João Freitas em entrevista

O arranque oficial da equipa madeirense é já no próximo dia 17 de Setembro, dia em que, em princípio, começam os treinos do grupo.

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4 OUT 2012

Neste momento, a Direcção e o treinador da equipa estão profundamente envolvidos na preparação do plantel. Porém, o site oficial do CAB aproveitou uma pausa nesse trabalho para entrevistar o treinador João Freitas.

Fiel a si mesmo e ao seu estilo muito próprio, João Freitas falou abertamente sobre a época passada e os problemas que o grupo de trabalho teve de enfrentar. Falou também sobre o futuro, sobre as ambições da Equipa Masculina para a época que aí vem, sobre o Desporto Regional e sobre muito, muito mais. Deixamos aqui registada uma entrevista a não perder, pela qualidade do diálogo trocado e pela visão única que a mesma nos oferece sobre a forma de trabalhar e de ser do homem que lidera a equipa masculina madeirense. A época passada foi uma de muitas dificuldades para o CAB. De que forma é que condicionou o trabalho da equipa?Todos os factores que sejam fora da normalidade sempre condicionam o trabalho da equipa. Como gostamos de trabalhar de uma forma séria, planeada e com objectivos bem definidos, tudo o que se passou o ano passado e que culminou com a nossa desistência na meia-final teve reflexos muito negativos. Aquela que podia ter sido uma excelente época ficou manchada por todas as situações que tivemos que viver e ultrapassar. Mas o que ainda hoje mais sinto, foi não termos tido a oportunidade de receber uma ovação dos nossos adeptos e sair de cena de uma forma muito atribulada. Sinto que vivemos com os nossos apoiantes uma época muito positiva e ficou um adeus por dizer. Mesmo assim, apesar das dificuldades, a equipa teve uma das melhores prestações de sempre em termos qualificativos. Como explica esse feito?Temos um conjunto de jogadores, treinadores, uma directora, dois fisioterapeutas, dois treinadores que são preparadores físicos e uma Direcção que tudo fizeram para que, apesar das contrariedades, a época fosse vivida da forma digna que foi. Ano após ano, o CAB tem tido prestações extremamente competitivas, mesmo contra equipas que têm quatro ou cinco vezes o seu orçamento. Acha que o Clube tem recebido o reconhecimento e o respeito que merece por tudo o que tem feito?No quadro da conjuntura actual, é difícil responder a essa pergunta sem ferir sensibilidades. Acredito que todos os dirigentes de todos os Clubes e Associações fazem o melhor que podem e sempre se vão sentir menorizados. A minha opinião no entanto mantém-se há muito tempo. É necessário fazer escolhas e potencializar as equipas que, pelo seu passado e presente, possam ser a afirmação do projecto desportivo madeirense. Ficar nos quatro primeiros ou ir aos playoffs, deixa de fazer muito sentido quando andamos há muitos anos nestas andanças. Queremos ganhar e queremos que isso não seja esporádico. Para isso o apoio tem que ser canalizado e condicionado. Não é possível apoiar tudo e todos. Mas quero ressalvar que o que se gasta no desporto é uma ínfima parte do que se devia gastar. Penso que a culpa será nossa, de todos os agentes desportivos que não temos sabido ou não temos querido passar a mensagem. O desporto como a parte mais importante das vertentes do homem e da sociedade. A preservação da saúde, o respeito das regras de ética e responsabilidade, da superação constante, dos exemplos, da solidariedade, do trabalho em grupo. De entender que formação desportiva é formação cívica. É não ter tantos problemas de obesidade, é prevenir, é ajudar, é saber estar em grupo é, é, é … Isto tudo junto, em que outra actividade se consegue? É urgente que se passe esta mensagem, senão qualquer apoio ao desporto é motivo de criticas ignorantes de quem tem do desporto uma noção menor. Todas as grandes potências se afirmam pelo desporto. Porque é que nós, na Madeira, começando pela escola, passando pela formação nas escolas e clubes, não podemos ser um exemplo das políticas a seguir para que em todos os finais dos ciclos Olímpicos não se oiçam sempre as mesmas vozes a dizer que o sistema tem que mudar se queremos campeões? De que forma é que a época 2012-2013 está a ser preparada?Com muito cuidado e responsabilidade. No entanto sinto que ainda andamos sobre areias movediças. Quero muito acreditar que a situação vai melhorar. Quero muito acreditar que os responsáveis serão responsáveis. É melhor acabar de uma forma muito séria do que os projectos acabarem de forma desprestigiante. É necessário que a imagem construída ao longo de muitos anos se possa retomar e que o ano passado tenha sido só uma fase conturbada que saberemos ultrapassar. Mas temo muito pelo futuro. Quais são os principais objectivos da equipa para a época que se aproxima?Se conseguirmos assinar os jogadores que nos propomos, se tudo correr dentro da normalidade dentro e fora de campo, se forem respeitados os compromissos assumidos e se tantos mais ‘ses’ que não dominamos decorrerem dentro da normalidade, queremos a melhor classificação de sempre. É importante notar que, no quadro da actual conjuntura, é mais fácil conseguir bons jogadores por menos dinheiro. Há muita oferta e a procura é reduzida. O CAB é a equipa com mais jogadores na Selecção Nacional de Basquetebol, contribuindo com cinco jogadores para o grupo de trabalho. Esse facto orgulha-o?Estou eu muito orgulhoso, como o devem estar todos os que trabalharam para que tal acontecesse, dentro e fora do campo. É a prova que o CAB é um Clube que trabalha bem e no qual os jogadores sentem que têm espaço para evoluir e serem melhores do que foram quando chegaram cá. A desistência do FC Porto da Liga surpreende-o?Muito. Ainda por cima, porque já tinha muitos jogadores já assinados, o que faria a equipa outra vez muito competitiva. Mas penso que, além do que se diz por aí, esta desistência do Porto está muito mal contada. Os factores não foram de certeza só financeiros. Mas não entro em conjecturas e opiniões que são só as minhas. O afastamento voluntário dos ‘dragões’ significa que o CAB pode traçar metas mais ambiciosas em termos de qualificação final?Um lugar acima, ficamos com certeza. Só houve um ano em que o CAB se classificou à frente do Porto. Como já referi em cima a classificação final depende de muitos factores. Pela ambição, queremos ser primeiros. É possível falar de títulos no futuro próximo da Equipa Masculina?É. Mas, aí, voltaríamos aos ‘ses’. Vai iniciar mais um ano à frente da Equipa Masculina do CAB. Como explica a sua continuação na liderança da equipa, estando nós num país onde existe uma grande tendência de renovar muito frequentemente os treinadores e os técnicos?Essa pergunta tem que ser feita aos Presidentes da Direcção actual e anterior. Eles é que nos mantêm e que nos dispensam. Eu por mim quero crer que é pela competência, trabalho e liderança. Mas, acima de tudo, acredito que é pela muita honestidade que existe numa relação que sempre é aberta, de respeito e de traçar metas comuns.

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4 OUT 2012

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