AD Vagos cilindra Lombos

Nada fazia prever que o duelo “europeu” desta tarde iria capitalizar o tremendo domínio da equipa da casa (78-48).

Competições
4 DEZ 2011

A AD Vagos venceu a Quinta dos Lombos de forma categórica e mantém-se em igualdade pontual com o Algés no topo da tabela, ambas agora com dois pontos de avanço sobre o 3º classificado que é o GDESSA.

Poder-se-ia pensar que o resultado final de 78-48 a favor da AD Vagos era fruto apenas da maior inspiração da equipa da casa e, opostamente, do grande desacerto das forasteiras. Nada mais enganador. A AD Vagos lutou, e de que maneira, para alcançar tal domínio frente a uma excelente equipa que é candidata à conquista do campeonato. Foram 40 minutos de suor e entrega total. Nuno Ferreira preparou o jogo ao milímetro e as suas atletas executaram o seu plano com mestria. Na sua antevisão ao jogo, o treinador da AD Vagos queria que a equipa funcionasse em bloco, dando primazia ao jogo coletivo, adjetivo esse que define na perfeição a atuação do conjunto de Vagos. Não há dúvida que Nuno Ferreira acertou em cheio. A AD Vagos mostrou cedo a sua determinação ao definir uma defesa individual muito agressiva sobre a portadora da bola. Criando imensas dificuldades na organização ofensiva da Quinta dos Lombos, o ponto mais forte da equipa de Cascais, a equipa da casa conseguiu também maior acerto ofensivo de todo o coletivo. Um primeiro período avassalador (29-16) dava expressão ao domínio do conjunto de Vagos. Tal intensidade poderia causar grande desgaste físico, outro dos aspetos fulcrais que poderia desequilibrar a contenda para a equipa que se apresentasse melhor. Pois bem, até neste particular a equipa de Vagos foi superior ao adversário, nunca retirando o pé do acelerador nem diminuindo a intensidade defensiva. Esta atitude defensiva foi, aliás, a grande responsável pelo desacerto ofensivo de ambas as equipas durante grande parte do segundo período, pois o marcador tinha registado apenas 4 pontos para as da casa nos primeiros 6 minutos do parcial. No restante tempo disponível, a AD Vagos volta a carregar ofensivamente e consegue ir para o descanso com uma vantagem de 23 pontos (44-21), resumindo a produção ofensiva do adversário a uns míseros 5 pontos neste 2º parcial. José Leite, treinador dos Lombos, fez de tudo para mudar o rumo dos acontecimentos, mas sem sucesso. Paula Muxiri aparecia muitas vezes longe do cesto para procurar a bola, fruto da forte pressão exercida pelas vaguenses às organizadoras de jogo das forasteiras, especialmente sobre Larisse Lima que nunca teve espaço, nem argumentos, para montar o ataque da melhor forma. Até este segundo parcial, e apesar do bom desempenho de todo o coletivo, é de registar a excelente exibição da base Inês Faustino a nível defensivo e na organização ofensiva da equipa, uma das suas melhores prestações esta época, mas que foi obrigada a sair devido a lesão grave num dedo da mão direita (fratura exposta) ao disputar um lance acidental dividido com uma adversária. Esta é uma grande contrariedade para os próximos compromissos da equipa vaguense. No recomeço, e dada a demora das forasteiras nos balneários, esperava-se uma Quinta dos Lombos mais forte e capaz de ultrapassar a defensiva vaguense. Simultaneamente, não seria de prever que a AD Vagos fosse capaz de manter os índices físicos, e de intensidade, evidenciados na primeira parte. Puro engano. A equipa manteve a atitude defensiva durante todo o terceiro período e subiu a sua produção ofensiva. Mesmo com a Quinta dos Lombos a registar o seu melhor período ofensivo, tal não foi suficiente para desestabilizar o conjunto da casa que vence também este parcial por 21-17. Este terceiro período foi também infeliz para a Quinta dos Lombos porque perdeu a sua atleta Inês Aragão. Numa luta na tabela defensiva, esta jogadora cai desamparada e vê-se obrigada a sair em clara dificuldade física (lesão nas costas), não se sabendo ainda qual a gravidade da lesão. Com o marcador em 65-38 favorável à AD Vagos no início do último período, foi altura de Nuno Ferreira dar mais algum tempo de jogo às suas pupilas mais jovens. Mesmo assim, e com uma produção ofensiva abaixo dos restantes parciais, a AD Vagos manteve-se fiel ao seu fio de jogo e não permitiu veleidades às forasteiras. A qualidade geral caiu bastante devido à definição da equipa vencedora, mas nem assim a Quinta dos Lombos foi capaz de aproveitar para diminuir distâncias, espelhando enormes dificuldades físicas e emocionais, aliadas à quebra anímica, que culminaram num novo registo ofensivo muito pobre (apenas 10 pontos). Para a história fica uma exibição soberba de todo o coletivo vaguense e, mais importante que isso, da melhoria significativa da sua produção ofensiva, algo que tanto o seu treinador procurava nas últimas partidas. Ficou patente que as vitórias aparecem naturalmente quando a equipa consegue médias de lançamento acima dos 40%. E hoje foi esse o caso: 43% nas zonas de 2 pontos (22/51), 39% em triplos (9/23) e 65% da linha de lance-livre. São, de facto, números mais condizentes com o real valor da equipa que dominou defensivamente ao não permitir que as atuais campeãs nacionais chegassem às cinco dezenas de pontos, foi superior na luta das tabelas (43 contra 28), com clara supremacia nos ressaltos ofensivos (16 contra 2), teve mais 3 roubos de bola e conseguiu enorme superioridade nas assistências (27 contra 10). Além do coletivo, merecem destaque os 18 pontos de Lilian Gonçalves, todos obtidos de lançamentos triplos (6/10), o duplo-duplo de Flávia dos Santos (16 pts e 14 res.), as 8 assistências e 12 ressaltos de Mariana Alves, 5 dos quais ofensivos (ela que não mede mais do que 1,65 m), e, por último, a MVP da partida Joana Lopes (16 pts, 6 res., 3 rb e 3 ass.) que voltou às grandes exibições depois de duas semanas com grandes dificuldades físicas (lesão no joelho) que a impediram de dar o melhor contributo à equipa. Do lado da Quinta dos Lombos, Paula Muxiri (20 pts e 7 res.) e Lisa Lee (16 pts e 6 res.) foram as únicas a escaparem ao verdadeiro desastre que foi a exibição da sua equipa. Arbitragem positiva e sóbria de Paulo Marques e Diogo Martins. Próxima quinta-feira, dia 8, às 15h00, a AD Vagos defronta o Dexia Namur Capitale para a 6ª e última jornada do Grupo C da Eurocup Women. O Pavilhão Municipal de Vagos despede-se, assim, das competições europeias esta época já que o conjunto de Vagos soma por derrotas todos os encontros até agora disputados. Mas decerto que, depois da exibição de hoje, quererá despedir-se da prova em grande ao atingir um dos objetivos a que se propôs: obter pelo menos uma vitória na competição. Pavilhão Municipal de Vagos Parciais: 29-16, 15-5, 21-17, 13-10 AD Vagos (78): Artémis Afonso, Inês Pinto (3), Ana Teixeira (6), Mariana Alves (4), Joana Lopes (16), Inês Faustino (2), Lilian Gonçalves (18), Flávia Santos (16), Daniela Domingues (9), Sara Ressurreição, Joana Jesus (4), Carolina AnacletoTreinador: Nuno Ferreira Quinta dos Lombos (48): Inês Viana, Catarina Vasconcelos, Lisa Lee (16), Mafalda Guerreiro (2), Dora Duarte (2), Paula Muxiri (20), Carla Aires, Hilary Carlson (2), Helga Gonçalves, Inês Aragão, Larisse Lima (6)Treinador: José Leite

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4 DEZ 2011

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