Assembleia da República recebeu entidades desportivas
CDP, CPCCRD, COP, CPP e Federações Desportivas falaram sobre a pandemia e as medidas necessárias para ultrapassar a crise no Desporto
FPB
10 FEV 2021
A audição pública requerida pelo Partido Comunista Português à Assembleia da República, com o objetivo de recolher testemunhos sobre a gravosa situação vivida pelo desporto, e as medidas necessárias para o salvar, levou as entidades desportivas a manifestarem, esta quarta-feira, a preocupação pela falta evidente de apoios ao setor que, tal como as outras áreas da sociedade civil, foi fortemente afetado pela crise pandémica instalada no país.
O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, interveio em representação das federações de andebol, basquetebol, patinagem e voleibol e desde cedo apontou que a paragem do movimento desportivo foi o principal impulsionador da crise no desporto: “Uma das nossas preocupações tem a ver com a falta de atividade no movimento associativo, em especial nos escalões e formações. Não compreendemos esta situação de inatividade, quando existem vários países onde foi possível manter os escalões de formação em atividade, nomeadamente entre os 10,11 e 12 anos, onde está provado que o nível de propagação é reduzido. O Estado tem de se questionar esta ausência de atividade na formação, sobretudo se tivermos em conta, o exemplo do futebol sénior, que, seguindo as orientações da Direção-Geral da Saúde, contribuíram para a eliminação da propagação do vírus através de testagem massiva», explicou.
As quebras no desporto de formação atingiram números recorde, que o presidente federativo não esqueceu de assinalar: “Ao nível da formação destas federações, que têm cerca de 250 mil atletas, somente 14 mil (cerca de 6%), estão neste momento a praticar atividade desportiva”, contou.
Para a retoma da atividade desportiva, sobretudo nos escalões mais jovens, solicitou em nome das cinco Federações que fosse criado um plano, recordando que o desporto ainda não viu qualquer apoio financeiro para combater os custos associados à pandemia: “Exigimos uma clara identificação de fundos de apoio ao Desporto, para salvar milhares de clubes e associações desportivas que estão em risco de desaparecer rapidamente. Recordo que, em outubro, o Bloco de Esquerda apresentou um projeto à Assembleia da República para a criação de um fundo de apoio ao desporto. Foi publicado em Diário da República 5 de fevereiro, mas, até hoje, o desporto ainda não recebeu um cêntimo para combater as despesas e o acréscimo de custos de uma pandemia que dura há quase um ano», alertou.
José Manuel Araújo, secretário-geral do Comité Olímpico de Portugal (COP), também expressou a sua insatisfação face à falta de apoio concedido ao desporto, sobretudo pela ausência de resposta no apoio ao desporto aquando da aprovação do Orçamente de Estado de 2021.
Carlos Paula Cardoso, presidente da Confederação do Desporto de Portugal (CDP), alertou ainda para o impacto que esta quebra pode ter no futuro do país: “No futuro, vamos pagar caro se não encontrarmos soluções a curto prazo. Será uma fatura enorme para o país nas décadas vindouras. Para que o desporto continue a ser o que norteia muitos jovens, é fundamental encontrar meios, um fundo, para que, a curto prazo, possa auxiliar e, quando a pandemia o permitir, encontrar soluções”.
Além dos órgãos supramencionados, a audiência contou também com a participação da Confederação de Treinadores (CT) e das federações de aeronáutica, ciclismo, natação, xadrez, taekwondo e ténis de mesa, assim como de representantes dos partidos com assento parlamentar que habitualmente fazem parte da Comissão de Educação, Ciência, Juventude e Desporto.