Futuras estrelas mundiais vão estar em Matosinhos
Vítor Carneiro é o presidente da Associação de Basquetebol do Porto (AB Porto), parceira da Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB) e da Câmara Municipal de Matosinhos na organização do Campeonato da Europa.

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15 JUL 2014
O líder da maior associação nacional da modalidade comenta a importância da realização deste certame e ambiciona que Ticha Penicheiro, estrela maior do basquetebol português, possa ter seguidoras na equipa dirigida por Mariyana Kostourkova. Confira nos detalhes da noticia.
– Qual a importância do Campeonato da Europa para o basquetebol português?
– Antes de mais, é preciso sublinhar que não se trata de um simples Campeonato da Europa. Não se pode, nem se deve, desvalorizar este acontecimento ou, sequer, torná-lo vulgar. Esta é uma prova que reúne as melhores atletas europeias – por conseguinte, também mundiais – com menos de 18 anos, por se tratar de Divisão A. Muitas destas jovens basquetebolistas, daqui por alguns anos, apenas poderão ser observadas através da televisão, seja pelas transmissões das principais ligas femininas europeias, do basquetebol universitário norte-americano ou, até, da WNBA. É disto que se trata quando se fala deste certame que decorrerá em Matosinhos. Este é um dos pontos mais altos que Portugal já acolheu, à semelhança do Mundial de juniores, que se realizou em 1999. Algo desta grandeza, com reflexos à escala planetária, apenas acontece em Portugal esporadicamente. Do ponto de vista organizativo é um desafio extremamente aliciante, já em termos desportivos é algo fenomenal. Desejamos que o público, não só aquele que está habituado a ver eventos desta modalidade, adira aos recintos, porque há fortes e importantes razões para que esta prova seja, nessa perspetiva, um êxito.
– E para a Associação de Basquetebol do Porto? O que implica?
– É um enorme motivo de orgulho ver reconhecido o trabalho desenvolvido no Europeu do último ano, de Divisão B e do escalão de sub-16. E é um enorme motivo de orgulho, também, que a cidade de Matosinhos tenha sido eleita para voltar a receber um campeonato deste género. Significa que as pessoas que se envolveram na estrutura organizativa da responsabilidade da Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB) e a autarquia desenvolveram um esforço que satisfez plenamente os altos padrões de exigência da FIBA Europe. Apesar da AB Porto não integrar a organização deste Campeonato da Europa, não deixou, contudo, de colaborar com a FPB em diferentes áreas, sempre que lhe foi solicitada e dentro das suas limitações.
– Que efeitos este acontecimento poderá ter no basquetebol português ou, mais especificamente, na região?
– Essa é uma questão pertinente, embora extremamente complicada de responder. Poderia ser desonestamente otimista e dizer que nada vai ser igual, que tudo se transformará para muito melhor… Não o faço. Terá, sim, efeitos positivos, óbvios e claros, infelizmente impossíveis de quantificar, por este certame não constar de um plano estratégico transversal à modalidade na área de jurisdição da AB Porto. Eu e o meu elenco diretivo tomámos posse em novembro último e temos o compromisso de candidatar a AB Porto à organização de vários pontos altos do basquetebol nacional e internacional, mas existem diversos aspetos a ponderar. Aquilo que pretendemos é integrar os eventos desportivos, sejam eles de pequena, média ou grande dimensão, numa estratégia comercial e de visibilidade mais ampla. Isto é, nada será feito apenas pelo impacto desportivo, nem nada terá em vista exclusivamente benefícios financeiros.
– Essa filosofia começará a ser implantada quando?
– A Associação de Basquetebol do Porto é a maior associação de basquetebol de Portugal e uma das maiores de modalidades amadoras, ultrapassando inclusivamente algumas de futebol. Temos uma responsabilidade perante mais de 4.000 atletas (distribuídos por 200 equipas), 30 clubes, 200 treinadores e 150 juízes. Organizamos competições distritais e inter-distritais que envolvem mais de 2.000 jogos anuais. É extremamente fácil compreender o trabalho hercúleo que desenvolvemos com a escassez de recursos ao nosso dispor. Mesmo assim, assumimos um compromisso de mudança e uma visão de futuro. Nenhuma ação será adotada de ânimo leve ou, simplesmente, com intenção demagógica. Aquilo que podem esperar de nós é uma linha de orientação ponderada e a tender para o profissionalismo. Esta filosofia está já a ser implantada, por estar já a ser equacionada. Os efeitos práticos é que apenas serão percetíveis mais tarde e nunca de uma forma brusca.
– Abordando o Campeonato unicamente pela vertente desportiva: o que espera de Portugal?
– Os resultados desportivos dos últimos anos apontam para uma importante evolução do basquetebol feminino em Portugal. Neste momento, duas das Seleções Nacionais competem na Divisão A (sub-16 e sub-18) e uma ascendeu, recentemente, ao mesmo patamar – ficam aqui as felicitações às atletas e à equipa técnica das sub-20 femininas. Porém, não podemos pensar que já vivemos no céu… Ambiciono que no próximo ano as três equipas possam competir na Divisão A. Reiteramos as palavras da selecionadora Mariyana Kostourkova, quando diz que a permanência é o objetivo de Portugal neste Europeu de Matosinhos. Pedir mais do que isso é desonesto. Do ponto de vista individual, é bom que as atletas nacionais desfrutem da competição. Que provoquem emoções positivas nos espectadores e tenham impacto nos muitos observadores de equipas e universidades estrangeiras, que, como é habitual, também estarão nas bancadas. Quem sabe nesta equipa não poderão estar seguidoras de Ticha Penicheiro?…