anos, e juntar juventude e experiência deu-nos duas bases muito diferentes, com coisas importantes para nós. É a primeira experiência dela fora de Portugal; sentiu a fisicalidade no início, estava habituada a 30 e tal minutos e agora não precisa, nem eu quero. Vejo-a feliz, espero não estar enganado. E logo na primeira jornada, quando o jogo não estava a sair, entrou e controlou, e ainda fez as tropelias dela: colocou o ritmo certo, correr quando era preciso, não correr quando não era. A experiência a falar. Curiosamente, as duas bases encaixam muito bem.

Disseste que não querias ninguém acima de 30 minutos, mas tens duas jogadoras nesse patamar, uma delas a Sara. Estás a aproveitar a juventude e as pernas frescas?

Não é por aí. Tínhamos uma baixa: uma jogadora que ficou do ano passado, operada a uma hérnia. Jogou a época toda e o verão na Austrália, chegou e foi operada logo. Está a recuperar e por isso a Sara e a Lea, eslovena, têm jogado muitos minutos.

Este ano há um contingente português inédito na Alemanha. Defrontaram o Herner TC, da Catarina Miranda e da Mariana Silva Pereira, neste fim de semana. Na 2. Bundesliga há a Teresa Faustino, a Tess Santos e a Bárbara Calvinho. O que está a mudar para os clubes alemães olharem para jogadoras portuguesas?

Com a Laura e a Maria, ficou uma imagem muito boa das portuguesas. Hoje tens duas características distintas: as universidades nos EUA levam as melhores; e a jogadora portuguesa é, neste momento, muito interessante em custo/qualidade. Estamos a desbravar caminho. Na primeira vez tens oportunidade, e o custo não é tão elevado quando és “rookie” lá fora. Como temos provado valor, já não é preciso olhar só para o mercado do Norte da Europa, que tradicionalmente agrada à Alemanha – finlandesas, suecas, letãs. Não se vão atirar para Espanha e para mercados fortes, mas o português começa a ser interessante para eles.

E quanto a treinadores portugueses, o teu trajeto pode abrir portas no mercado alemão?

Espero que sim, mas quando se chega a treinadores o mundo é mais difícil: entra a questão dos agentes, das “connections” (risos) e deixa de ser tão simples. No meu segundo ano na Alemanha, no primeiro ano da Liga, trouxe o Francisco Rothes. Não uso muito redes sociais, mas vou percebendo que há treinadores portugueses por cá, noutras ligas.

Falemos da Seleção de Sub20 femininos: Matosinhos 2025 não trouxe a permanência na Divisão A. Entre outras, não contaste com a Clara Silva, que vinha do Mundial Sub19. Que balanço fazes?

Ainda não me passou. Ficou-me atravessado. Não por perder, mas por ser a Seleção, que é maior do que o resto. Tínhamos um grupo de jovens que se esforçou muito para ficar na Divisão A. Foi um ano espetacular para Portugal, com os EuroBaskets masculino e feminino, e o Mundial Sub19 e os Sub20 na Divisão A. A preparação foi difícil porque não tínhamos muitas atletas disponíveis; não foi só a Clara. Perdemos também a Fatu (Fatumata Djaló), um problema grande. É líder em campo e lidera pelo exemplo. Depois disto tudo, o último jogo foi com a França. Se me dissessem no início que o último jogo seria com a França, pensava que seria final ou 3.º/4.º. Perdemos por poucos. A três minutos do fim estávamos no jogo, a França nervosa, depois fizemos disparates e elas fugiram. Quando começa a correr mal, às vezes corre mesmo. Subir nunca é fácil. Espero que a Sub20 e as outras voltem o mais rapidamente possível à Divisão A.

As Sub20 são antecâmara da Seleção A. Tens uma articulação próxima com o Ricardo Vasconcelos. Como funciona essa ponte, pensando que há jogadoras da A com 35, 36, 37 anos e a renovação será inevitável?

Desde que estou nas Sub20, o nosso jogo, conceitos e filosofia são completamente baseados na Seleção A, adaptados ao perfil das jogadoras. Quatro ou cinco coisas que usamos são iguais. Trabalhamos para que a entrada nas seniores seja o mais serena e fácil possível. Houve muitos verões em que fazia Sub20 e, quando havia estágio da A, estava muito focado nas que chegavam da Sub20, a fazer a ponte: abrir a porta, mostrar os primeiros passos. Não é fácil entrar na Seleção sénior: há ansiedade, medo de errar. Gosto desse papel de bengala de apoio. Falamos bastante sobre as jogadoras, o que desenvolvem e o que falta. Acho que isso vai voltar a acontecer.

Olhando para Sub18 e Sub16, que sinais vês e que prioridades técnicas devem ser reforçadas para acelerar uma transição serena para Sub20 e, depois, para as séniores?

Não há Seleção sem clubes. Os clubes e treinadores têm feito um trabalho espetacular; sem eles não teríamos estas jogadoras. Nos últimos anos temos tido problemas no lançamento, e preocupa-me. Não por falta de trabalho ou entrega, mas porque, quando chegamos ao alto nível, executar àquela velocidade e intensidade é outra coisa e as percentagens não têm sido boas. A defesa individual e coletiva tem de continuar a evoluir. Sub20 é um campeonato sénior. O salto de Sub18 para Sub20 é maior do que de Sub16 para Sub18: de repente jogas contra atletas que fazem EuroLeague Women e EuroCup Women todas as semanas. A componente tática entra mais a sério, especialmente a tática coletiva defensiva, e aí há dificuldades. Talento há; depois depende do nível em que competes durante a época para estares preparado para o alto nível.

Como geres calendário e cargas entre um clube fora de Portugal e uma seleção nacional?

Tenho uma vantagem: nos últimos anos, uma equipa técnica fantástica nos Sub20, com o Pedro Dias e a Gilda Correia. Todos os fins de semana vejo muitos jogos da Liga; não vejo todos, mas vejo vários, sobretudo jogadoras com potencial para Sub20. Para baixo, o Pedro e a Gilda fazem esse trabalho. Na Seleção, há coisas que conheço bem e outras que, naturalmente, não consigo acompanhar. Depois tenho a capacidade de desligar de uma coisa e ligar a outra. Este ano acabei o Europeu Sub20 e dois dias e meio depois estava a viajar para a Alemanha. Foi o melhor que me aconteceu: o meu “melão” era grande e mudar de chip ajudou-me a recuperar. O truque é esse: ligar o chip Sub20 quando é Sub20 e o do clube quando é clube.

Quando é que tens folgas? Agora só vais ter no verão, antes do próximo ciclo de seleções?

Raramente tenho folgas. Normalmente estou sozinho nestas coisas. Tive o Francisco, que ajudou mesmo muito. De resto, em 11 épocas fora, tive adjuntos três vezes. Nunca correu muito bem: dois despediram-se a meio, porque o trabalho era muito, e o outro não tinha interesse, e eu fazia quase tudo. Acabo as épocas todo roto.

E quais são as tuas perspectivas aí no BC Marburg?

No ano passado vim com contrato em aberto: fazia a época e, até ao fim, eu podia decidir não ficar ou eles podiam decidir não ficar comigo. Em janeiro ou fevereiro já estavam a falar de renovar e eu aceitei. Vinha de estar em casa até novembro, porque nos dois anos anteriores estive no Namur (Bélgica) – num deles com a Carolina Rodrigues -, pensei que estava tudo bem, mas mudou a pessoa à frente da equipa e afinal já não era assim. Fiquei sem clube tarde. Foi por isso que vim parar aqui. O que me fez decidir em dois dias? Vou ser honesto: venho trabalhar feliz aqui. As pessoas são competentes e são boas pessoas. Não é uma estrutura ultra profissional, mas venho trabalhar tranquilo. No desporto estás sempre com a cabeça debaixo de uma “chapa”, nunca sabes quando cai. Se ainda tiveres de te chatear quando vais trabalhar, torna-se pesado. Aqui venho trabalhar feliz todos os dias. Posso sempre esperar por um melhor clube, mas, com 53 anos, estar feliz começa a ser importante.

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Nova época, mesmo orgulho: estão de regresso os Portugueses no Estrangeiro

Nova época de Basquetebol é sinónimo do regresso da rubrica onde acompanhamos os jogadores e jogadoras portuguesas que elevam Portugal além fronteiras; e neste começo de temporada já temos alguns nomes a destacar. No basquetebol feminino, Carolina Rodrigues, Margarida Junqueira, Raquel Laneiro, Josephine Filipe e Inês Ramos começaram desde cedo a mostrar o valor nacional.
No masculino, Travante Williams, Rafael Lisboa e Anthony da Silva já iniciaram também esta época.

A internacional portuguesa, Carolina Rodrigues voou da Suíça até à Hungria e já está a brilhar. Ao longo desta temporada vai representar o Szekszárd e neste arranque do campeonato tem estado em constante destaque. Em três jogos, a equipa já soma três vitórias e a base portuguesa conta com uma média de 15 pontos. Para além do campeonato húngaro, a equipa de Carolina jogou a qualificação para a Eurocup frente ao DSK Brandýs (Chéquia) onde venceram confortavelmente as duas partidas. A base portuguesa marcou 24pts, 9ast e 9res. Com este resultado, a equipa vai integrar o grupo D da competição europeia.

Inês Ramos juntou-se a Raquel Laneiro e a Josephine Filipe no Al-Qázeres, equipa que integra o segundo escalão espanhol. A internacional portuguesa é a mais recente portuguesa no estrangeiro ao fim de toda uma carreira, até agora, dedicada ao CP Esgueira. Este trio de portuguesas já realizou três jogos na LF Challenge e mostraram bem o seu valor. Retomando ainda ao iníco da época, as portuguesas venceram a Final da Copa de Extremadura e Inês Ramos foi a MVP da partida (21pts, 4rb) com 26 de valorização.

 

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Ainda em território espanhol, Margarida Junqueira terminou a primeira jornada da segunda liga dentro do top 15 de jogadoras com mais pontos, levando já 14 pontos.

Na primeira liga alemã, tivemos um duelo que colocou portuguesas frente a frente. Herner, equipa onde está atualmente Mariana Silva e Catarina Mateus (8pts, 3res, 4ast), perdeu em casa por 69-72 frente ao Marburg, equipa orientada por José Araújo. Sara Guerreiro (11pts, 3res, 1ast e 3rb) e Ana Raimundo (6pts, 2res, 5ast e 3rb) integraram o cinco inicial da equipa visitante e saíram desta difícil deslocação com o sentimento de dever cumprido.

No masculino, Travante Williams mudou-se para França e está no Le Mans, equipa que terminou a temporada 2024/2025 em 6º lugar. No início da temporada, Travante jogou a Super Cup francesa e chegou à final, onde perdeu frente ao Mónaco (79-104). Três rondas já marcaram o início do campeonato e o extremo português conta com duas vitórias, uma derrota e 26 pontos marcados.

Anthony da Silva está de regresso depois de ter estado afastado do Eurobasket devido à lesão que teve no joelho. Iniciou esta época ao serviço no Evreux Basket (equipa onde esteve na época passada) e já alinhou no cinco inicial. Na última partida esteve em evidência com 20 pontos, três assistências e três roubos de bola.

Não muito longe, viajamos para Espanha onde o base internacional Rafael Lisboa vai continuar ao serviço do Club Ourense Baloncesto, tornando-se ao fim da temporada de estreia um dos capitães de equipa. O base português foi o MVP do último jogo com 23 pontos, um ressaltos, três assistências e três roubos de bola, formando 20 de valorização. O Ourense somou a segunda vitória do campeonato frente ao CB Zamora (94-84) depois de três jogos na principal liga espanhola.

 

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Ainda em Espanha de notar a presença de dois internacionais jovens na recente Liga U. A competição sub22 já iniciou e Miguel Sousa e Erickson Teixeira encontraram-se logo na primeira jornada, com este último a sair por cima no duelo luso. Ambos os atletas estiveram no verão a representar Portugal no Europeu de sub16 e sub18 respetivamente e ambos, ainda em idade de júnior, estreiam-se assim nas competições séniores espanholas.

 

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Estatísticas individuais dos atletas portugueses:

Travante Williams (Le Mans, LNB – França)
11pts, 1rb (24min) na derrota frente ao Lyon-Villeurbanne (66-91)

5pts, 1ast, 3rb (22min) na vitória frente ao Paris (95-89)

10pts, 1rb  (22min) na vitória frente ao Dijon (91-89)

Anthony da Silva (Évreux Basket, Elite 2 – França)
20pts, 3ast, 3rb (37min) na vitória frente ao Denain (88-78)

5pts, 4ast, 6rb (35min) na derrota frente ao Hyeres-Toulon (73-93)

15pts, 10ast, 5rb (36min) na vitória frente ao CAEN (79-76)

Diogo Brito (Monbus Obradoiro, Primera FEB – Espanha)
6pts, 1ast, 2rb (18min) na vitória frente ao Gipuzkoa (96-95)

2pts, 2ast, 2rb (14min) na derrota frente ao Grupo Alega Cantabria (82-87)

5pts, 1ast (14min) na derrota frente ao Hestia Menorca (77-97)

Diogo Seixas (Clube Ourense Baloncesto, Primera FEB – Espanha)
6pts, 1ast, 1rb (12min) na vitória frente ao Palmer Basket Mallorca Palma (82-69)

Rafael Lisboa (Clube Ourense Baloncesto, Primera FEB – Espanha)
23pts, 3ast, 3rb (31min) na vitória frente ao Zamora (94-84)

6pts, 6ast (25min) na vitória frente ao Palmer Basket Mallorca Palma (82-69)

8pts, 2ast, 1rb (17min) na derrota frente ao Palmer Basket Mallorca Palma (76-87)

Francisco Amiel (Albacete, LEB Plata – Espanha)

5pts, 1ast (15min) na vitória frente ao Valle de Egues (98-67)

Tiago Teixeira (Toledo, Segunda FEB – Espanha)

10pts, 4ast (17min) na vitória frente ao Homs UE Mataro (93-79)

2pts, 2ast (20min) na derrota frente ao Valladolid (71-83)

Carolina Rodrigues (Szekszard, NB I.A – Hungria)
8pts, 7ast (32min) na vitória frente ao Vasas Akademia (91-69)

16pts, 3ast, 2rb (38min) na vitória frente ao San Giovanni (78-73) Eurocup

19pts, 3ast, 1rb (37min) na vitória frente ao Cegledi (61-51)

12pts, 6ast, 3rb (28min) na vitória frente ao Szigetszentmiklos (99-46)

15pts, 4ast, 1rb (37min) na vitória frente ao Csata TKK (75-72)

Inês Ramos (Al-Qázeres Extremadura, LF Challenge – Espanha)
14pts, 2ast (28min) na derrota frente ao Ardoi (53-85)

16pts, 5ast, 4rb (33min) na vitória frente ao Sernova Renova Canoa Real (75-66)

6pts, 4ast, 2rb (31min) na vitória frente ao Fustecma NBF Castelló (72-67)

Raquel Laneiro (Al-Qázeres Extremadura, LF Challenge – Espanha)
8pts, 6ast, 2rb (33min) na derrota frente ao Ardoi (53-85)

23pts, 3ast, 2rb (34min) na vitória frente ao Sernova Renova Canoa Real (75-66)

19pts, 5ast, 2rb (30min) na vitória frente ao Fustecma NBF Castelló (72-67)

Josephine Filipe (Al-Qázeres Extremadura, LF Challenge – Espanha)
7pts, 1ast, 2rb (26min) na derrota frente ao Ardoi (53-85)

11pts, 2ast, 2rb (27min) na vitória frente ao Sernova Renova Canoa Real (75-66)

16pts, 3ast, 1rb (31min) na vitória frente ao Fustecma NBF Castelló (72-67)

Margarida Junqueira (Magec Tías Lanzarote, LF2 – Espanha)
10pts, 1ast (30min) na derrota frente ao Dishelec 65 Viladecans (70-77)

14pts, 5ast, 4rb (32min) na derrota frente ao Spar Gran Canaria (75-79)

Carolina Cruz (Livorno, Série2 – Itália)
15pts, 4ast, 8res (28min) na vitória frente ao Costa Masnaga (94-65)

11pts, 1ast, 4rb (17min) na derrota frente ao Moncalieri (71-76)

Carolina Bernardeco (Itesal Femenino Alcorcon, LF2 – Espanha)
6pts, 4ast, 2rb (31min) na vitória frente ao Almeda (51-45 )

3pts, 2rb (34min) na vitória frente ao Segle XXI (61-52)

Eva Carregosa (Recoletas Zamora, LF Challenge – Espanha)
1pt, 1ast, 3rb (18min) na derrota frente ao Celta Zorka (78-79)

7pts, 1ast, 2rb (28min) na derrota frente ao Ardoi (71-79)

7pts, 2ast, 5rb (20min) na vitória frente ao NBF Castello (68-56)

Rita Oliveira (Valdarno, Serie A2 – Itália)
17pts, 2ast, 1rb (26min) na derrota frente ao Sanga Milano (73-74)

15pts, 1ast, 4rb (36min) na vitória frente ao San Salvatore Selargius (65-61)

Ana Raimundo (BC Marburg, 1ª Bundesliga – Alemanha)
6pts, 5ast, 2rb (21min) na vitória frente ao Herner (72-69)

6pts, 3ast, 3rb (16min) na vitória frente ao Freiburg (78-70)

8pts, 2ast, 1rb (19min) na vitória frente ao Halle (79-78)

Sara Guerreiro (BC Marburg, 1ª Bundesliga – Alemanha)
11pts, 2ast, 3rb (31min) na vitória frente ao Herner (72-69)

12pts, 1ast, 3rb (24min) na vitória frente ao Freiburg (78-70)

16pts, 2ast, 1rb (38min) na vitória frente ao Halle (79-78)

Catarina Mateus (Herner, 1ª Bundesliga – Alemanha)
7pts, 4ast, 3rb (28min) na derrota frente ao BC Marburg (69-72)

2pts, 4ast, 2rb (18min) na vitória frente ao Noerdlingen (78-70)

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AB Porto promove sessão de formação acreditada para treinadores com Jorge Araújo

A Associação de Basquetebol do Porto (AB Porto) está a promover uma sessão de formação para treinadores com o professor Jorge Araújo, figura incontornável do desporto nacional”, lê-se em nota de imprensa. Segunda-feira, dia 13 de outubro, pelas 21 horas, é  no Auditório da Casa do Desporto (IPDJ – Porto) o ponto de encontro.

A ação decorre no âmbito da Formação Continua de Treinadores 2025/2026 e é creditada pelo IPDJ para efeito de revalidação do Titulo Profissional de Treinador de Desporto.

A taxa de inscrição tem o valor de 7,50€, a liquidar por transferência bancária para NIB AB PORTO: 0007 0435 0001 0310 0000 2, conforme o questionário de inscrição, aqui.

Jorge Araújo apresenta o livro “A Herança do Treinador”

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Isabel Ribeiro dos Santos homenageada com “Prémio Formação” da CTP

“É um prémio inteiramente justo”, começa por explicar o Diretor da Escola Nacional de Basquetebol (ENB), João Cardoso, que esteve presente na passada sexta-feira no Parque dos Poetas, em Oeiras, sessão organizada pela Confederação dos Treinadores de Portugal (CTP), entidade que homenageou recentemente quatro formadores de excelência, cada um na sua respetiva área. E a “nossa” Isabel Ribeiro dos Santos venceu o Prémio Formação, que homenageia o trabalho desenvolvido ao nível dos escalões de formação com impacto no desenvolvimento regional/nacional na sua modalidade, apresentando um comportamento ético e de responsabilidade social reconhecido pelos pares, como se lê em nota de imprensa.

“Se há personalidade no Basquetebol que merece este reconhecimento, é a prof. Isabel Ribeiro dos Santos. Falar sobre Isabel Ribeiro dos Santos é falar de Basquetebol de formação, é falar do trabalho sistemático e continuado em prol do Basquetebol”, acredita João Cardoso.

E acrescenta: “É provavelmente a maior referência do Basquetebol de formação no que ao feminino diz respeito. Foi de inteira justiça a Associação Nacional de Treinadores de Basquetebol (ANTB) ter-se lembrado de nomear a professora Isabel Ribeiro dos Santos. É um reconhecimento entre muitos outros e todos são poucos para valorizar uma carreira tão duradora e valiosa”.

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Muito mais do que tática: o dia para celebrar quem guia e transforma atletas

O dia 25 de setembro assinala o Dia do Treinador, uma data simbólica que serve para celebrar e enaltecer uma das profissões mais nobres do desporto. Ser treinador é muito mais do que ensinar questões técnicas ou táticas de uma modalidade, é ser líder, exemplo, modelo e referência para todos aqueles com quem convive diariamente, sejam atletas, colegas treinadores, árbitros, dirigentes ou famílias.

Para João Cardoso, Diretor da Escola Nacional de Basquetebol, o maior desafio da profissão é precisamente perceber que existem vários desafios pela frente. O treinador assume um compromisso de enorme responsabilidade no desenvolvimento dos atletas com quem trabalha e, por isso, deve ser persistente, focado e investir continuamente na sua formação, para se tornar melhor todos os dias e assim ajudar também os seus atletas a evoluírem. É por isso que, mais do que uma celebração anual, todos os dias deviam ser vistos como “Dias do Treinador”, pois é diariamente que exercem a sua missão.

Também Nuno Manaia, Diretor Técnico Nacional da FPB, reforça a importância do papel dos treinadores ao recordar que são eles quem pensa e executa o trabalho de desenvolvimento dos atletas e que, quanto melhores forem os treinadores, melhores serão também os atletas. Sublinha ainda a necessidade de manterem a paixão pelo treino e pelo desenvolvimento, de procurarem constantemente formação e informação, de partilharem conhecimento com outros colegas e de encararem as dúvidas e incertezas como parte do processo, que acaba sempre por trazer muitas aprendizagens e conquistas.

Neste Dia do Treinador, a Federação Portuguesa de Basquetebol reconhece e agradece a todos os que, com dedicação e paixão, contribuem para o crescimento dos atletas e da modalidade.

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Dinis Amaral: “A idade não é um posto”

Aos 28 anos, Dinis Amaral inicia a segunda época como adjunto do ALM Évreux, na ProB francesa, depois de concluir o FECC, a maior certificação da Europa. Em miúdo, saía da secretaria da Ovarense para o gabinete do professor Jorge Araújo para ver cassetes, hoje troca ideias com Tuomas Iisalo sobre filosofia de jogo. Entre um papel de adjunto com responsabilidades de principal, a aprendizagem do ano histórico no Galomar e as diferenças estruturais que encontrou em França, o treinador fala de liderança e ambição: competir nas provas europeias a curto prazo e, um dia, chegar à NBA.

Preparado para mais uma época no Évreux?

Sim, a experiência do primeiro ano foi muito positiva. A experiência no estrangeiro também acabou por ser muito positiva e, apesar de a realidade do clube não ser das melhores numa divisão tão forte, fiquei motivado pelo facto de o clube me querer de volta. Já conheço um bocadinho os cantos à casa e, sobretudo, o projeto que têm para mim é de me fazer crescer. Por isso foi fácil aceitar e decidir cedo, e permitiu-me ir para o verão com as coisas claras na cabeça; isso ajudou-me bastante.

 

Que aprendizagens retiraste do teu primeiro ano?

Sobretudo fora do basquetebol, porque o nível é elevado, sem dúvida. O jogador francês é fisicamente muito mais disponível do que o jogador português da primeira divisão. No entanto, o que mais me marcou foi o dia-a-dia do clube: a quantidade de dirigentes com quem tens de lidar para tratar de diversos assuntos é algo que não existe em Portugal. Antes, a comunicação estava muito reduzida ao diretor desportivo e aos jogadores; agora tens de falar com o diretor de marketing, com o responsável pelos parceiros, com toda a gente. É uma realidade quase de clube de futebol em Portugal, e encontrar isso numa segunda divisão foi fantástico. Nesse aspeto cresci muito, porque até então tinha-me focado só no basquete e em resolver os problemas dentro do campo. Agora abri um bocadinho os horizontes a essa vertente.

 

Portanto, dirias que a principal diferença que encontraste foi em termos de estrutura?

Sim, sem dúvida. É claro que, a nível de qualidade, teres mais dinheiro e orçamentos maiores permite contratar jogadores melhores e o jogo acaba por ser também de maior qualidade. Estamos a falar de uma liga em que tens americanos que passaram por Portugal, foram campeões e agora aqui têm papéis quase secundários. Jogámos, por exemplo, contra Sean Willett, que foi MVP há uns anos na Liga portuguesa, e este ano vêm jogadores como Marvin Clark, que jogou no Porto e no Sporting. A nível de jogadores, é claramente superior, mas a nível estrutural não tem comparação. Em França, a liga gere tudo: tens de apresentar os orçamentos antes da época começar e só se houver condições é que o clube cumpre os requisitos e fica nas divisões profissionais. Isso ajuda a aumentar o espetáculo e simplifica o teu dia-a-dia; a tua tarefa é mais focada, não tens de acumular duas ou três funções. Ao mesmo tempo, há muito mais pessoas a trabalhar ao serviço do clube e tens de lidar com elas diariamente.

 

E como é o teu dia-a-dia no Évreux? De manhã à noite, como se organiza?

Tenho a sorte e o azar de estar sozinho aqui, longe de família e amigos, então dedico 24 horas ao basquete. Um dia normal começa de manhã com o grande bloco: vídeo, musculação, preparação individual pré-treino — estou no pavilhão nessa altura. Depois há treino coletivo com a equipa, sempre preparado no dia anterior ou no início da semana. No final, fazemos trabalho individual extra e reunião de treinadores para analisar o que correu bem, o que temos de melhorar, o que é urgente trabalhar no dia seguinte. Definimos também conversas individuais com os jogadores: uns precisam de apoio porque não estão na melhor forma mental, outros precisam de ser trazidos de volta à realidade e ligados à equipa.

À tarde, entre o treino da manhã e o treino individual, mais direcionado para aspetos técnicos e físicos, há o trabalho de vídeo. Nesta fase de pré-época ainda não temos scouting de outras equipas, fazemos scouting dos nossos treinos. Todos os pavilhões têm câmaras integradas, por isso vês tudo: cortas, analisamos melhorias defensivas, ofensivas e individuais. Esse trabalho é feito antes do treino da tarde, que inclui sessões de grupos de dois ou três atletas — postes, extremos, etc. No fim do dia, preparas o treino seguinte e fazes vídeo. Há sempre trabalho; se estiveres parado é que estás mal.

 

Notas diferença na importância do papel do adjunto em França, comparando com Portugal?

Conheço duas realidades de adjunto em França, não posso generalizar, mas para mim foi espetacular. Vim de treinar a Liga como treinador principal e podia pensar que o papel seria menor numa segunda divisão. Antes de vir, fui ao Nanterre ver os treinos do Philippe (da Silva) e do Pascal Donnadieu, uma grande figura do basquetebol francês, e percebi que o Philippe, como adjunto, coordenava todo o scouting, liderava treinos, era responsável pelo treino individual — tinha funções idênticas às que eu tinha em Portugal.

Quando falei com o treinador principal de Évreux, ele disse-me: “Sei que eras treinador principal, mas quero que venhas para aqui com responsabilidade. Não é para estares de bola debaixo do braço sem fazer nada, quero que tenhas responsabilidade”. Gostei da ideia, já conhecia o nível da liga e pareceu-me o sítio certo para começar no estrangeiro.

Cheguei mais tarde por causa do Europeu de Sub-16, na Macedónia, e inicialmente procurava o meu espaço. Mas o treinador deixou claro: “É para fazeres”. Aos poucos fui percebendo que queria mesmo que eu fizesse. O meu dia-a-dia aqui e no Galomar, há dois ou três anos, são praticamente iguais, e isso é perfeito porque tenho o mesmo nível de responsabilidade. Claro que há diferenças: estar à frente dos jogadores obriga a falar mais, mas em termos de responsabilidade estou muito contente. A relação é muito boa e a confiança dele no meu trabalho é incrível. A realidade que conheço do adjunto em França é a do Philippe no Nanterre, e o meu papel não é muito diferente do dele.

 

Por falar em Philippe, falei com ele há pouco tempo e disse que o teu trabalho no Évreux tinha impressionado outros treinadores. Como recebeste esses elogios?

Cresci a ver o basquetebol português e a seleção; quando Portugal foi ao EuroBasket há 14 anos o Philippe era o base dessa equipa. Eu era pequenino e vi esses jogadores a jogar. Ter um desses jogadores, por quem tenho grande admiração, a dizer essas coisas sobre o meu trabalho deixa-me muito contente. Não te consigo descrever.

O Philippe estava a treinar o Nanterre no ano passado, numa época complicada. Ele tinha o jogo sempre ao sábado e os nossos eram à sexta; estamos a cerca de uma hora e meia de Nanterre. Se não veio ver todos, esteve em quase todos os jogos em casa. Tinha o filho na equipa, sim, mas no fim dos jogos vinha ter connosco: “Vocês têm de fazer isto, têm de fazer aquilo. Muito bem ali, muito bem aqui”.

Para mim, que sempre tive a sorte de estar acompanhado por jogadores de alto nível, ter isto no ouvido na primeira vez que saio de Portugal é espetacular. Mostra, em primeiro lugar, a pessoa que o Philippe é e, em segundo, o que ele é como treinador, pela forma como quer ajudar os outros. Não lhe posso pagar o que tem feito por mim.

 

“Pagas”, de certa forma, porque trabalhas com o Anthony da Silva todos os dias. Dá para falar português com ele?

É verdade. Quando cheguei, só falava inglês; francês, mais ou menos. Perguntei: “Como é que vou fazer aqui?” E disseram: “Não te preocupes, falamos inglês para ti”. Mas na primeira reunião com os dirigentes tudo foi em francês. Tive de me desenrascar: Duolingo, novelas francesas, tudo para melhorar.

Nos treinos, ter o Anthony a falar português comigo foi espetacular. Estás preso a uma língua estrangeira, mas quando tens alguém que te percebe verdadeiramente na tua, é diferente. Dá-te uma naturalidade na voz: “Let’s go, guys… Tony, f***-**, corre, c******!” É diferente. No fim da época já tinha muitos jogadores a falar português; as asneiras que digo em português eles já as sabiam.

 

Este verão concluíste o FECC, o maior nível de certificação que existe na Europa. O que significou para ti concluir esta certificação de três anos e, por outro lado, como foi ser distinguido como o melhor da turma?

Significa muito para mim porque valorizo muito a minha formação como treinador. A formação académica que tenho — relações internacionais, política internacional, economia internacional, direito internacional — não tem nada a ver com basquetebol. Portanto, a formação que dediquei ao basquete valorizo muito, porque foram muitas horas extra desde novo.

Em primeiro lugar, ter sido escolhido pela Federação para este curso significou muito, porque é exclusivo: há muitas pessoas que querem fazer e não há lugar para todos. Ser escolhido foi um primeiro orgulho e senti que tinha de aproveitar ao máximo a experiência, independentemente de ser boa ou má.

Quando chego lá, estamos constantemente em contacto com Pablo Laso, Andrea Trinchieri, Erdem Can, Marco Ramondino, Nenad Trunić… referências. Ter a abertura de falar com eles como nós estamos a falar agora é espetacular. Mais do que os ensinamentos, são as histórias do dia a dia que valorizo. Por exemplo, o Nenad Trunić contava: “Tínhamos o playbook com 30 páginas e dávamos ao Aleksandar Abramoović. Ele lia tudo e no dia seguinte sabia todas as posições e corrigia os jogadores. Fazes o mesmo ao Teodosić, dás-lhe 30 páginas, ele enrola os papéis, faz cigarros e deita fora, nem olha.” Ouvir estas histórias de alguém com quem cresceste a ver jogar é espetacular.

E, por fim, ter essas pessoas todas a dizerem-te que és bom naquilo em que tens apostado nos últimos anos é muito bom. Posso dizer que foi uma boa experiência e fiquei muito contente.

 

Durante a tua carreira foste muitas vezes o mais novo da sala. Nesse curso eras também o mais novo dos quase cinquenta que estavam a tirar a formação?

Há muitos países que enviam os treinadores das seleções mais jovens, 15 ou 16 anos, por isso tens muita malta nova. O Bernardo (Pires), que também foi, é novo. Mas, por exemplo, o treinador que foi de Espanha era o que subiu de divisão com o Girona quando o Marc Gasol era jogador — foi ele o escolhido.

Tens um bocadinho de tudo: treinadores altamente referenciados com carreiras feitas, como o treinador húngaro que ganhou a Euroliga feminina há dois anos, e treinadores de países como Gibraltar, Luxemburgo ou Azerbaijão, que estão a começar e que os seus países querem que sejam os futuros selecionadores. Mas sim, tenho sido o mais novo até aqui, é verdade. Corre atrás de mim.

 

Ao longo destes três anos em que fizeste o FECC, tiveste de fazer grandes sacrifícios pessoais. O curso é difícil e ocupou os teus últimos três verões.

Sim. Sacrifícios pessoais e sobretudo profissionais, que acabam por ser pessoais. O primeiro ano fomos para a Macedónia durante o Europeu de Sub-16, que terminava a meio de agosto, e era a primeira vez que eu e o Bernardo íamos ser treinadores principais na Liga Masculina Portuguesa. Estávamos no mesmo quarto: fazíamos os trabalhos para passar as disciplinas e, cinco minutos depois, ele ia lá fora falar com um agente; depois eu ia lá fora falar com outro.

A nível profissional teve impactos. Este ano, por exemplo, o curso decorreu durante o Europeu de Sub-20 e, como a minha época em França começava mais cedo, não tive oportunidade de estar nas seleções nacionais. Houve sacrifícios: passo dez meses fora e nos dois meses em casa estou a fazer isto. A minha mulher dá cabo de mim… está sempre a falar! (risos)

 

Na tua estreia na Liga, o Galomar subiu numa promoção histórica, por teres sido o treinador mais novo de sempre a orientar na competição. Que memórias tens desse ano de conquista da Proliga e da subida? Qual foi a chave do sucesso?

A chave do sucesso foi o grupo que conseguimos criar. Unimo-nos pela missão de lutar contra todas as adversidades — é um cliché, mas é a verdade. Todos os jogadores tinham algo a provar, e eu também.

Desde os nacionais que vieram comigo, como o João Gallina e o Jeremias Manjate, que vinham de uma época difícil no Guimarães por não terem jogado muitos minutos, até aos estrangeiros: um rookie que vinha de uma lesão grave e que antes estava referenciado para o draft; o William Loyd, que este ano esteve na Liga com o Vitória de Guimarães, mas que vinha da segunda divisão da Finlândia, onde lhe disseram que nunca poderia jogar basquetebol e que dali a dois anos já não teria carreira… juntou-se um grupo de pessoas com algo a provar.

As condições eram difíceis — estar sozinho numa ilha, fazer viagens de avião no próprio dia do jogo para chegar em cima da hora — mas quando tens esta mentalidade, arregaças as mangas e trabalhas. Do ano da Proliga guardo memórias muito boas.

Do ano da Liga posso dizer que foi um ano de muita aprendizagem, sobretudo fora do campo. Sempre fui sereno, nunca fui aquele treinador que diz “sou mais novo, tenho de aproveitar” e se deixa levar pela euforia. Foquei-me no basquetebol e, como tínhamos um grupo muito bom de jogadores, trabalhei muito nisso. Mas quando chegas a um nível em que tens de controlar muitas outras coisas além do jogo, tens de dar importância a essas matérias, rodear-te de pessoas de confiança e saber delegar.

Foi um ano duro porque, quando chegas à Liga pela primeira vez, é tudo ainda um sonho e queres ter uma boa época para te confirmar entre a elite. Quando não tens a oportunidade de completar o teu trabalho, custa. Mas ficou-me algo que o Pablo Laso disse no FECC: “Para seres um bom treinador, tens de ser despedido.” Disse isso logo no início. (risos) Se calhar vinha de ser despedido do Bayern, não sei. Mas ficou comigo. No segundo ano cresci muito por causa disso.

 

No contexto atual, com a carreira pela frente, preferes consolidar uma trajetória internacional. Mas regressar à Liga como treinador principal é um objetivo para ti?

Já tive oportunidade de ser convidado para voltar a treinar a Liga. O momento em que recebi esse convite agora foi completamente diferente do primeiro. Vir para aqui abriu-me portas para sonhar diferente, não mais alto, mas diferente. Com estas experiências consigo redefinir muito melhor a minha carreira.

Posso dizer que gostava, num futuro, de treinar a Liga Portuguesa. O maior orgulho que tenho é representar o meu país e a minha seleção, e poder fazê-lo perto da minha família, que sempre me apoiou, é a coisa que mais quero. Infelizmente, estando longe, nem sempre conseguem estar presentes, apesar de virem muitas vezes.

Mas redefini os meus objetivos a curto e médio prazo. Neste momento sinto que posso estar a desenhar algo diferente no estrangeiro. Para já é essa a resposta; daqui a dois, três anos, um ano ou um mês, logo se vê.

 

Cresceste e formaste-te na Ovarense. Quando percebeste que tinhas mais futuro agarrado à prancheta do que à bola?

As minhas respostas são sempre um bocado políticas. Posso contar a versão mais caricata e a versão mais verdadeira.

A caricata: a minha mãe trabalhava na secretaria da Ovarense, era administrativa, e eu, em vez de ir para o infantário, preferia ir para o pavilhão com ela, no Raimundo Rodrigues. Nos anos 2000 eu tinha 3 ou 4 anos e o treinador da Ovarense era o professor Jorge Araújo. Ele estava sempre no pavilhão e, quando passava pela secretaria e me via, dizia: “O que estás aqui a fazer? Anda comigo.” Levava-me para o gabinete, punha as cassetes dos jogos para fazer scouting e ficávamos os dois a ver. Eu tinha quatro anos, não percebia nada de basquete, mas via os vídeos com ele a explicar: “Olha aqui, eles fazem isto, fazem aquilo.” A minha mãe diz que ele já sabia que eu ia ser treinador — é a versão dela, e eu gosto de contar.

A mais verdadeira: não fui abençoado com as melhores capacidades físicas e atléticas, mas sempre tive uma paixão enorme pelo jogo e queria ser profissional de basquetebol. Aos 12, 13 anos, comecei a treinar jogadores mais pequenos e gostava de ensinar. Quando percebi que como jogador seria complicado, mudei a mentalidade para ser o melhor treinador possível e chegar ao nível profissional. Com sorte, até agora tem corrido bem.

 

Passaste também como adjunto na Ovarense, com o Nuno Manarte e o Pedro Nuno. Que aprendizagens retiraste desse período?

Cresci a ver essa malta toda a treinar e a jogar; eram ídolos para mim. Estar a assistir a um treino e ver o Nuno Manarte, o Jaime Silva, o André Pinto, o Pedro Nuno… e, uns anos depois, estar sentado na mesma mesa com eles e ouvir: “Então, o que achas que devíamos fazer aqui neste bloqueio direto?” Para mim é espetacular; não dou nada disso como garantido. Nas primeiras vezes sentia ansiedade, porque eram as pessoas que cresci a ver jogar.

A aprendizagem foi muita. Estávamos num período menos bom na Ovarense, com problemas financeiros, e sobretudo no tempo do Covid foi complicado. Fui adjunto de quatro treinadores diferentes em Portugal e apanhei um bocadinho de cada um. O Nuno Manarte, atual adjunto da Seleção Nacional, a nível de metodologia de trabalho, conhecimento do jogo e dedicação, é dos melhores. Começar como adjunto dele foi muito bom. Ele é daqueles que passa horas ao computador a ver jogos e a fazer scouting. Nos primeiros tempos eu sentava-me ao lado dele só a observar; pedia: “Posso estar aqui ao teu lado sem falar? Só quero ver”. Só nisso aprendi muito.

Quando chega o Pedro Nuno, a meio de uma época conturbada, tens uma abordagem diferente: alguém formado no mesmo sítio mas com experiências noutros clubes. Um estilo de liderança distinto, uma forma de levar os jogadores ao limite e de mudar a mentalidade da equipa a meio da época — algo difícil quando tens uma dinâmica negativa. Num ano tive o equivalente a quatro ou cinco anos de aprendizagem.

E a mesma coisa aconteceu no Vitória. Quando fui para lá estava a trabalhar com o Carlos Fechas e, a meio da época, entrou o Miguel Miranda. Ter dois anos com quatro treinadores que foram referências como jogadores e também como treinadores foi muito bom; decisivo no meu processo de construir a minha própria filosofia.

 

Já falámos da tua idade. Alguma vez sentiste que foi ou é um entrave? Como lidas com a perceção de seres um miúdo?

Acho que a idade não importa se o teu conhecimento do trabalho, a tua postura e a forma de te relacionares com os outros forem profissionais. Se fores profissional nessas coisas, a idade não interessa. Há maus profissionais com 70 anos e bons profissionais com 20 ou 25.

A idade já foi desculpa para não ter algumas coisas, sim, já foi — posso dizer claramente. Mas acredito que, se fores profissional em tudo o que fazes todos os dias, a idade acaba por ser menos relevante. Agora, passar pelas coisas a primeira vez e depois na segunda é diferente — isso que chamam experiência existe, e respeito muito isso. Mas, para fazer um bom trabalho, acho que não é um fator decisivo. Tenho tentado contrariar essa ideia durante a minha carreira; talvez daqui a 20 anos diga que faz diferença, mas agora luto contra isso. A idade não é um posto.

 

Treinaste certamente equipas em que muitos jogadores eram mais velhos do que tu e provavelmente olhavam de lado no início: “O que é que este miúdo me vai ensinar?” Sentiste alguma vez esses olhares no arranque das épocas?

Claro, todas as vezes. Sempre que entro num pavilhão, seja para dar um treino, um clinic ou uma palestra, para além de ser novo sou pequeno. A malta diz: “Ah, és tu? Pensava que eras o fisioterapeuta.” Só quando falas e mostras aquilo que construíste é que ganhas respeito.

No primeiro ano no Galomar tinha 25 anos e o meu capitão era o Edson Rosário, que tinha 42 anos — idade quase para ser meu pai. A primeira vez que me apertou a mão senti que pensava: “Mandam para aqui um puto…” Posso dizer que foi o primeiro, durante os treinos, a defender-me em qualquer momento de conflito, a fazer respeitar e cumprir o que eu queria. Porque a honestidade transcende a experiência. Se fores honesto e profissional, eles seguem-te. É a forma como passas a mensagem, não apenas o que queres passar; é como consegues passar. Isso é o mais importante.

 

Já falaste em trabalho, honestidade e transparência. São palavras que te descrevem como treinador? Que outras usarias?

Gosto da ideia de sonhador. É uma coisa muito Disney e eu estou aqui em França… Gosto de fazer alguém acreditar que consegue fazer algo em que não acreditava. Quando consegues, sentes-te muito bem.

Se aplicares isso ao teu trabalho — não és a equipa com melhor orçamento mas sonhas estar entre a elite; não és um treinador de referência porque és novo e vens de um país maioritariamente conhecido pelo futebol mas, de repente, estás dentro da elite — gosto dessa ideia.

E, sem dúvida, o trabalho: sonhar sem meter as horas necessárias e fazer os sacrifícios necessários, como ir para longe da tua família ou trabalhar 26 horas por dia nas 24 que tens, não chega. Diria que sou sonhador e trabalhador.

 

Passaste pelas seleções nacionais jovens. Que diferenças notas entre os jovens portugueses e os franceses no processo de formação?

São países em momentos completamente diferentes. A própria França está num patamar distinto do que há 15 anos. O Tony Parker, antes do Wembanyama, foi incrível, o Nicolas Batum também, e contribuíram para o momento de formação que o país vive.

Aqui, o dinheiro e o investimento fazem diferença. Existe muito a cultura de “cheguei até aqui, quero retribuir à minha comunidade; vou criar uma academia, um centro onde os jovens da minha terra possam melhorar”. Isso em Portugal ainda não acontece tanto. Quanto mais pessoas tiveres a treinar ao mesmo nível, mais jogadores vão sair desse trabalho.

Fisicamente, um atleta francês de 15 anos é diferente. Dou um exemplo: o Miguel Sousa, que acabou agora o Europeu de Sub-16 e joga no Valencia, é um talento incrível e vai dar que falar. Mas o perfil físico do Miguel, aqui em França, num treino do sub-18 do Évreux, é apenas “mais um”. Em Portugal ele é a grande esperança; aqui seria só mais um. Isso vem dos centros de formação, da quantidade de estruturas, de olhos e treinadores a observar. A matéria-prima está muito mais acessível.

 

E trabalhar nas seleções nacionais é algo que gostas e queres continuar a fazer?

Adoro. Fiquei triste por não poder estar este verão. É algo que quero fazer sempre que houver oportunidade. Representar o país é um privilégio que poucos têm. Estás a fazer o que gostas, a tua profissão, a representar Portugal e a tentar que seja melhor no basquetebol. É uma combinação difícil de recusar, a não ser por razões que ultrapassem esse sentimento. Estás a cantar o hino antes de um jogo para representar a seleção — é indescritível. Quanto mais vezes puder, vou fazê-lo.

 

Há vários treinadores jovens a cimentar posição na Europa e até na NBA. Quem são as tuas grandes referências neste momento?

Adoro ouvir todos os treinadores e todos os estilos. Gosto de Pablo Laso, Ergin Ataman, Trinchieri pela personalidade. Mas sei que nunca serei igual a eles; não pelo nível que atingiram, mas pelo perfil.

Entre as minhas maiores referências está o Philippe da Silva. Não só como treinador, mas também pela filosofia de jogo: ritmo rápido, posses curtas, pressão em todo o campo, muito orientado para o bloqueio direto e sempre focado na tua equipa mais do que na adversária. É também a minha filosofia.

Outra referência é o Tuomas Iisalo. Quando saí do Galomar tive tempo para ver mais basquete e já acompanhava o trabalho dele no Bonn. Quando ele chega a França, e ao visitar o Philippe, vi que iam jogar contra o Paris Basket e tive acesso ao scouting. Investi muito a estudar e decidi enviar-lhe uma mensagem no LinkedIn. Fiz-lhe uma pergunta sobre o ataque orientado ao TJ Shorts, se tinha alternativa quando ele não estava. Pensei que não ia responder. Mas ele respondeu com um vídeo dos White Stripes, em que o vocalista explicava que, quando queria fazer uma música, fechava-se com uma palheta, uma caneta e uma folha e só saía quando encontrava a solução. E acrescentou: “Mais do que procurar uma alternativa, procuras sempre a cura para o teu vírus e vais moldando a tua filosofia.” Para mim, um treinador que estava a lutar pela EuroCup perder tempo a responder a alguém de Portugal mostra o tipo de pessoa que é. Identifico-me muito com ele.

Na NBA, destaco o Brad Stevens. Pela postura e pelo que fez, foi revolucionário, porque na altura não havia treinadores jovens. Para mim, foi uma referência. E gosto muito de treinadores como o Taylor Jenkins nos Memphis Grizzlies. Mas as minhas referências principais são estas.

 

Disseste há pouco que hoje em dia tens mais facilidade em desenhar o que pretendes da tua carreira a curto e médio prazo. Quais são esses objetivos?

Não tenho problemas em dizer os meus objetivos. Quando era mais novo, dizia que queria chegar à equipa sénior da Ovarense; quando cheguei à equipa sénior, disse que queria ser treinador principal; quando fui treinador principal, disse que queria ser treinador da Liga; quando fui treinador da Liga, mesmo antes de sair do Galomar, disse que queria ir para o estrangeiro.

A curto prazo posso dizer que quero treinar uma equipa que esteja em competições europeias, quero conhecer o dia-a-dia de uma equipa que joga provas europeias. Gostava de o fazer como treinador principal. Se surgir a oportunidade, vou fazê-lo; se tiver de caminhar para chegar lá de forma mais sustentada, farei isso.

A longo prazo, o objetivo é o mesmo da maior parte dos miúdos que começam a jogar basquete: quando era criança via a NBA, e o meu sonho é um dia poder chegar à NBA. Não como jogador — não tenho altura nem qualidade para isso — mas se um dia puder treinar uma equipa da NBA, seria o topo, o último patamar.


Curso de Treinadores de Grau 2 termina hoje com destaque para a crescente presença feminina no basquetebol

Chega hoje ao fim, esta quinta-feira, o Curso de Treinadores de Grau 2 iniciado a 23 de julho,  uma formação que reafirma o compromisso com a qualificação técnica no basquetebol nacional e marca uma tendência clara de mudança: a crescente participação feminina.

Nesta edição, o curso contou com dois polos em regime de internato, reunindo um total de 45 formandos. Em Viseu estiveram presentes 23 participantes e Setúbal contou com 22 pessoas inscritas. Os formandos ficam agora aptos a orientar equipas Sub16, Sub18 e seniores das CN1 e CN2.

Para João Cardoso, Diretor da Escola Nacional de Basquetebol, “É de sublinhar o importante apoio da FPB, através da medida Impulso Feminino, que tem incentivado de forma clara a participação de mais treinadoras nos cursos de Grau II e Grau III, proporcionando condições especiais de acesso que têm feito a diferença”.

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Curso de Treinadores de Grau 2 arranca em Setúbal com forte adesão feminina

Esta quarta-feira, 23 de julho, arrancou em Setúbal um novo Curso de Treinadores de Grau 2, com um total de treze mulheres e nove homens inscritos. Esta é uma distribuição que reflete o crescimento expressivo da participação feminina no setor técnico da modalidade.

Este curso conta com formandos oriundos de diferentes zonas do país, incluindo o Porto, Lisboa e Portimão, o que demonstra o alcance nacional da formação e o compromisso destes futuros treinadores com o desenvolvimento do basquetebol.

O Curso de Grau 2 é considerado um dos mais completo no âmbito da formação de treinadores, abordando temas como fundamentos ofensivos e defensivos, metodologia do treino, ética no desporto, e estratégias coletivas e individuais. Após a conclusão, os formandos ficam habilitados a orientar equipas Sub16, Sub18 e seniores das CN1 e CN2.

Esta edição reforça o que já se sente em campo: uma maior presença do impulso feminino no basquetebol português com mais mulheres a assumir papéis de liderança e responsabilidade técnica.

Organizado pela Federação Portuguesa de Basquetebol, em colaboração com a Associação de Basquetebol de Setúbal, este curso é mais do que um passo na formação sendo um sinal claro de evolução e mudança no basquetebol nacional.

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Curso de Treinadores Grau III da ENB/FPB em Aveiro

Chega ao fim a primeira semana de trabalhos do Curso de Treinadores de Grau III, promovido pela Escola Nacional de Basquetebol (ENB) em colaboração com a Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB), que está a decorrer em Aveiro.

Ao longo destes dias, os formandos viveram uma semana  marcada por um ritmo intenso e pela presença de diversos formadores que, nas mais variadas áreas, contribuíram com conhecimento técnico e pedagógico essencial para a formação dos futuros treinadores de Grau III.

Os participantes demonstraram um elevado compromisso, mantendo-se concentrados e dedicados, mesmo perante o cansaço natural de uma agenda exigente.

O curso entra agora numa breve pausa para permitir a participação no Clínic da ANTB. A retoma dos trabalhos está marcada para hoje, segunda-feira, dia 14 de julho, com os formandos a prepararem-se para a fase final do curso, que culminará com a avaliação final agendada para o dia 17 de julho.

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Liliana Dias no podcast SerMinibasquete: “Mudou o paradigma daquilo que é a Festa de Paços de Ferreira”

É hoje que regressa a Paços de Ferreira a Festa Nacional do Minibasquete, que chega à sua 13.ª edição. Por isso, só faz sentido destacar no podcast SerMinibasquete a conversa com a treinadora Liliana Dias (à direita na foto de capa), diretora e treinadora na Associação Juvenil do Clube Operário Desportivo, e também coordenadora do Minibasquete na Associação de Basquetebol de São Miguel, Açores.

Num episódio que foca nas diferenças de realidade existentes entre Portugal continental e ilhas, falou-se ainda da Festa Nacional do Minibasquete em Paços de Ferreira, o culminar da competição Sub12.

 

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Confere aqui a entrevista completa com Luís Abreu:

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FOTO DE CAPA | DR

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“Foi um jogo muito competitivo e o benfica levou a melhor”

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Miguel Maria

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