Ana Catarina Neves: «Especial por ser em casa»
Depois de ter ficado por diversas ocasiões muito próxima da subida, a Selecionadora Nacional Ana Catarina Neves conduziu as Sub-16 Femininas à Divisão A.
Seleções | Treinadores
11 SET 2013
Mais um feito extraordinário alcançado pelo basquetebol feminino, obtido perante o apoio incondicional dos apoiantes portugueses. De facto foram incríveis os momentos vividos em Matosinhos, com as atletas portuguesas a deslumbrarem os milhares de adeptos que fizeram questão de acompanhar a Seleção em todo o seu caminho. A treinadora atribuiu às atletas o sucesso da subida, sobretudo pela disciplina tática que evidenciaram, bem como pela forma como o grupo funcionou, como uma verdadeira equipa. Foi a recompensa merecida para mais um evento organizado pela Federação Portuguesa de Basquetebol, naturalmente com o apoio de outras entidades, que mereceu o destaque e o reconhecimento por quem dirige o basquetebol europeu.
Depois de vários anos em que ficou muito próxima da subida, desta vez o objetivo foi alcançado. Sempre acreditou que era possível subir de divisão?Nós tínhamos as nossas etapas definidas por fases da competição, portanto num primeiro momento apontámos a um dos dois primeiros lugares do nosso grupo. Depois iríamos definindo objetivos intermédios em função da análise que fizéssemos dos adversários. E assim foi…Depois de terminada a 1ª fase, de vermos todas as equipas a jogar e de termos percebido que as nossas atletas estavam tranquilas, confiantes e determinadas acreditámos que seria possível subir de divisão.O facto de ter sido alcançado em Portugal fez com que tivesse um sabor especial?Foi de facto especial por ser “em casa”. Havia muita expectativa à volta da equipa e do nível a que conseguiríamos jogar. Parece-me que demos uma excelente resposta e que deixamos orgulhosos os clubes, treinadores e atletas que trabalham com as nossas jovens jogadoras durante o ano.O que achou da organização e do apoio do público português?A organização foi exemplar e de um nível altíssimo, dignificou muito a competição e deu-lhe uma dimensão impensável. Já foi até distinguida com os melhores elogios por parte dos dirigentes da FIBA que estiveram presentes. Em termos do apoio do público foi memorável e inesquecível…foi um sonho. Estamos muito gratos pelo carinho que recebemos e pelo importante contributo que deram para termos atingido a subida à divisão A.Durante o Europeu não se limitaram a vencer os jogos. Como explica a supremacia evidenciada no confronto com a maioria dos adversários?Disputar um Europeu, para além da qualidade técnico-táctica que as equipas têm ou não têm, relaciona-se muito com a forma como se lida com as questões mentais e emocionais. Os jogos começaram-nos a correr bem, as dinâmicas coletivas a saírem como planeado, a confiança individual e coletiva a crescer… Portando o “mood”, o estado anímico era muito favorável. Ora este facto, associado à qualidade da equipa, traduziu-se em supremacia e nalguns resultados desnivelados.Que tal foi a experiência de ter uma Seleção que dominava no jogo interior?É um conforto muito grande jogar com domínio no jogo interior. Anteriormente dependíamos muito da habilidade e capacidade de criar desequilíbrios das nossas jogadoras exteriores. Este ano juntamos-lhe um fortíssimo e consistente jogo interior, com jogadoras “muito maduras” e já com significativa experiência internacional. Deu-nos uma segurança e confiança muito maiores, tanto defensiva como ofensivamente.Que qualidades destacaria neste grupo de trabalho?A capacidade de se adaptarem a diferentes tarefas e de executarem no jogo o que se prepara no treino ou no desconto de tempo. Em atletas sub 16, nem sempre é fácil de conseguir… Depois, e isto ao longo destes últimos anos nos grupos com quem temos trabalhado nas Sub16: a capacidade de trabalho, o espírito de sacrifício, a disciplina e o espírito de entreajuda.Consegue apontar algum momento, ou jogo, em que tornou clara a subida de divisão?O primeiro jogo da segunda fase contra Israel, que é sempre uma equipa que joga no limite da agressividade e que nunca desiste do jogo. E lembro que Israel tinha deixado fora dos quartos-de-final a Eslovénia que era “apontada” como séria candidata á subida de divisão. Nesse quarto jogo para nós, as atletas foram umas MULHERES. Revelaram enorme caráter e capacidade para sofrer e lutar contra essa extrema agressividade. Demos mostras que para além de conseguirmos jogar contra equipas mais evoluídas do ponto de vista técnico-táctico também estávamos prontas para jogar contra adversários mais lutadores e abnegados.Acha que a geração futura poderá garantir a manutenção na Divisão A?A geração que for jogar a divisão A tem muito trabalho pela frente… Vai ser um estímulo muito aliciante para todos os envolvidos o querer melhorar ainda mais os fundamentos técnico-táticos, os aspetos físicos, a capacidade mental, etc… e isto só se consegue com mais trabalho, mais treino, mais exigência e mais rigor em tudo o que se fizer.Numa primeira analise é uma geração bem diferente das duas últimas no que ao “tamanho” diz respeito. Nas questões técnico-táticas parece-me um bocadinho verde…