Jamboree de fora da lista do Turismo
Quase um ano depois da candidatura, a ABIT ainda não sabe se o Jamboree Nacional de Minibasquete será ou não apoiado pelo Turismo.
Associações
1 FEV 2008
O organismo governamental distribuiu em 2007 mais de um milhão e meio de euros para eventos promocionais; à associação chegou zero.
No dia 6 de Março de 2007, a Associação de Basquetebol da Ilha Terceira (ABIT) entregou à Delegada do Turismo da ilha uma candidatura a um apoio da Direcção Regional de Turismo, de acordo com o Decreto Legislativo Regional nº18/2005, que estabelece o regime de apoios financeiros a iniciativas que promovam externamente a Região. Simplificando, pediu um apoio para ajudar a pagar as despesas de organização do Jamboree Nacional de Minibasquete, que custou mais de trinta mil euros e trouxe aos Açores mais de uma centena de pessoas, entre atletas, técnicos e acompanhantes.Na candidatura disponibilizou todas as informações solicitadas e fez a caracterização da iniciativa, que decorreu na Terceira entre 30 de Março e 7 de Abril. Discriminou todas as despesas e apresentou o projecto, para além da sua vertente desportiva, como “uma oportunidade de dar a conhecer a ilha, o arquipélago, bem como os seus produtos, contribuindo desta forma para o incremento da actividade turística, uma vez que estarão presentes durante uma semana na Ilha Terceira os dois melhores atletas de cada uma das associações do país, acompanhados por treinadores e familiares, possibilitando assim um vasto conhecimento sobre o arquipélago e fazendo com que sejam verdadeiros mensageiros das belezas naturais dos Açores, convidando futuros visitantes”… Onze meses depois, continua à espera…O presidente da ABIT, estranha “a demora” com que o projecto está a ser analisado “e as respostas” que tem tido. Segundo Luís Bettencourt, “no início de Março contactamos a Delegada de Turismo da Terceira, que sempre achou que o processo se desenrolaria sem problemas. Entretanto o evento foi efectuado e em Agosto voltamos a contactar a Delegação de Turismo, que nos informou que o projecto estava ainda em análise e que possivelmente seria aceite, não sabendo apenas com que verba seria contemplado”. Depois disso voltaram os tempos de espera, indefinição e a insistência junto da Delegação, “até que no mês de Dezembro”, refere, “fomos informados que em Abril tinha sido enviado um ofício para a ABIT (que nunca chegou à Associação) a pedir outros elementos sobre o evento”.Turismo adia respostaO projecto de candidatura cumpriu os requisitos legais e segundo o responsável associativo “justificava claramente um apoio, porque andamos a promover a ilha e a região no continente”. O ofício que alegadamente foi enviado para a ABIT em Abril, e que segundo Luís Bettencourt “nunca chegou à Associação” pedia informações sobre outros apoios à iniciativa. Após saber do teor do mesmo, “respondemos imediatamente”, refere o dirigente. “Fiz um contacto telefónico com a pessoa responsável por esta matéria, que me referiu que tudo seria despachado, mas até hoje, nada”. Contactada pelo Jornal, a Delegada do Turismo da Ilha Terceira ‘sacode a água do capote’. Como se nunca tivesse ouvido falar da questão, disse-nos simplesmente que “a Delegação “não tem influência na análise dos projectos”, e que teríamos de contactar “a Directora Regional, Isabel Barata ou a Dona Conceição Macedo”. Cumprimos as instruções e fomos atendidos pela segunda, que foi rápida em informar que se quiséssemos outros dados teríamos de fazer “um pedido por escrito à Direcção Regional”. Após insistência, lá se dignou a falar sobre a situação, referindo que, “quem enviou a candidatura sabe porque razão o projecto não foi apoiado. Nós solicitamos outros dados e estes nunca chegaram, daí o atraso”. Daí o projecto “ter transitado de 2007 para 2008… Agora estamos a analisá-lo e depois daremos uma resposta”.Uma resposta que não satisfaz a Associação de Basquetebol da Ilha Terceira, que termina referindo que, “enquanto isso, vemos outros projectos que nada têm a ver com o nosso, a ser apoiados pelo Turismo”. Por tudo isso, diz o presidente, “espero que este não seja um dossier fechado pela Direcção Regional, porque se assim for é grave”.Em 2007 a Direcção Regional de Turismo distribuiu, ao abrigo deste decreto nº18/2005, cerca de 1 milhão e setecentos mil euros, a associações e particulares que apresentaram projectos de iniciativas ou eventos de animação turística ou com impacte significativo na promoção externa dos Açores. Isto para além dos apoios dados a diversas instituições, de que são exemplo alguns clubes que participam em competições nacionais e a outras iniciativas promocionais… O Jamboree ficou em branco.Apoios curiosos e volumososDe acordo com a lei, os subsídios do Turismo apoiam “iniciativas, acções e eventos de animação turística ou com impacte significativo na promoção externa do destino turístico Açores”. À luz destes pressupostos, é importante analisar a lista de apoios dados a algumas iniciativas.Sem querer pôr em causa a legalidade de nenhum deles, é curioso saber que foram entregues, por exemplo, 10 mil euros a Nagib de Souza para um “projecto de desenvolvimento de ferramentas para o apoio e divulgação do surf nos Açores”; 5 mil euros a Carla Bulhões, Miss Turismo Açores; 8 mil euros a Maria Isabel Rodrigues, para “promover a Ilha de São Miguel”; ou 28 mil euros a Manuel da Cruz Marques, presidente do Santa Clara, para a organização do “jogo das Autonomias”, entre aquele clube e o Marítimo da Madeira. Outros projectos, menos curiosos, impressionam pelo dinheiro despendido pelo erário público. Exemplos? Os 100 mil euros entregues a uma Fundação da Ribeira Grande para a organização da Festa do Foral; os 60 mil euros para o Plano de actividades do Clube Naval da Horta; os 70 mil euros entregues a David Tavares pelo projecto “Worldconnex Summit 2007”; ou os 100 mil euros para a construção de infra-estruturas do Movimento dos Amigos da Rocha.Para os mais curiosos a lista completa encontra-se disponível no Jornal Oficial dos Açores nº 15, II Série, de 22 de Janeiro de 2008, que pode ser consultado através da Internet no portal do Governo Regional.