2007 e 2011: Europeus para a eternidade (parte II)

Jornalistas Luís Avelãs e Pedro Belo da Fonseca falam sobre momentos marcantes nas suas carreiras

Competições | FPB
30 ABR 2020

Luís Avelãs e Pedro Belo da Fonseca, jornalistas do Jornal “Record” e da Agência “Lusa”, respetivamente, têm duas coisas em comum: uma enorme paixão pelo basquetebol (ambos já praticaram a modalidade) e viveram de perto as participações de Portugal nos Europeus de 2007 e 2011.

Podemos dizer que Luís Avelãs é um privilegiado, pois seguiu no terreno as Seleções Nacionais em Espanha e na Lituânia. O experiente jornalista lembra todos os anos em que acompanhou Portugal, até que o sonho se tornou realidade: “Ao longo dos anos marquei presença em muitos jogos da Seleção e lembro-me de estar em várias fases iniciais de apuramento para o Europeu, concentradas, onde invariavelmente Portugal era qualificado para a segunda fase, mas em que depois, sem surpresa, não conseguia seguir em frente. Passou muito tempo, mas a verdade é que esse desejo cumpriu-se. É sempre especial estar numa competição dessas e ver lá o nosso país”, afirma.
No Europeu de 2011 a tarefa portuguesa revelou-se mais complicada por diversos fatores, segundo Luís Avelãs: “Em 2011 a equipa tinha menos poderio atlético, alguns elemento pouco rodados ao mais alto nível, menos entrosamento, não fez uma preparação tão forte e não apareceu na sua máxima força. Ainda assim, Mário Palma conseguiu “inventar” soluções e não ficámos assim tão longe de poder ganhar jogos, nomeadamente diante da Polónia”, recorda.
Avelãs reconhece que o Europeu de 2007 foi particularmente “especial” para si, visto que acompanhou quase toda a preparação, e elenca os pontos fortes da turma lusitana: “A defesa aguerrida, sem receio de enfrentar os gigantes adversários, era um dos seus principais trunfos. Isso e a confiança que os jogadores adquiriram por parte do Valentyn Melnychuk, que “mexia” na cabeça dos jogadores, sem esquecer uma preparação muito bem delineada e um grupo de atletas dispostos a tudo para conseguir algo numa oportunidade que ninguém sabia se voltaria a aparecer nas suas carreiras. João Santos e “Betinho” surgiram muito bem no Europeu, mas Philippe da Silva raramente esteve ao seu melhor nível (bastaria perto do que fez na preparação para tudo ser melhor) e Sérgio Ramos pouco ou nada contou (por razões que já não interessa debater) quando ainda podia ajudar imenso”, analisa.
Igualmente em Espanha esteve Pedro Belo da Fonseca, que não esconde o entusiasmo quando relembra a quantidade de craques na grande competição: “Foi uma sensação incrível poder acompanhar a Seleção portuguesa numa fase final, junto aos melhores jogadores da Europa, a uma série de estrelas da NBA (Nowitzki, Gasol, Parker, Kirilenko, Belinelli, Calderón…), e num país que “respira” basquetebol”, refere.
O jornalista de 50 anos explica a receita do sucesso: “Penso que o segredo para o sucesso foi a união que existia entre jogadores, técnicos e também dirigentes. Portugal não tinha grandes talentos, não tinha nenhum jogador a alinhar ao mais alto nível, mas conseguiu criar um conjunto sólido, que, muito bem conduzido por Valentyn Melnychuk (a quem envio um grande abraço), acreditou que poderia surpreender e mostrar, num grande palco, que também sabia jogar basquetebol”, salienta.
Pedro Belo da Fonseca faz questão de recordar a histórica passagem à 2.ª fase, que culminaria na obtenmção do 9.º lugar: “Portugal parecia condenado à eliminação, pois era preciso que a Croácia, que tinha perdido com a Letónia, vencesse a Espanha. O jogo foi depois do de Portugal e acho que ninguém acreditava (eu tinha dito à minha mulher que ia para casa no dia seguinte…), mas o “milagre” aconteceu, com os croatas a vencerem a equipa da casa por um ponto. Portugal estava na segunda fase, em Madrid, no palco principal e, ainda mais desinibido, aproveitou para brilhar e conseguir nova grande vitória, face a Israel, com o “Betinho”, Jordão, Philippe da Silva e o João Santos em grande, entre derrotas com a Rússia e a Grécia. Melhor era impossível. Espero que um dia se repita”, deixa o desejo.
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30 ABR 2020

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