2025: um ano de ouro para o Basquetebol nacional

Em retrospetiva

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30 DEZ 2025

Véspera de ano novo. O culminar de uma semana recheada de retrospetivas. No Reino Unido canta-se “Auld Lang Syne”; aqui, começam em breve as gentes a cantar “As Janeiras”. Pelo meio, entre os dias que nos restam e os dias que estão por vir, a reflexão. Há um conceito japonês que trazemos à conversa para explicar o porquê de não termos pressa alguma em fazê-la neste ano excepcional, que não quer ser exceção: 自分史 (jibunshi).

A ideia é simples e concreta: que cada ano seja memorável, por uma ou por outra razão. Que quando pensar em 2007, me recorde automaticamente de um acontecimento, de uma meta, de uma concretização: “2007 – o ano em que fomos a Sevilha”. “2012? Claro, foi quando recebemos um Europeu em Matosinhos pela primeira vez”. Que cada ano seja memorável, construindo, peça a peça, um mapa maior de quem somos, do que fizemos e do queremos ser.

Noutra dimensão, aplicada aos meses de cada ano e não ao ano civil em si, torna-se um conceito muito semelhante às listagens cronológicas que entre-festividades invadem periodicamente o espaço digital. Entre rankings, tops e “throwbacks”, é nas vésperas do novo ano que surgem as planilhas: “Em janeiro isto, em fevereiro aquilo”, num mapa ainda maior de quem somos, do que fizemos e do que queremos ser.

E em 2025 está a ser muito difícil – quiçá impossível – escolher qual a peça que melhor se encaixa em cada um destes singulares meses.

Afinal, estes 365 dias que amanhã findam perdurarão na memória de todos os intervenientes do Basquetebol português. Daqui a 25 anos, em 2050, ninguém ficará indiferente às conquistas de 2025, que são conquistas de décadas de trabalho, acima de tudo, e que, nesses 25 anos que se seguirão já a partir desta quinta-feira, deixarão uma indelével marca nos futuros protagonistas do jogo, na massa humana que se move e se comove por esta modalidade.

Todas as listas do género primam pela inflexibilidade estética. Para quê?

VERÃO DOURADO

Foi o Women’s EuroBasket, o primeiro de sempre, em Junho. Em Brno, o coletivo liderado por Ricardo Vasconcelos estreou-se entre as melhores da Europa, depois da qualificação épica em Coimbra (já lá iremos). Face às atuais bicampeãs europeias da Bélgica, as anfitriãs checas e a seleção de Montenegro, histórico da modalidade, As Linces bateram-se de igual para igual e terminaram a fase de grupos com a primeira vitória de sempre num Europeu, frente às montenegrinas, com pompa, circunstância e um grande apoio luso nas bancadas. Fizeram história Carolina Cruz, Carolina Rodrigues, Inês Viana, Joana Soeiro, Josephine Filipe, Laura Ferreira, Lavínia da Silva, Maianca Umabano, Márcia Costa, Maria João Bettencourt, Mariana Silva e a capitã Sofia da Silva.


Foi o Mundial Sub19 Feminino, em Julho, uma participação inédita e logo com um magistral 7.º lugar entre as gigantes do globo. Agostinho Pinto, em agosto de 2024, tinha carimbado a qualificação com a melhor posição de sempre num Europeu de Sub18, no 5.º posto, e tornava-se assim o primeiro treinador a levar duas seleções a um Campeonato do Mundo de formação. O único. As Gigantes de Portugal foram Ana Pedro Marques, Clara Silva, Ema Karim, Gabriela Fernandes, Leonor Peixinho, Maria Andorinho, Magda Freira, Marta Vieira, Marta Rodrigues, Sara Rodrigues, Sofia Sousa e Rita Nazário, tendo vencido China e Nigéria na fase de grupos, Israel nos oitavos e Hungria no derradeiro jogo de qualificação.


Foi, ainda nesse mês, a conquista histórica da Seleção Nacional Sub23 de BCR, medalha de prata nos Jogos Paralímpicos da Juventude, em Istambul, na Turquia, depois do bronze de há três anos. Num dos palcos mais ilustres do BCR europeu jovem, Afonso Tavares, Diogo Ferrás, João Castro, João Trigueiros, Pedro André Gomes, Nuno Nogueira, Simão Pimenta e Tomás Amaral foram os escolhidos de Ricardo Vieira para deixar o seu nome nos livros, e o jovem Afonso Tavares saiu como MVP de todo o torneio. Ainda no BCR, no início de Agosto, a Seleção 3×3 sagrou-se 6.ª classificada no Campeonato do Mundo da categoria, a melhor classificação de sempre na prova.

 

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E foi o EuroBasket 2025, o primeiro em 14 anos, no final de Agosto e início de Setembro. O objetivo estava traçado desde o início – chegar aos oitavos. E os Linces de Mário Gomes cumpriram com excelência. Contra a Chéquia, que era 19,ª no ranking FIBA, Portugal contrariou as expetativas e venceu, abrindo caminho para, depois de enfrentar as superpotências Sérvia (2.ª), Alemanha (3.ª) e Turquia, atual 12.ª, se bater frente a uma Estónia com 5000 adeptos – e vencer, de forma épica, sem Neemias a partir de meados do 3.º quarto, com toda a equipa unida, qual epopeia em Riga. Nos oitavos, Portugal equilibrou todo o encontro frente à atual campeã, a Alemanha, tendo mesmo sido a equipa que menos pontos sofreu dos alemães neste EuroBasket, num ansiado regresso ao principal palco europeu. Os “heróis” de 2025: Cândido Sá, Diogo Brito, Diogo Gameiro, Diogo Ventura, Francisco Amarante, Miguel Queiroz, Neemias Queta, Nuno Sá, Rafael Lisboa, Travante Williams e Vlad Voytso.


E porque em Setembro ainda é verão, foi precisamente o culminar deste ano brilhante, com o último dos rankings da FIBA a sair para o público, e a comprovar o esforço hercúleo destas equipas. O coletivo feminino era 21.º na Europa e 40.º no mundo, e é agora 19.º e 38.º, respetivamente, o masculino era 27.º europeu e 56.º mundial e está agora no 25.º posto na Europa e em 47.º no Mundo. Um grande salto para ambas as Seleções, que coloca Portugal num patamar de onde não quer sair.

Acima de tudo, quatro conquistas que em muito se deveram ao trabalho desenvolvido ao longo de todo o ano. Porque, antes do verão de ouro, há duas estações. A começar pela:

PRIMAVERA DE PRATA

Abril floresceu com a Festa do Basquetebol Juvenil em Albufeira (que vai colher frutos à festa que, no início de Julho, levou quase 500 atletas de Minibasquete a Paços de Ferreira, ou ao torneio Interseleções 3×3 Sub17, em Tomar), desta vez com mais de 800 jovens atletas, à 17.ª edição de sucesso deste ex-libris da nossa formação. 3188 foram angariados no Basquetebol Solidário e AB Aveiro, AB Lisboa e AB Porto dividiram os títulos das divisões principais deste evento de formação. Formação essa que celebrou em Maio e Junho as suas fases finais nacionais, no culminar de 12 competições com mais de 300 equipas.

Juntado dois e dois: da formação floresce a competição sénior, e também em Maio e Junho chegaram ao fim as principais competições do Basquetebol nacional. A começar pelas Ligas Betclic Masculina e Feminina, onde o SL Benfica levou a melhor nos dois géneros. As águias venceram o Esgueira Aveiro em dois jogos a valer um bicampeonato e os rapazes precisaram de Jogo 4 no Dragão Arena para erguer o seu quarto troféu de campeão em quatro anos. Voltando rapidamente a Abril, de destacar os Liga Betclic Awards, que elegeram Javian Davis (ex-Imortal LUZiGÁS, atual FC Porto) e Rebecca Taylor (Basquete Barcelos HMMOTOR) como MVPs das Fases Regulares das Ligas Betclic.

Liga Betclic Awards 2025: Uma noite de celebração com emoção, reconhecimento e brilho no basquetebol português

Chegam também ao fim os campeonatos FPB, com subidas e descidas de parte a parte. Na Proliga, o SC Vasco da Gama é o grande vencedor e o SC Braga, líder da fase regular, acompanha-o para a Liga Betclic Masculina. No feminino, Sporting CP volta a subir de divisão e chega à Liga Betclic Feminina como campeão do CN 1.ª Divisão – o vice SC Coimbrões Sancho Panza acompanha-o.

Pelo meio, a primavera viu passar a Fase Final da Taça Hugo dos Santos, levantada pela UD Oliveirense, o primeiro troféu do clube desde 2020 – quando tinham vencido precisamente a Taça Hugo dos Santos. Em Gondomar, no início de Maio, a equipa de Oliveira de Azeméis venceu o Sporting CP na 1.ª eliminatória, a Ovarense Gavex nas meias-finais e o FC Porto na finalíssima, perante a grande festa dos seus adeptos.

Dois meses antes, em Março, foi em Matosinhos que se fez “a festa das Taças”. FC Porto e CRC Quinta dos Lombos foram os respetivos vencedores no masculino e feminino, com Miguel Queiroz e Maddi Utti a saírem como MVPs das finais, jogadas frente ao Sporting CP e ao SL Benfica.

2024/2025: os campeões e os vencedores

Antes disso, no início de Janeiro, o Esgueira Aveiro saiu como grande vencedor da Taça Federação. As “Bikudas” foram a Queluz vencer o SL Benfica na final da prova, abrindo o ano em grande e com bons prenúncios para a caminhada que já estavam a fazer na Liga – e que viriam a completar com a sua primeira presença de sempre na final. E em Dezembro deste ano foi o SL Benfica a vencer a Supertaça Mário Saldanha, na sua 40.ª edição, frente ao eterno rival do FC Porto. Mas aqui já entramos no âmbito do:

INVERNO DE PLATINA

“Platina (Pt) é um metal nobre, extremamente resistente à corrosão e ao calor, valorizado em joalharia pela sua durabilidade e brilho”. A descrição era condizente e não fugia à lógica dos seus antecessores no que toca a nomear estas novas estações que aqui criamos. “Nobre” povo, como escreveu Henrique Lopes de Mendonça, por certo. “Extremamente resistente à corrosão e ao calor”, sem dúvida. “Valorizado pela sua durabilidade e brilho” – e a história perdura, de facto, e, de facto, reluz. E a cereja no topo do bolo: a coincidência da química. (Pt).

Tinha de ser num inverno de platina.


Em Coimbra, no início de Fevereiro, ainda com chuva e nuvens cinzentas, o sol brilhou, com reflexos dourados de verão.

A Seleção Nacional Feminina precisava de vencer os dois jogos. Ucrânia e Sérvia. Duas “powerhouses” da modalidade. Primeiro, caiu a Ucrânia. Depois, num Mário Mexia lotado, As Linces venceram e convenceram frente à seleção que terminou no 1.º lugar do grupo, depois de 40 minutos de superação e excelência. Ricardo Vasconcelos, à data, declarou: “Não temos uma estrela, somos realmente um coletivo, e acabamos por chegar a este momento bonito e histórico”.

Duas semanas depois, numa noite fria em Riga, na Letónia, a Seleção Masculina carimbou o seu apuramento, mesmo não tendo conseguido ultrapassar Israel. Na mesma Riga onde, meses mais tarde, nesse verão de ouro, se agigantou entre os gigantes.

OUTONO DE AMETISTA

A pedra da paz e da serenidade, o “silêncio depois da tempestade”, a recolha dos frutos destes últimos 365 dias de conquistas. E que ano memorável foi este…

A poucos dias de se iniciar Outubro o projeto 3×3 BasketArt chegou aos 40 municípios albergados pelo projeto, num total de 67 campos. Número redondo para o projeto, em mais um ano de sucesso, com sete municípios alcançados.

Estreou também nesse mês o documentário “Feel the Magic: Ticha Penicheiro Against All Odds”, que enaltece uma das grandes conquistas de 2025: foi no final de Maio que Ticha Penicheiro foi consagrada como uma das melhores basquetebolistas de sempre, ao entrar no Hall of Fame da FIBA.

Os números não mentem: 0,000022%. As chances de uma rapariga nascida e criada na Figueira da Foz se tornar uma das melhores 25 jogadoras de Basquete – do mundo.

Podia haver melhor manchete para encerrar um ano de ouro?

Ticha Penicheiro entra no Hall of Fame da FIBA e faz história no basquetebol português

Que 2026 seja tão ou mais frutuoso para o Basquetebol nacional como foi 2025, são os votos da Federação Portuguesa de Basquetebol para esta reentré. A nossa modalidade está “na estrada” – e não vai parar. 


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