Espírito de grupo, rigor e determinação foram armas do colectivo

Regressados a Portugal há 2 dias, é tempo de se fazer o rescaldo da excelente participação da Selecção Nacional de Sub-18 Femininos, no Campeonato da Europa, Divisão B, que culminou com a conquista da medalha de bronze (3º lugar) e a consequente subida à elite europeia (Divisão A).

Seleções
8 AGO 2012

É da mais elementar justiça referir que para a consecução deste objectivo contribuiu muita gente, das mais diversas áreas, desde os técnicos (obviamente), secretários, tutores dos Centros de Treino, fisioterapeutas, dirigentes, treinadores dos clubes, clubes, pais, professores e claro as próprias jogadoras. A todos, sem excepção, queremos em nome pessoal e em nome da Federação Portuguesa de Basquetebol, agradecer pelo contributo que deram, alguns de uma forma desinteressada, mas não menos decisiva, para que fosse possível materializar este sonho que ainda estamos a saborear. Importa salientar que a seleccionadora Mariyana Kostourkova, que ocupa o cargo desde Setembro de 2005, sendo em simultâneo desde essa altura a responsável técnica da equipa feminina do CAR Jamor e que conta no seu currículo com a presença em 7 Campeonatos da Europa consecutivos, desde Chieti (2006) até Strumica (2012), não teve receio de arriscar e apresentar-se na competição com a equipa mais jovem de sempre, constituída por apenas 3 Sub-18 de 2º ano (Inês Viana, Joana Canastra e Nádia Fernandes), 6 Sub-18 de 1º ano (Joana Soeiro, Laura Ferreira, Josephine Filipe, Inês Veiga, Ana Granja e Jessica Costa) e 3 Sub-16, uma de 2º ano (Simone Costa) e duas de 1º ano (Maria Kostourkova e Chelsea Guimarães). Lutando contra críticas das mais cerradas, a seleccionadora nacional acreditou no seu modelo de jogo, moldou as suas jogadoras e rentabilizou ao máximo as potencialidades de cada uma, em prol do colectivo. Felizmente que este ano o azar não nos bateu à porta como em anos anteriores, com lesões impeditivas de dar o seu concurso à selecção, à excepção de Raquel Jamanca (tinha estado no Europeu de 2011, em Miskolc) que se lesionou ao serviço do clube e teve que ser submetida a intervenção cirúrgica em Julho, durante o período de preparação para o Europeu. Com base em 7 atletas residentes que integraram a equipa do CAR Jamor Feminino durante o ano lectivo, a que se juntaram mais uma externa (Maria Kostourkova) e 4 jogadoras dos clubes, das quais 3 delas (Inês Viana, Joana Canastra e Chelsea Guimarães) já tinham passado pelos Centros de Treino (Calvão e Jamor), sendo Jessica Costa, irmã mais nova da capitã do Montijo BB, Márcia Costa, internacional Sub-20, a única que não teve esse percurso, Kostourkova utilizou a grande vantagem de conhecer como as suas mãos a esmagadora maioria das escolhidas. Não podemos deixar de salientar que este grande resultado já a seleccionadora nacional merecia há mais tempo. Aparece atrasado, mas acaba por ser um prémio mais do que merecido, pela sua competência e rigor, que se traduz na capacidade de conseguir aperfeiçoar as potencialidades das jogadoras que ela observa ou que lhe dão informações no sentido de concluir que para essas jovens é importante passar pelo Centro de Treino, onde não temos dúvidas, lhes são proporcionadas as melhores condições para evoluir. Da líder Inês Viana à revelação Maria Kostourkova (15 anos)Queremos por uma questão de justiça referir que no jogo que nos deu o bronze, o escasso tempo que dispusemos para fazer a notícia para os sites (tínhamos que iniciar a viagem para o aeroporto de Sofia uma hora após o final da cerimónia de encerramento), não nos permitiu destacar a extraordinária prestação de um quarteto, a começar na base Inês Viana, autêntica líder da equipa e a acabar na jovem poste Maria Kostourkova. Foi mais uma actuação de raça e determinação da organizadora de jogo lusa (18,5 de valorização), ao contabilizar 7 pontos, 1/1 nos triplos, 6 ressaltos defensivos, 6 assistências, 1 roubo e 6 faltas provocadas. Depois a extremo/poste Josephine Filipe (19,5 de valorização) que aos 10 pontos já conseguidos até ir para o banco com 4 faltas, ainda no 3º período (minuto 23), reentrou em campo à entrada do minuto 35, para com uma soberba exibição arrasar a débil resistência húngara, marcando mais 9 dos 16 pontos alcançados pela equipa e provocou mais 3 faltas nesse curto lapso de tempo. Terminou como a melhor marcadora da partida (19 pontos) a que juntou 2 ressaltos defensivos, duas assistências e 6 faltas provocadas, estando irrepreensível da linha de lance livre (9/9). Foi a 2ª marcadora portuguesa (10,7pontos/jogo) e a 9ª no ranking dos ressaltos ofensivos (média de 2,4 por jogo). Joana Canastra (17, 5 de valorização) foi uma aposta feliz e certeira da seleccionadora para o último jogo, entrando como titular. A experiência da torrejana Canastra (este foi o seu 4º Europeu, tendo feito 2 de Sub-16 e 2 de Sub-18) veio ao de cima e até ir para o banco com 4 faltas a acabar o 3º período, tinha enchido o campo com uma prestação de classe (15 pontos até essa altura), através de cestos magníficos, a coroar penetrações de algum virtuosismo, em que ela é useira e vezeira, mas que nos encontros anteriores, ainda não tinha revelado essa faceta, que lhe é característica. Reentrou no minuto no minuto 32 para jogar até ao fim, acabando com 17 pontos, 6/8 nos duplos (75%), 1 triplo, 4 ressaltos, duas assistências, 1 roubo e duas faltas provocadas. Por último Maria Kostourkova, a jovem poste de 15 anos apenas feitos em Abril, foi só a MVP da partida (28,0 de valorização), ao fazer o seu 2º duplo-duplo na competição, tendo sido também a melhor ressaltadora do jogo (16 pontos, 8/13 nos duplos, 14 ressaltos sendo 6 ofensivos, duas assistências, 1 roubo, 1 desarme de lançamento e duas faltas provocadas). Ficou no top 10 dos ressaltos , 9ª posição com média de 7,3, sendo naturalmente a melhor ressaltadora da equipa e no ranking dos desarmes de lançamento ( 7ª posição com média de 1,4), empatada com a 6ª (a húngara Amadea Szamosi, também com 1,4 abafanços), tendo ainda sido a 6ª nos duplos-duplos com duas nomeações em 7 encontros, pertencendo ao lote restrito de jogadoras (ela e mais 5) que fizeram mais do que 1 duplo-duplo durante a competição. Foi a 3ª marcadora da equipa (9,3 pontos por jogo) e a 3ª mais utilizada (média de 26,0 minutos). Para uma Sub-16 de 1º ano, em cujo Europeu realizado duas semanas antes em Tallin (Estónia) onde alcançámos o 4º lugar, tinha integrado o cinco ideal, é obra. Estamos na presença de uma verdadeira promessa do basquetebol português que não temos dúvidas irá contribuir para muitas alegrias e sucessos desportivos. Filha de Mariyana e Ivan Kostourkov, casal búlgaro que jogou basquetebol durante muitos anos no nosso país e que nos últimos anos tem estado ligado ao elenco de técnicos federativos, mas que adquiriu a nacionalidade portuguesa (possuem dupla nacionalidade), a jovem Maria foi uma aposta de alguns responsáveis federativos (DTN Manuel Fernandes e nós próprios, entre outros) que acreditaram na palavra dos seus progenitores. Não queremos terminar sem destacar a perseverança, determinação e classe da líder da equipa, a base Inês Viana, que no espaço de 2 anos teve a honra de fazer parte do cinco ideal na sua posição, nos Europeus de 2010 (Sub-16) e de 2012 (Sub-18). Infelizmente não pôde dar o seu concurso à selecção nacional no ano passado, devido a lesão grave mas depois teve a coragem necessária para fazer a travessia do deserto e reaparecer em grande para arrecadar a sua 2ª medalha de bronze (a 1ª fora em 2010, enquanto Sub-16). Terminou na 2ª posição no ranking das assistências (média de 3,6 por jogo), tendo sido ainda a 4ª marcadora da equipa (média de 9,0pontos), a 2ª nos roubos (média de 1,9) e também a 2ª ressaltadora lusa (4,9 ressaltos por jogo). Foi a jogadora mais utilizada por Kostourkova , a única acima dos 30 minutos (30,6 por jogo). Também merece uma referência a prestação global da capitã Laura Ferreira, 2ª no ranking dos roubos (média de 2,6) e melhor marcadora da equipa (12,1 pontos por jogo), não tendo rendido o habitual no jogo decisivo com a Hungria. Foi ainda a 2ª portuguesa mais utilizada com média de 28,0 minutos por jogo e a 3ª ressaltadora da equipa (4,7 ressaltos por jogo). O nosso obrigado a todo o staff (a dupla técnica Mariyana Kostourkova e Ana Margarida Faria, a secretária Mafalda Hipólito e a fisioterapeuta Bárbara Rola) que funcionou como um bloco, facilitando deste modo a nossa missão e contribuindo para o êxito alcançado. Para ficar na história eis os nomes das 12 jogadoras, da nº 4 à nº 15: Inês Viana, Joana Canastra, Jessica Costa, Nádia Fernandes, Simone Costa, Laura Ferreira (capitã), Maria Kosytourkova, Joana Soeiro, Inês Veiga, Josephine Filipe, Chelsea Guimarães e Ana Granja Santos. O ciclo 2010-2011-2012 ficará para sempre registado a letras de ouro no panorama basquetebolístico português, em particular no feminino, pelo conjunto de resultados jamais alcançados nos escalões de formação: 3º lugar no Europeu de Sub-16 (2010), 2ª posição no Europeu de Sub-20 (2011) e 3º lugar no Europeu de Sub-18 (2012), com estes 2 últimos resultados a proporcionarem a subida à Divisão A. Para não falar do 4º lugar das Sub-16 este ano (a medalha de bronze fugiu-nos no prolongamento) e também do 4º posto conseguido pelas Sub-20 (2010) e a mesma posição alcançada anteriormente, ainda pelas Sub-20 (2007). Três medalhas (uma de prata e duas de bronze) materializaram o inequívoco sucesso. Seis nomeações para os respectivo cincos ideais: Inês Viana (base, Sub-16, 2010), Maria João Correia (base/extremo, Sub-20, 2010), Joana Soeiro (base, Sub-16, 2011), Michelle Brandão (base, Sub-20, 2011), Maria Kostourkova (poste, Sub-16, 2012) e de novo Inês Viana (base, Sub-18, 2012). Se isto não é evolução, então vou ali e já venho. Parabéns Portugal !!! Estamos no bom caminho.

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8 AGO 2012

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