“Este é um projeto aliciante!”
Lee Stringfellow aceitou integrar o projeto do SC Beira-Mar como novo treinador da equipa de sub16B em 2014/2015.

Competições | Treinadores
10 SET 2014
Em entrevista ao site do clube, o antigo jogador aborda o seu regresso à modalidade e o desafio de trabalhar com jovens.
Lee, obrigada, antes de mais, por esta entrevista. Comecemos por uma questão que provavelmente estará na cabeça de várias pessoas. Estás afastado do basquetebol há algum tempo… podemos saber porquê?
Sim, já lá vão uns anos… Isso deveu-se sobretudo ao acompanhamento que quis fazer dos meus dois filhos, ambos praticantes da modalidade. Como queria ir ver os jogos deles durante o fim de semana, o tempo depois não era muito para eu próprio treinar uma equipa. Digamos que este período serviu para passar mais tempo com a família e consolidar a minha atividade profissional na área da saúde e bem-estar, nomeadamente tudo o que diz respeito a serviços de spa (massagens, exfoliações, etc.). Agora que um dos meus filhos está em Vila Real, no Basket Clube, e o outro está nos Estados Unidos, os meus fins de semana passaram a estar mais livres. Como tenho mais tempo, irei aproveitá-lo para trabalhar com jogadores jovens.
E por que motivo aceitaste o convite do Beira-Mar?
Aceitei este desafio, porque o projeto é aliciante e a secção tem aqui um grupo de atletas que penso que pode dar frutos futuramente. E o Rui Pedro Nazário tem um empenho enorme, o que também motiva. A verdade é que muitas pessoas pensam que as coisas caem do céu, mas esquecem-se que há muito trabalho de base por trás disso. E quando há uma boa base, as coisas têm pés para andar. Estou aqui para ajudar, para fazer o melhor possível pelo clube. É verdade que tenho estado afastado, mas penso que conhecimento sobre o jogo de basquetebol tenho e isso pode ser transmitido a estes jovens. Por outro lado, também já tinha treinado durante 8, 9 anos antes desta paragem, por isso treinar não é propriamente uma experiência nova para mim. É apenas uma questão de voltar a habituar-me.
Quais as tuas expectativas para esta época que agora começa?
Tendo em conta que somos uma equipa B, o nosso objetivo principal passará por preparar os atletas o melhor possível para a próxima época. O mais importante, na minha opinião, não é quantos jogos vamos conseguir ganhar… Queremos prepará-los sobretudo para o passo seguinte, que será a equipa sub16A e, posteriormente, sub18, etc. Por isso, a ideia é trabalhar muito a todos os níveis: técnico, tático e físico. Coordenação, ressaltos… Irei insistir particularmente na defesa: enquanto atleta, adorava defender, e quero passar-lhes bases muito sólidas nessa vertente do jogo.
Podemos dizer que essa será uma das imagens de marca da equipa? A defesa?
Sem dúvida. A defesa ganha jogos, como todos sabemos. A defesa… e a eficácia da linha de lance-livre! Por isso, vamos trabalhar bastante esses dois aspetos. Apesar do pouco tempo que temos de treino, já deu para perceber que temos um grupo de atletas bom, motivado. E para aqueles que precisarem de ajuda com as aulas de Inglês na escola, já combinámos encontrar-nos, talvez uma hora antes do treino, para que eu possa dar-lhes algum apoio a esse nível. Penso que pode ser um bom incentivo para eles, não apenas para o trabalho que fazem no clube, mas também na escola, que tem de ser o mais importante nestas idades. Não garanto que vá resultar a 100%, mas vamos tentar! Um passo de cada vez…
Como te caracterizarias enquanto treinador?
Sinto que sou um treinador que compreende os jovens e tem alguma facilidade em estabelecer uma ligação com eles. Na minha opinião, isso pode ser uma vantagem. E quando vejo um miúdo a jogar, acho que consigo perceber se ele irá chegar longe ou não. Pelo que já vi neste pouco tempo no Beira-Mar, há aqui atletas que se permanecerem no clube, sobretudo quando chegar a altura de irem para a universidade, serão a base de uma equipa sénior forte. Têm potencial, são como um diamante em bruto: e o nosso trabalho, enquanto treinadores, é polir esses diamantes, para que deem frutos e dignifiquem as cores dos seus clubes. Mudando de assunto, e agora que estou a retomar o contacto com o basquetebol, reparei que algumas regras mudaram…
Sim, é verdade. Haverá por exemplo novas regras esta época relativamente aos 24 segundos…
Pois, já fui informado… Tenho de recomeçar devagar, consultar regulamentos, manuais… Passo a passo… 8 anos afastado é muito tempo! Vi bastantes jogos durante esse período, mas eram das equipas onde jogavam os meus filhos, o que é muito diferente. Acabava por me concentrar mais nas prestações deles, por isso… Lá está, tenho de fazer uma espécie de reciclagem, mas agora com o dia-a-dia dos treinos, as coisas vão ser mais fáceis.
E como está a correr a aventura de um dos teus filhos nos Estados Unidos?
O Gonçalo tem 20 anos e está a dar-se bastante bem lá. Está na Northwood University, na Florida. Está no segundo ano da faculdade e o objetivo dele este ano é entrar na equipa principal… Eles gostam muito dele, mas acham-no um pouco franzino. Disseram-lhe que tinha de ganhar 5 quilos durante o Verão e ele fez por isso. Veremos como correm as coisas… Entretanto, a pausa para as férias de Natal será de 8 de dezembro até à primeira semana de janeiro, por isso nessa altura ele virá fazer uns treinos aqui ao Beira-Mar, para manter a forma e motivar os miúdos.
Nunca jogaste pelo Beira-Mar, mas jogaste aqui no Alboi muitas vezes. Como era o ambiente aqui para os jogadores adversários?
Quando cheguei a Portugal, em 1986, fui para o Porto e nessa altura o Beira-Mar estava na 1.ª divisão, com uma excelente equipa. Éramos, de certa forma, rivais. Houve jogos muito bons neste pavilhão, com o Purvis Miller, o Henry… O Alboi foi provavelmente um dos pavilhões onde marquei mais pontos. Houve um jogo em que cheguei aos 44 ou 46, se não estou em erro… Excelentes recordações! Esses tempos é que eram… O basquetebol mudou muito nos últimos anos, tornou-se mais metódico… parece que os jogadores já não se divertem tanto. Quando jogava, via sempre os pavilhões cheios. No Porto, tínhamos sempre muita gente a ver os jogos. Em Ovar ainda era mais impressionante, porque o pavilhão era pequeno e a cidade vivia o basquetebol. Agora as coisas são diferentes: os pavilhões estão vazios, as pessoas já não conhecem os jogadores, há poucos atletas da formação dos próprios clubes nas equipas seniores. Nos últimos anos, como referi, vi apenas os jogos dos meus filhos, mas agora vou recomeçar. Vai ser bom. Penso que este desafio surge num momento em que o basquetebol poderá precisar do meu contributo e… vamos ver se consigo ajudar o Beira-Mar a consolidar este projeto de formação. Isso seria excelente!