Eurocup Women – Sonho desfeito
Quem não assistiu ao jogo de estreia da AD Vagos para a Eurocup Women ontem no Pavilhão dos Desportos, em Anadia, dirá que a formação portuguesa não teve andamento para contrariar as francesas do Nantes Rezé Basket face ao resultado desnivelado (39-70) com que terminou a partida.
Competições
3 NOV 2011
Mas quem marcou presença saiu certamente com um sentimento de clara desilusão face ao que o conjunto vaguense foi capaz de fazer em campo, pois claudicou no único aspecto que realmente faz a diferença: a concretização.
As expetativas para este embate eram elevadas. Havia uma enorme vontade de triunfar e dar um bom espetáculo. A estratégia montada mostrou claramente que a AD Vagos estava preparada e a forma como encararam o jogo demonstrava muita ambição. No primeiro parcial, assistiu-se a grande equilíbrio até ao último minuto, altura em que as francesas convertem dois triplos e finalmente conseguiram alguma vantagem. Até aqui nada de anormal à exceção da clara superioridade da AD Vagos na luta das tabelas, autenticas guardiãs da sua tabela, mas também do seu défice de concretização, pois não conseguiam materializar a superioridade em campo mesmo com segundos e terceiros lançamentos. Tudo era bem feito até ao momento de lançar a bola ao cesto. E se o primeiro período foi aziago, o segundo foi simplesmente agonizante e completamente atípico. A AD Vagos esteve quase 8 minutos sem conseguir marcar pontos na tabela adversária. Quem assistia estava incrédulo com a forma como alguns lançamentos eram falhados ou como a bola pura e simplesmente não entrava. A frustração crescia à medida que os minutos passavam e, claro, as francesas do Nantes, mesmo sem demonstrarem grande superioridade dentro do campo, lá foram amealhando pontos e dispararam para uma diferença enorme (10-35). Um desconto de tempo algo tardio pedido pelo técnico de Vagos fez alterar o rumo dos acontecimentos e a AD Vagos faz um parcial de 8-0 até ao intervalo. Só para se ter uma ideia do quanto o resultado de 35-18 ao intervalo a favor das francesas era injusto, a AD Vagos ganhou mais ressaltos (21 contra 19), dos quais 10 foram ofensivos contra apenas 2 das francesas, teve mais ataques e lançou mais vezes (36 lançamentos de campo contra 30). Então como é possível não replicar esta superioridade no resultado? Pior. Como é possível chegar ao intervalo a perder por 17 pontos se dominava praticamente todos os aspetos do jogo? É simples. No basquete ganha quem encestar a bola no cesto mais vezes ou consegue, com esses cestos, mais pontos do que o adversário. É este o factor que determina quem vence e quem perde. E foi claramente aqui que a AD Vagos perdeu. O seu adversário, apesar de mais forte e experiente, teria certamente saído de Anadia com as orelhas a ferver ou mesmo com o seu ritmo cardíaco debilitado não fosse a forma desastrada como as jogadoras do Vagos desperdiçaram lançamentos. A segunda parte trouxe mais do mesmo e as francesas do Nantes, bem comandadas pela internacional gaulesa Caroline Aubert, o motor da equipa, foram relaxando, cometeram menos erros e fizeram os mesmos 35 pontos da primeira parte. A AD Vagos, com percentagens de lançamento muito fracas (27,7% em 47 tentativas dos 2 pontos e 11,5% em 26 tentativas dos 3 pontos) para qualquer competição, seja ela nacional ou internacional, perde a sua grande oportunidade de fazer história nesta competição. Nem as suas duas atletas brasileiras conseguiram fazer a diferença. A única jogadora da equipa a esquivar-se desta malapata foi a extraordinária Joana Lopes, mais uma vez a fazer a diferença e a única a chegar aos dois dígitos (17 pontos e 12 ressaltos) mesmo apesar da fraca percentagem de concretização, sinal de que ainda assim sofreu o contágio das colegas de equipa. A nau da AD Vagos não “morreu na praia” como em outras situações, longe disso face ao resultado desnivelado, mas podia ter soltado amarras, largado velas e navegar rumo ao sonho europeu se as suas jogadoras tivessem estado em dia “sim”. Vamos ver se para a semana, frente às turcas do Optimum TED Ankara, conseguem dar outro colorido à sua exibição e, melhor ainda, recuperam animicamente já este domingo, em casa, frente ao GDEMAM para a Liga portuguesa. Nota positiva para a tripla de arbitragem oriunda da Bélgica, Espanha e Inglaterra que esteve em bom plano. Pavilhão Municipal dos Desportos, Anadia AD Vagos (39): Artémis Afonso (2), Inês Pinto (nj), Ana Teixeira (2), Mariana Alves, Joana Lopes (17), Inês Faustino (4), Lilian Gonçalves (2), Flávia Santos (8), Daniela Domingues (2), Sara Ressurreição, Carolina Anacleto (nj), Joana Jesus (2)Treinador: Nuno Ferreira Nantes Rezé Basket (70): Tiphaine Mélois, Caroline Aubert (18), Tania Boucand (nj), Sarah Michel (14), Johanne Gomis (4), Lenae Williams (14), Yuliya Andreyeva (5), Regina Palusna, Doriane Tahane (2), Aminata Diop (13)Treinador: Laurent Buffard