Acordar tarde teve o seu preço na derrota
Ramla (Israel) – Principiou esta tarde nesta cidade israelita, 22 quilómetros a sul de Tel Aviv, a fase de qualificação para o EuroBasket Feminino 2015, Grupo D.
Competições | Seleções
8 JUN 2013
O nosso primeiro adversário, Macedónia, a priori o mais acessível para as aspirações lusas, conseguiu montar uma estratégia que acabou por surpreender as nossas representantes. Mesmo sem poder contar com a base/extremo Jelena Antic (estudou nos EUA, desde 2008/2009), que uma lesão num dos joelhos, impediu uma das melhores jogadoras macedónias da actualidade, de ajudar as suas companheiras neste reaparecimento internacional a nível de seniores femininos, ao mais alto nível, a selecção da Macedónia, muito combativa, soube com as suas armas e recorrendo apenas a uma jogadora do banco, Ana Tanturovska, chegar a uma vitória que praticamente só foi contestada pelo seleccionado luso nos últimos 6 minutos.
As comandadas de Ricardo Vasconcelos até entraram bem na partida. À entrada do minuto 5 a vantagem era de 8 pontos (11-3) depois de o 1º triplo de Carla Freitas ter colocado o marcador em 9-2 no minuto 4. A estratégia de condicionar um dos pontos fortes da Macedónia (a norte-americana naturalizada Chrissy Givens) estava a ser cumprida, com Ana Oliveira marcá-la com eficiência. A 2ª falta de Ana Oliveira levou a extremo lusa a ir para o banco, mas gradualmente as combinações entre a base Dimovska e a extremo/poste Gavrilovska (36 anos), começaram a surtir efeito. Não se conseguia parar o tiro exterior de Dimovska (2 triplos e 10 pontos) e no ataque o seleccionado luso falhava lançamentos fáceis na área pintada, razão pela qual não constituía surpresa a Macedónia terminar o quarto inicial na frente (16-17). No 2º período (9-14) a dificuldade em atacar o cesto por parte das portuguesas e o acentuar da superioridade adversária nas tabelas (17-22 ressaltos), nomeadamente na tabela ofensiva (6-10), explicava a vantagem de 6 pontos quando soou a buzina para o intervalo (25-31). A Macedónia era mais agressiva a defender (1-7 roubos), cometia menos erros (10-8 turnovers) e provocava faltas com idas à linha de lance livre (8/10) contra uns parcos 2/2 por banda das nossas jogadoras. No 3º quarto (8-13) as coisas não melhoravam nada para as nossas cores, pese o inconformismo da capitã Carla Nascimento, com duas penetrações convertidas, mas do outro lado era a experiência e o sentido posicional de Gavrilovska , com 6 pontos consecutivos, que fazia a diferença (31-39 no minuto 25). O seleccionador luso parava o cronómetro pela 2ª vez no minuto 27, mas um triplo de Tanturovska um minuto decorrido (31-44), cavava a maior diferença (13 pontos) desde o apito inicial. Portugal só conseguia acertar com o cesto, após quase 6 minutos em que a eficácia foi nula, através de Sofia Carolina, em cima da buzina que assinalou o final do 3º período (33-44). A melhoria em termos de ressalto ofensivo era evidente (11-11) mas a eficácia lusa baixava de 36% para 31% nos lançamentos de campo, particularmente nos tiros de 3 pontos (de 33% para 19%), consequência dos 7 triplos falhados em outras tantas tentativas neste quarto.No derradeiro período (23-16) Portugal não conseguia ser consistente porque, depois de Vera Correia ter baixado a fasquia para 9 pontos (35-44) logo no minuto 31, consentiu na resposta e no espaço de um minuto, um parcial de 0-5, com a 2ª bomba de Tanturovska a cair no minuto 32 (35-49), obrigando Ricardo Vasconcelos a pedir novo desconto de tempo. Mesmo com Chrissy Givens carregada de faltas (4ª no minuto 33), a Macedónia fazia o seu jogo sem grandes sobressaltos, apostando no erro das nossas jogadoras. Assim chegou à maior diferença em todo o encontro (18 pontos), quando Elena Radenkovic, travada em falta, elevou a contagem da linha de lance livre para 35-53 (minuto 34). Foi como que o toque de despertar para o nosso seleccionado. O 3º triplo de Carla Freitas no minuto 35 (38-53) deu o mote para a recuperação. Em 3 minutos um parcial de 7-0 obrigava o treinador macedónio (Goran Jovanovic) a parar o cronómetro, à entrada do minuto 38 (42-53). O acreditar por parte das comandadas de Ricardo Vasconcelos finalmente dava sinais de que ainda se poderia conseguir a reviravolta. O atingir da 4ª falta por parte da Macedónia, com mais de 5 minutos e meio para jogar, era inteligentemente aproveitado pelas nossas jogadoras, que da linha de lance livre e através de um roubo de Carla Freitas reduziam para 8 pontos (47-55) no minuto 39. Após o último desconto de tempo permitido ao treinador português (a 53,7 segundos do final) e com o marcador favorável ao adversário por 10 (47-57), Portugal em meio minuto verdadeiramente louco, conseguiu acertar mais 3 triplos: Vera Correia (50-57), Ana Oliveira (53-57) e até a poste Sofia Carolina (56-60) a selar o resultado final. Goran Jovanovic não ganhava para o susto, mas esgotou os seus descontos de tempo, com 22,4 segundos e 3,6 segundos para jogar, por via das dúvidas, enquanto Radenkovic (53-59) e Dimovska (53-60) mantinham da linha de lance livre a almofada suficiente para se concretizar o primeiro êxito da Macedónia entre os dois países, a nível de seniores femininos. No final o semblante do seleccionador Ricardo Vasconcelos espelhava o desalento pela derrota: “ Perdemos com uma equipa claramente acessível, a quem podíamos ter ganho onde jogámos apenas 5 minutos. Os 3 minutos e meio iniciais e o derradeiro minuto e meio, no termo da partida. Esses foram os únicos momentos em que fomos nós próprios, que jogámos com a atitude correcta e que tenho a certeza se o tivéssemos feito durante um período de tempo mais alargado, teríamos vencido o encontro. Faltou-nos claramente um bom balanço entre o jogo exterior e o jogo interior, algo que tínhamos como estratégia para este embate, mas a verdade é que não conseguimos pontos, faltas e ressaltos suficientes dentro da área pintada.”. Sobre o próximo adversário, finalizou: “Amanhã com a Alemanha que é uma equipa realmente alta, com jogadoras de grande envergadura e que vai tentar impor um ritmo elevado com transições rápidas feitas por passe, torna claro que temos de trabalhar muito bem ao nível de transição defensiva (lutar mais pelo ressalto ofensivo, boa selecção de tiro e bom bloqueio defensivo).”. Nas vencedoras destaque para a MVP da partida (23,5 de valorização), a veterana Monika Gavriloska, que aos 36 anos e jogando 40 minutos, fez um duplo duplo, ao contabilizar 14 pontos, 6/8 nos duplos, 13 ressaltos sendo 4 ofensivos, duas assistências e duas faltas provocadas, com 2/2 nos lances livres. Seguiram-se-lhe a combativa extremo/poste Elena Radenkovic (12 pontos, 9 ressaltos sendo 6 ofensivos, uma assistência, 2 roubos e 4 faltas provocadas, com 6/6 da linha de lance livre), a base Slavica Dimovska , melhor marcadora do jogo que fez um excelente quarto inicial (19 pontos, 3/8 nos triplos, 4 ressaltos sendo 1 ofensivo, 3 assistências, 3 roubos e 3 faltas provocadas, com 4/6 nos lances livres) e Ana Tanturovska, muito agressiva a defender (8 pontos, 2/7 nos triplos, 7 ressaltos sendo 3 ofensivos, uma assistência, 5 roubos e duas faltas provocadas). Já Chrissy Givens, de que se esperava mais, fez um jogo algo discreto, também por culpa da marcação de que foi alvo. Na selecção de Portugal a mais valiosa foi a poste Sofia Carolina (19,0 de valorização), apesar de um pouco precipitada e com fraca eficácia (25%) nos lançamentos na área pintada. Terminou com 9 pontos, 3/12 nos duplos, 1/1 nos triplos, 12 ressaltos sendo 9 ofensivos, uma assistência, 1 desarme de lançamento e 6 faltas provocadas, mas com o senão de pouco agressiva a atacar o cesto, já que não foi uma única vez à linha de lance livre. Foi bem acompanhada por Carla Freitas (14 pontos, 2/3 nos duplos, 3/9 nos triplos, 5 ressaltos sendo 1 ofensivo, 2 roubos e duas faltas provocadas, com 1/2 nos lances livres) e pela base Carla Nascimento, ainda que denotando alguma insegurança no controlo da posse da bola, o que não lhe é habitual (10 pontos, 5/8 nos duplos, 5 ressaltos sendo 2 ofensivos, 3 assistências, 1 roubo e 5 faltas provocadas, mas também sem direito a lances livres).Resultados da 1ª jornada:Israel 68-57 AlemanhaPortugal 56-60 MacedóniaNo arranque da competição a selecção anfitriã depois de ter chegado ao intervalo a vencer por 30-28, soube consolidar a sua superioridade na etapa complementar. Shay Doron (19 pontos), as postes Katia Levitsky e Jennifer Fleischer, ambas com 12 e a base Liron Cohen (11) formaram o quarteto fundamental no êxito israelita. Na equipa germânica a atiradora Anne Breitreiner, a poste K. Fidiel e T. Menz, todas com 9 pontos, não conseguiram evitar a derrota. Ficha de jogoArena Elitzur Delek, em RamlaPortugal (56) – Carla Nascimento (10), Carla Freitas (14), Ana Oliveira (9), Vera Correia (9) e Sofia Carolina (9); Mª João Correia (3), Inês Faustino (2), Lavínia Silva e Mª João AndradeMacedónia (60) – Slavica Dimovska (19), Andzelika Mitrasinovik (2), Chrissy Givens (5), Elena Radenkovic (12) e Monika Gavrilovska (14); Ana Tanturovska (8) Por períodos: 16-17, 9-14, 8-13, 23-16Árbitros: A. Glisic, A. Vemtriov e O. YalmanClassificação (após a 1ª jornada): 1º Israel -1V-0D -68/57-2 pts.2º Macedónia -1V-0D -60/56-2 pts.3º Portugal -0V-1D -56/60-1pt.4º Alemanha -0V-1D -57/68-1pt.Amanhã (sábado) realiza-se a 2ª jornada, no mesmo recinto:Alemanha-Portugal (18H00) e Macedónia -Israel (20H45)