«Jogar sempre para ganhar»
Numa entrevista concedida ao Diário Insular, o treinador analisa pormenorizadamente o plantel que esta época tem à sua disposição e considera ter condições para repetir a performance da temporada transata.
Competições | Treinadores
3 NOV 2012
Nuno Barroso aborda também os problemas financeiros e diretivos do Lusitânia, que, garante, em nada afetaram o trabalho da equipa.
Contava com Ricky Franklin e com Brian Mills para integrar o plantel que, entretanto, já arrancou a sua participação na Liga Portuguesa de Basquetebol, época 2012/13?Do ponto de vista teórico, contava. Na prática, sabia que seriam opções difíceis de concretizar, pois foram jogadores que se valorizaram muito na época passada e que, de certeza, teriam propostas que o Lusitânia não poderia acompanhar. Foi o que aconteceu. É evidente que ponderei a renovação destes dois elementos, mas também sabia que teriam de existir soluções alternativas.A componente financeira, face à conjuntura atual, é cada vez mais uma preocupação em tudo o que envolve a constituição de um plantel? É sempre importante e, na atualidade, maior importância assume. É determinante, nomeadamente, para a qualidade no recrutamento dos jogadores.É daí que surge, também, esta continuidade que tem marcado o plantel do Lusitânia desde 2009/10, ano do título da Proliga?A continuidade não resulta de questões estritamente financeiras. Está relacionada, sobretudo, com a opção de manter um conjunto de jogadores que formam a base e o sustento da equipa e que tem, de facto, apresentado resultados muito satisfatórios. É uma opção técnica que tem sido ganha.Mas são jogadores que, à semelhança de Brian e Ricky, também se têm valorizado ao longo dos anos… Evidentemente. Atletas como Mohamed Camará e Marcel Momplaisir, mas também Augusto Sobrinho, têm-se valorizado. Todos estes jogadores têm a suas expetativas profissionais e serão, certamente, sensíveis a eventuais propostas mais vantajosas. Mas penso que o clube, apesar das dificuldades, tem conseguido dar esta resposta.O Daniel Monteiro tem apresentado estatísticas importantes neste arranque de época. É um dos principais “reforços”?Sem dúvida que é um reforço para a equipa, isto considerando que esteve quase toda a época passada parado devido a lesão, realizando apenas a parte final da temporada, embora bastante condicionado. Neste momento, mesmo não estando ainda a 100%, encontra-se já muito próximo disso e é um elemento, sem dúvida, capaz de oferecer à equipa grande qualidade de jogo.O que espera de Durrel Nevels e de Jeremy Goode? O recrutamento destes dois atletas resulta da intenção de trazer para a equipa jogadores que conheçam a realidade desportiva e competitiva do basquetebol português. Esperamos deles, sobretudo, o que foram capazes de fazer em épocas anteriores em Portugal, pois já provaram ter qualidade. Ninguém está no plantel para “salvar a equipa” e cada um terá as suas funções. Estes dois atletas inserem-se neste contexto.O Jeremy já demonstrou ter qualidade para substituir Ricky Franklin com eficácia? O Ricky era um base muito completo e forte defensivamente. Com o Jeremy, do ponto de vista defensivo, algumas soluções antes utilizadas não serão possíveis. No entanto, o Jeremy, no plano ofensivo, tem argumentos muito fortes, com grande capacidade de penetração e, defensivamente, também é um jogador muito interessante. O Durrel é um guerreiro, que luta muito nas tabelas e nos ressaltos, procura muito os segundos lançamentos e é um jogador muito rápido em transição. São estas qualidades que pro- curamos que coloquem ao serviço da equipa.O Durrel Nevels é um “namoro antigo”? O Durrel é alguém bastante empenhado, trabalhador e integrou-se muito bem no nosso meio. Estes aspetos comportamentais e de personalidade, associados às qualidades físicas e técnicas, são determinantes para o recrutamento. Em face deste conhecimento, o Durrel passou a ser uma prioridade e levou vantagem em relação a outros jogadores que constavam no plano de recrutamento.Este é um grupo que se equipara em termos de qualidade ao da época passada?Sim, mas iremos, provavelmente, apresentar um estilo de jogo um pouco diferente, pois existem jogadores com caraterísticas dife-rentes. Mas, no cômputo geral, o rendimento será idêntico. Tenho poucas dúvidas em relação a isto e temos condições para repetir a performance da temporada passada.Que papel está reservado para os “jogadores da casa”? Espero deles o mesmo que espero dos restantes. Acima de tudo, que evoluam do ponto de vista técnico e comportamental e saibam aproveitar as oportunidades, de modo a que possam ser cada vez mais importantes na estrutura da equipa. Penso que, na época passada, o David Tavares registou uma evolução assinalável e, inclusive, participou de forma mais consistente na parte final da temporada. Este ano, o David continua a mostrar condições para manter este processo de evolução. Já o Miguel Freitas, na minha opinião, estagnou um pouco em relação à primeira época, mas, nesta primeira fase da nova temporada, tem demonstrado muito empenhamento no sentido de dar um salto de qualidade. Tem, claramente, condições para o fazer. O Pedro Matos é um jogador que está agora a começar no Lusitânia e precisa de melhorar alguns aspetos relacionados com a abordagem ao treino e ao jogo. Está a fazê-lo. Quanto ao Carlos Dias, é um atleta mais maduro e sabe que contributo pode oferecer à equipa. De um modo geral, estou satisfeito com a sua prestação e será um jogador importante na rotação no jogo interior.De uma forma concreta, quais são os objetivos do Lisitânia para 2012/13?A manutenção na Liga Portuguesa de Basquetebol. Isto passa pelo 10º lugar. A partir daqui, vamos lutar pela melhor classificação possível. É este o objetivo que está traçado, na certeza de que iremos jogar sempre para ganhar. “Sem focos de instabilidade” Os problemas financeiros e diretivos que o Lusitânia atravessa são públicos, mais recentemente originaram algumas incertezas quanto ao futuro do futebol e basquetebol, pois chegaram a estar em causa as deslocações das equipas, algo confirmado pela própria Comissão Executiva. No caso do Basquetebol, até que ponto esta situação tem influenciado a tranquilidade do plantel na preparação da nova época?O que posso acrescentar é que esta situação não influenciou em nada o trabalho e a preparação da equipa. Temos tentado – e penso que temos conseguido – manter distanciamento em relação a estas questões, na certeza de que o clube possui uma Comissão Executiva que tem tratado destes assuntos da melhor forma. Sabemos que o clube está em boas mãos e resta-nos fazer o nosso trabalho, sem qualquer influência negativa.Mas não causa, pelo menos, ansiedade quando é a própria Comissão Executiva a assumir que as deslocações podem estar em risco?Até agora não, pois o diálogo tem sido sempre positivo, aberto e todos estes acontecimentos são do conhecimento da equipa. Até agora, não tem existido qualquer foco de instabilidade e nem qual- quer dificuldade para o trabalho da equipa de basquetebol do Lusitânia.