A chave do êxito passou pela defesa e pela exibição de Sofia Carolina
Foi uma vitória suada mas justa. As comandadas de Ricardo Vasconcelos lutaram que se fartaram, merecendo amplamente o 2º êxito da campanha europeia (fase de qualificação do EuroBasket Feminino 2015), que terminou na noite de ontem.

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26 JUN 2014
Com este triunfo Portugal terminou no 3º lugar do Grupo C, com duas vitórias em 6 jogos, relegando a Estónia para o último lugar.
A partida não começou muito bem para as nossas cores. No 1º quarto (18-19), Portugal andou sempre a correr atrás do prejuízo. O tiro exterior das forasteiras estava com a pontaria afinada (4/7 ou seja 57%), com realce para a capitã Merike Anderson (2/3), enquanto as nossas representantes valiam-se da noite-sim de Sofia Carolina que carregou com a equipa, no ataque, ao marcar 10 (5 em 8 nos duplos) dos 18 pontos de Portugal. A Estónia chegou à maior vantagem (8-16), no minuto 7, com o 1º triplo de Pirgit Püü a cair, depois de termos igualado (8-8) no minuto 4, num contra-ataque concluído por Lavínia Silva. A partir daí foi preciso muita determinação para ir reduzindo a desvantagem, gradualmente, até aos 18-18 (a 15,9 segundos da buzina), através de Sofia Carolina. Mas Püü, da linha de lance livre, fixava os 18-19.
No 2º período (8-12), Portugal baixava a eficácia nos lançamentos de campo, muito por culpa do desacerto nos tiros de 3 pontos (0/7) ao intervalo. Mas mesmo assim o seleccionado luso conseguia equilibrar as operações e chegou mesmo a passar para a frente, mais do que uma vez (22-19, 24-23 e 26-25, esta última no minuto 18). A Estónia já não conseguia fazer a selecção de lançamentos que fizera no quarto inicial, mas aproveitando algumas falhas das nossas representantes impuseram um parcial de 0-6 que recolocou a equipa forasteira de novo no comando, ao intervalo (26-31). Isto apesar de o treinador luso ter parado o cronómetro no minuto 19 (aos 26-29).
No 3º quarto (24-17) Portugal finalmente acertou o tiro exterior. De 0/7 na 1ª parte, passou para 3/11 ao cabo de 30 minutos jogados, ou seja 3/4 nos triplos neste parcial. E pasme-se quem deu o mote foi uma não especialista na matéria, precisamente a poste Sofia Carolina, logo no 1º ataque após o descanso (29-31 no minuto 21), com Luiana Livulo a empatar (31-31), à entrada do minuto 22. A 3ª falta de Carla Nascimento (ainda no minuto 22) trouxe alguma preocupação nas hostes portuguesas e logo de seguida Püü acertava a sua 2ª bomba para a poste Kast (2,01m) ampliar para 31-36, de novo 5 pontos, no minuto 24. Mas Portugal acreditava que era possível dar a volta e não baixava os braços. Daniela Domingues convertia o seu 1º triplo (34-36) enquanto a Estónia não desarmava e mantinha-se na liderança. Duas jogadas de 2+1, da autoria da capitã Anderson (34-39 e 38-42), não permitiam que as lusas encostassem o resultado. Até que Daniela Domingues acerta a sua 2ª bomba da noite (45-46), no minuto 28 e segundos decorridos foi Carla Nascimento que da linha de lance livre igualava (46-46). As pupilas de Ricardo Vasconcelos ainda voltavam de novo ao comando, através de 2 lances livres de Mª João Correia (48-48), já no minuto 30 e de um cesto de Luiana Livulo a 17 segundos da buzina (50-48). Portugal continuava a cometer menos erros (7-14 turnovers) e mantinha-se em grande na tabela ofensiva (14-8 ressaltos).
No último período (6-8) imperaram os nervos, apesar de Portugal ter ampliado para 52-48, por intermédio de Daniela Domingues, à entrada do minuto 32. E mesmo com a saída de Merike Anderson, ainda no minuto 32, ao fazer a 4ª e a 5ª faltas com um intervalo de 8 segundos, não deu a vantagem teórica que se previa, em função da influência da capitã forasteira na manobra da sua equipa. A Estónia acreditou mesmo assim e empatou no minuto 37, através de Pokk (52-52). Carla Nascimento fazia o seu único triplo (55-52) e seria Sofia Carolina a empatar de novo (56-56) a escassos 11,2 segundos da buzina. Mas o jogo ia para prolongamento.
No tempo extra (9-4) Portugal acreditou que era possível chegar à vitória e foi a madeirense Mª João Correia a dar o mote, numa entrada em que é especialista (58-56), logo no minuto 41. Carla Nascimento da linha de lance livre não tremeu (60-56) e logo de seguida Sofia Carolina, após um roubo de bola, eleva para 62-56, num lance de contra-ataque de 1×0, ainda no minuto 42. Jaanus Levkoi, treinador da Estónia, de imediato pára o cronómetro e Bratka ainda reduz para 62-58 (minuto 43) e Piibur para 64-60 (a 38,7 segundos do termo), em lance de contra-ataque, beneficiando de uma má recuperação defensiva das portuguesas. Mas foi de lance livre que Carla Nascimento selou o resultado (65-60) a escassos 5,6 segundos da buzina. Estava consumada a vitória das nossas cores. Um prémio merecido para o grupo de trabalho como o treinador Ricardo Vasconcelos salientou nas breves palavras antes do grito tradicional, no final do jogo.
Resultado: Portugal 65-60 Estónia
Ricardo Vasconcelos era um homem feliz no final do encontro, como seria expectável. «Conseguimos hoje uma vitória justa mas difícil. Não conseguimos controlar sempre as emoções e a ansiedade mas fizemos um grande jogo do ponto de vista defensivo, obrigando a Estónia a fazer 21 turnovers e limitando-a a 8 ressaltos ofensivos. Por outro lado a eficácia dos 3 pontos foi abaixo do nosso normal (devido à ansiedade já referida), mas foi compensada com 23 ressaltos ofensivos. Penso que esta equipa jovem fez uma boa campanha de qualificação, com base em 3 jogadoras experientes e muito sólidas: Carla Nascimento, Ana Oliveira e Sofia Carolina Silva. Este balanço entre experiência e juventude faz-nos acreditar que num futuro próximo podemos sonhar mais alto.».
Destaque na selecção portuguesa para a fantástica prestação da poste Sofia Carolina, MVP da partida (46,5 de valorização), que encheu o campo. Defendeu como uma leoa e atacou que nem uma gazela, felina e decidida. Foi não só a melhor anotadora mas também a melhor ressaltadora do encontro, terminando com um duplo-duplo (25 pontos, 10/14 nos lançamentos de campo repartidos por 9/13 nos duplos e 1/1 nos triplos, 16 ressaltos sendo 7 ofensivos, duas assistências, 4 roubos, 1 desarme de lançamento e 8 faltas provocadas com 4/7 nos lances livres. Foi muito bem acompanhada por Daniela Domingues (17,5 de valorização) que somou 10 pontos, 4/7 nos lançamentos de campo repartidos por 2/3 nos duplos e 2/4 nos triplos, 7 ressaltos sendo 4 ofensivos, 1 roubo e 4 faltas provocadas e ainda pela capitã Carla Nascimento (7 pontos, 1/3 nos triplos, 4 ressaltos sendo 1 ofensivo, 4 assistências, 3 roubos e 4 faltas provocadas com 4/6 nos lances livres). Bons contributos de Laura Ferreira (3 ressaltos ofensivos, uma assistência, 1 roubo e uma falta provocada, Ana Oliveira (4 ressaltos sendo 1 ofensivo, 3 assistências e 1 roubo) e Luiana Livulo (12 pontos, 2 ressaltos ofensivos, uma assistência e uma falta provocada).
Na equipa da Estónia a mais valiosa foi a capitã Merike Anderson (20,5 de valorização) que somou 16 pontos, 6/9 nos lançamentos de campo repartidos por 4/5 nos duplos e 2/4 nos triplos, 2 ressaltos sendo 1 ofensivo, 3 assistências e 9 faltas provocadas com 2/2 nos lances livres), ainda que penalizada na sua valorização por ter sido excluída (5 faltas), bem secundada pela poste Maaja Bratka (10 pontos, 8 ressaltos sendo 1 ofensivo, uma assistência, 1 roubo, 1 desarme de lançamento e duas faltas provocadas com 4/4 nos lances livres). Alguns bons apontamentos de Pirgit Püü (9 pontos, 2/4 nos triplos, 4 ressaltos defensivos, duas assistências e 4 faltas provocadas com 1/2 nos lances livres), Kerttu Jallai (4 pontos, 8 ressaltos sendo 1 ofensivo, uma assistência e 2 roubos) e Mailis Pokk (4 pontos, 6 ressaltos sendo 1 ofensivo, uma assistência, 1 roubo e 1 desarme de lançamento).
Em termos globais, a vitória de Portugal assentou basicamente no ganho das tabelas (47-42 ressaltos), particularmente da tabela ofensiva (23-8 ressaltos), no maior colectivismo (13-9 assistências), no menor número de erros (12-21 turnovers) e ainda por ter roubado mais bolas (11-5). Conseguindo maior número de posses de bola, Portugal teve mais 20 lançamentos de campo (76-56) do que o adversário, mas falhou muito mais que a Estónia. As nossas representantes marcaram 16 pontos a partir de turnovers das adversárias, contra apenas 4 e conseguiram 15 pontos em segundos lançamentos, consequência dos ressaltos ofensivos, contra apenas 2 da Estónia. Nos restantes indicadores as coisas estiveram equilibradas: pontos na área pintada (26-26), pontos em contra-ataque (8-6) e pontos vindos do banco (21-22).
Por seu turno a Estónia foi mais eficaz nos lançamentos de campo (32%-41%), quer nos duplos (36%-43%) quer nos triplos (19%-36%), conseguiu mais desarmes de lançamento (1-5) e provocou mais faltas (18-23), com melhor aproveitamento da linha de lance livre (68%-90%) ao falhar apenas uma de 10 tentativas contra 6 em 19 tentados por banda das portuguesas.
Ficha de jogo
Pavilhão Desportivo dos Lombos, em Carcavelos
Portugal (65) – Carla Nascimento (7), Daniela Domingues (10), Ana Oliveira, Lavínia Silva (2) e Sofia Carolina (25); Luiana Livulo (12), Mª João Correia (4), Laura Ferreira (1), Inês Faustino (4) e Jessica Almeida
Estónia (60) – Oksana Miil (7), Merike Anderson (16), Pirgit Püü (9), Mesila-Kaarmann e Valeria Kast (6); Maaja Bratka (10), Mailis Pokk (4), Kerttu Jallai (4), Birgit Piibur (4) e Jane Svilberg
Por períodos: 18-19, 8-12, 24-17, 6-8; 9-4
Árbitros: Milivoje Jovcic (Sérvia), Simon Unsworth (Inglaterra) e Antonio Zamora (Andorra)
No outro jogo do Grupo C, a Itália ao vencer Letónia por 83-68, quebrou a invencibilidade adversária, consolidando assim a 2ª posição na tabela classificativa.
Classificação final (Grupo C)
1º Letónia 5V – 1D – 427-374 – 11 p.
2º Itália 4V – 2D – 377-347 – 10 p.
3º Portugal 2V – 4 D – 347-377 – 8 p.
4º Estónia 1V – 5D – 346 -399 – 7 p.
Letónia e Itália apuraram-se para a fase final do EuroBasket Feminino 2015, a realizar de 11 a 23 de Junho do próximo ano, na Hungria e Roménia.