A coragem de fintar a intimidação «fora de portas»

Foram três jogos internacionais de preparação, sempre enriquecedores do plano de trabalho com vista à participação na fase de qualificação do Campeonato da Europa, na zona espanhola de Valladolid, entre 26 e 28 de Dezembro. Mesmo não defrontando selecções nacionais, as experiências foram extremamente ricas.Dia 26 – Jogo com a selecção de Castela e LeãoMuitas vezes a preparação de uma equipa passa por viver situações limite ou extraordinárias. Assim, sucedeu o mesmo que pode vir a acontecer no Campeonato Europeu: viagem atribulada e pouco tempo de adaptação após a chegada. A reacção inicial da equipa foi positiva, mas depois houve uma quebra de concentração que se traduziu em inúmeros erros defensivos, situação irrecuperável apesar de todas as tentativas tácticas e estratégicas de alterar o rumo dos acontecimentos. A equipa espanhola revelou-se muito rápida e tinha bons executantes. Uma selecção nacional perder com uma equipa de uma região pode parecer deveras desprestigiante, no entanto convém não esquecer que, por exemplo, a área territorial de Castela e Leão é quase do tamanho do nosso País. Falhàmos o teste: o frio extremo (perto de 0 graus), o stress da viagem, o curto aquecimento ou a fome podem ajudar a explicar o desaire.Dia 27 – Jogo com a selecção de Castela e LeãoO treino da manhã permitiu corrigir alguns dos aspectos treináveis que tinhamos falhado na tarde anterior. O facto de termos perdido na véspera desencadeou uma motivação extra no grupo, cujo objectivo era o de repor a dignidade no resultado final. Foi clara a superioridade da equipa portuguesa, como, aliás, já fora visível a espaços no dia anterior, e o resultado só não se avolumou porque decidimos aproveitar a oportunidade para observar em competição alguns dos “novatos” convocados.Dia 28 – Jogo com o Fórum Valladolid (Juniores)A equipa espanhola apresentou um tipo de oposição que nunca conseguiríamos encontrar em Portugal. Quem nos dera poder jogar mais vezes com uma equipa de formação com três jogadores acima dos dois metros… É este tipo de oposição que encontraremos no ambiente internacional e só por esta oportunidade já tinha valido a pena a deslocação a Espanha. As nossas expectativas iniciais não eram muito elevadas pois o jogo seria disputado num pavilhão de sete lugares, com 45 vestiários e a altura dos jogadores do Fórum Valladolid era verdadeiramente intimidador, para além de se recear que o cansaço acumulado dos treinos e jogos anteriores pudesse interferir no rendimento do grupo de trabalho. A selecção nacional entrou com vontade de discutir o jogo, nunca se diminuindo perante um adversário teoricamente mais forte. Foi um grande jogo, com níveis de empenhamento e concentração próprios de equipas “adultas” e ganhadoras. Vencemos com todo o mérito!Espanha é um bom destinoO facto de Portugal estar praticamente isolado, no canto ocidental da Europa, foi, e será, um entrave à realização de contactos competitivos internacionais. As melhores equipas da Europa realizam cinco a seis torneios anuais de preparação para as competições internacionais, o que não sucede entre nós.Outra limitação é, claramente, de ordem financeira. Dos convites que vamos recebendo, temos de seleccionar criteriosamente as nossas respostas positivas, atendendo às possibilidades económicas para as deslocações. Assim, é fundamental aproveitar as parcas oportunidades de confronto internacional, como sucedeu nos passados dias 26, 27 e 28 de Dezembro. Espanha é sempre um bom destino por três motivos: é geograficamente próximo, permitindo a deslocação em autocarro, sempre mais vantajosa economicamente; o nível competitivo é superior aos níveis de clubes, federações regionais ou federação nacional e, por último, os espanhóis garantem sempre organizações de excelente qualidade, oferecendo boas condições de pavilhão, alojamento e de alimentação.