“Deixar uma peça minha aqui é mágico”

Gonçalo Ribeiro, no meio artístico conhecido por GonçaloMAR, é o responsável pela criação dos dois campos 3×3 BasketArt de Vagos, na Praia da Vagueira (coordenadas 40°33’35.0″N 8°45’58.5″W ou aqui).

O artista GonçaloMAR concedeu uma entrevista à FPB onde falou da sua ligação à zona, ideias utilizadas para a criação dos campos e do seu trabalho, não escondendo o orgulho pelo momento.

A cerimónia de abertura dos recintos realiza-se este sábado, a partir das 10 horas.

Como surgiu a hipótese de criares estes campos em Vagos?
Bom, eu já frequento a Vagueira há alguns anos. Pelo surf e por ter aqui algumas amizades também. Acabei por conhecer o Presidente da Câmara Municipal de Vagos, Silvério Regalado, que foi conhecendo o meu trabalho e decidiu propor-me este desafio.

Como caracterizas os campos? Em que ideias te baseaste?
O nome que dei a esta obra é “Titãs”, como base do contexto que se segue, dois campos de basquetebol e dois Titãs de peso que se confrontam no mesmo espaço. Onde esse confronto é o seu equilíbrio, pois um não pode existir sem o outro. Os Titãs que falo também representam a Vagueira, que são: a Água, pela Ria e o Mar, e a Terra, pela sua Gente e Agricultura. O basquetebol, como um desporto de competição, é perfeito para esta analogia mítica sobre estes elementos que coabitam este espaço criado para um “clash” eterno. O esquema de cores usado mostra uma Terra de cores quentes e a Água em tons de um azul suave, contrastando entre si.

Foi um grande desafio para ti a criação destes campos?
Estes projetos são sempre desafiantes. Eu já tinha pintado um outro campo na zona de Lisboa e o facto de pintar no chão, com tintas muito específicas e com uma determinada forma de funcionar a nível de secagem, acrescenta mais um nível a este trabalho. Mas eu gosto de me desafiar e este tipo de intervenção artística acaba também por abraçar as cidades, mas de uma outra perspetiva.

É um orgulho para ti este momento?
É um orgulho imenso, e o facto de ser na Vagueira ainda mais porque, como já tinha dito anteriormente , é um sítio que me diz muito e trago a Vagueira no coração, e ao fim destes anos todos e todas as amizades que fiz ao longo deste tempo, deixar uma peça minha aqui é mágico.

Tens ligação à modalidade?
Infelizmente não, jogo muito de vez em quando, mas nunca fui muito do basquetebol.

Quais são os trabalhos artísticos que fazes? Podes falar-nos um pouco sobre aquilo que fazes?
Eu venho do graffiti. Comecei por pintar na rua, em 1998, sempre com muita consciência, sempre a escolher os sítios com a certeza de não interferir no espaço dos outros a nível pessoal. Fui desenvolvendo o meu trabalho na construção de um imaginário muito fértil, um surrealismo figurativo, e ao longo desses anos tem vindo a surgir muitas oportunidades para tornar o meu trabalho cada vez mais prolifero pelas paredes deste nosso mundo.

Os campos já se encontram registados no “Courts of the World”, plataforma da FIBA onde qualquer pessoa pode avaliar os campos, anexar fotos e vídeos. Esta inauguração trata-se de uma colaboração entre a FPB, a CM Vagos, a AB Aveiro e a CIDADESOCIAL – uma plataforma online de disponibilização de informações e boas práticas para aumentar o valor da intervenção dos municípios portugueses nas áreas do desporto, juventude e educação.