Já estamos na Lituânia!
Portugal volta a fazer história ao apurar-se para a fase final do Campeonato da Europa, que se disputa de 31 de Agosto a 18 de Setembro, na Lituânia, isto depois de ter vencido, na Hungria, a equipa da casa, por 66-57.
Competições
18 AGO 2011
Foi uma equipa com enorme personalidade, coragem e maturidade aquela que se exibiu esta quinta-feira, sabendo gerir a vantagem pontual conquistada na primeira parte, fruto de 20 minutos de sonho, numa clara demonstração que tem valor e merece estar por mérito próprio no palco do melhor basquetebol europeu. Parabéns a todo o grupo de trabalho, que mesmo nos piores momentos soube sofrer como todas as grandes equipas, enchendo de alegria todos aqueles que vivem nestes tempos difíceis com a modalidade do basquetebol.
Um começo de jogo fantástico foi o prenúncio para um final de festa que viria a acontecer. Foi uma equipa portuguesa com enorme determinação. e por que não dizer coragem, aquela que se apresentou na Hungria, perante um adversário, convém lembrar, que jogava tudo neste encontro. Desde muito cedo que se percebeu que os jogadores nacionais estavam com a mão quente, e quando isso acontece tudo se torna mais fácil em termos ofensivos. Mas não foi só no lançamento que Portugal melhorou. A forma como soube jogar os bloqueios directos, lendo bem as vantagens, quer através dos triângulos ofensivos para jogar com o bloqueador que desfazia, como também para explorar os lançadores do lado oposto à bola. Tudo somado fez com que a equipa nacional jogasse com outro dinamismo no ataque, jogadores mais activos, e com mais gente a contribuir em termos ofensivos. Este terá sido um dos aspectos fundamentais deste jogo, pois para além de termos conseguido melhorar no jogo interior, os jogadores que saltaram do banco – Minhava, Tavares, Cunha e Cláudio – contribuíram com pontos, tendo sido capazes de manter o rendimento e o ritmo elevado do jogo.A fase menos boa da turma nacional no final do 1º período que fez com que a equipa terminasse os primeiros 10 minutos a vencer pela diferença mínima (20-19), mas não fez Portugal claudicar, bem pelo contrário. Funcionou como alerta para aquilo que teria de ser feito caso quisesse estar no próximo Europeu. E no segundo quarto voltou a estar muito bem em termos defensivos – 9 pontos sofridos -, enquanto em termos ofensivos deu um grande recital ao apontar 25 pontos, que lhe permitiu ir para tempo de descanso com a confortável vantagem de 17 pontos (45-28). O sucesso ofensivo não foi apenas conseguido pelo facto de ter acertado os lançamentos de longa distância (47% de 3 pontos), mas também pelas correctas leituras dos ritmos de jogo e mais um fantástico desempenho na luta das tabelas (24-18).Quem jogou basquetebol sabe bem o quanto é difícil manter vantagens pontuais, isto porque, e tal como sucedeu com Portugal, torna-se por vezes complicado gerir a forma de jogar com o dilema de fazer correr o tempo sem perder ofensividade. Foi esse o problema da Selecção portuguesa no 3º período, já que tanto quis jogar com o relógio que a determinada altura parecia já não saber atacar o cesto. Os pupilos de Mário Palma abanaram mas não caíram, mesmo quando os magiares se colocaram a 7 pontos (45-52). Valeu à equipa nacional a forma positiva como terminou o quarto, conseguindo afrouxar o ímpeto da formação adversária, ao mesmo tempo que contribuía para estabilizar e dar confiança para o derradeiro período (55-45).Às vezes o melhor ataque acaba por ser o aproveitamento das situações fáceis de lançamento, assim os níveis de confiança o aconselhem a fazer. Foi isso que João Santos fez no começo do quarto período, que com 8 pontos consecutivos, sendo os primeiros 6 fruto de duas bombas de três pontos (61-48), colocou Portugal muito próximo do Europeu da Lituânia. Até final o jogo voltou a não ser muito bem jogado, com Portugal a gerir a vantagem que voltou a subir para os 17 pontos, tendo na parte final do encontro voltado a evidenciar os problemas do fim da primeira parte.Mas nesta altura já só se sofria com o final do jogo, pois já se percebia que a vitória não iria fugir da Selecção portuguesa, resultado que colocava Portugal no próximo Campeonato da Europa, que terá o seu inicio no dia 31 de Agosto na Lituânia. O final foi naturalmente de festa, pois pela terceira vez o país vai estar representado num Campeonato da Europa, um enorme prémio para este grupo de jogadores, alguns nada jovens, que se disponibilizaram e se sacrificaram para trabalhar arduamente durante estas últimas semanas, sob o comando técnico de uma dupla de treinadores que desde o primeiro tempo não teve qualquer receio em colocar a fasquia o mais alto possível. Uma vez mais ficou provado que com trabalho tudo é possível e desenganem-se aqueles que pensavam que iria ser fácil esta fase de apuramento.Num período tão difícil como aquele que a Federação Portuguesa de Basquetebol está neste momento a atravessar, esta conquista vem reconfortar o seu Presidente Mário Saldanha, que nunca escondeu que apostava tudo nesta qualificação, provando que as suas opções e a sua crença faziam sentido para além de estarem correctas. Mas falta disputar um jogo e o segundo objectivo desta fase de apuramento (1º lugar do grupo) ainda está por atingir. E olhando para os grupos do Campeonato da Europa não é bem a mesma coisa ser primeiro ou segundo nesta fase. Há que trabalhar agora para tirar partido no futuro.Para a história fica o fantástico contributo colectivo de toda a equipa, que esteve no seu todo fenomenal, ainda que individualmente João Santos (16 pontos e 7 ressaltos) tenha sido decisivo no fugir em definitivo no marcador, José Costa (10 pontos e 2 ressaltos) e Filipe da Silva (3 pontos, 4 ressaltos e 8 assistências) na forma como impuseram os ritmos de jogo, Carlos Andrade (6 pontos e 11 ressaltos) pela sua habitual combatividade e para a dupla interior formada por Elvis Évora (5 pontos e 4 ressaltos) e Cláudio Fonseca (4 pontos e 5 ressaltos) que deu outra dimensão ao jogo ofensivo da equipa.A Selecção Nacional chega ao aeroporto de Lisboa esta sexta-feira, às 18 horas.Foto: Seppo Tuomaala