Michelle Brandão: «Tive dias bons e maus»
O problema no joelho ainda não está definitivamente superado, mas a portuguesa que está a jogar na Universidade de Old Dominion (por onde passaram Ticha Penicheiro e Mery Andrade) tem vindo restabelecer-se aos poucos, ganhando confiança com as vitórias.

Atletas | Competições
2 JAN 2014
Nesta entrevista Michelle aborda a sua vida nos Estados Unidos, o sorteio da Seleção Nacional e muito mais… Não perca, nos detalhes desta notícia.
Foi um calvário longo e difícil de superar?Sim. Talvez a fase mais difícil enquanto atleta. É uma lesão complicada com muitos altos e baixos. Houve alturas em que foi difícil manter a motivação. Tive dias bons e dias maus. As pequenas vitórias que ia tendo ao longo da semana e a vontade de voltar a jogar foi o que me deu motivação durante estes longos meses. Ainda não estou a 100%, há certos movimentos que ainda não me sinto muito confortável, mas com treino as coisas vão melhorando.Como é a sua rotina de trabalho num dia normal de semana? Neste momento estamos de férias. Por isso, só tenho que me preocupar com treinos e jogos. Às 10h tenho fisioterapia e depois vou almoçar, volto a ter “fisio” antes do treino. Temos treino da 1h as 4h (normalmente inclui o scounting). Adicional aos treino temos musculação 2x/3x por semana e scouting individual. Às vezes no final do dia, se o meu joelho sentir bem, vou lançar ou fazer algum trabalho específico. Num dia de aulas, teria aulas a meio da manhã (2 horas) e o resto seria igual.Agora que regressou à competição, sente que alguma das suas faculdades como atleta ainda está longe do seu melhor?Sim, sem dúvida. Como disse antes há certos movimentos que ainda não me sinto muito a vontade. Penetrar e absorver o contacto são coisas que mesmo inconscientemente tento evitar. O meu sprint e as mudanças de direção ainda não são os mesmos. Por agora são coisas que tenho que ajustar mas penso vira com naturalidade à medida que jogar mais.É muito diferente jogar na posição de 1º base em Portugal e no basquete universitário norte-americano?Sim. É diferente porque o estilo de jogo é diferente. É um jogo mais rápido e mais físico. Por isso, os defesas que encontro são físicos e rápidos. Mas há coisas que nunca mudam, como manter a equipa organizada e controlar o jogo.Continua a destacar-se pelas assistências que faz. Dentro das movimentações da equipa tem um papel mais de organizadora? Ou será uma questão de tempo até que readquiras hábitos ofensivos? Eu não mudei a minha maneira de jogar só porque vim para aqui. Eu sempre procurei por as minhas colegas na melhor posição para marcar e tento fazer o mesmo aqui. Essa será sempre a minha prioridade. Quero acima de tudo tomar boas decisões, lançar quando tenho que lançar, passar quando essa for a melhor opção. Neste momento, essa é minha preocupação. Muitas vezes quando esta muito tempo parada há erros que cometemos porque não estávamos no ambiente de jogo a muito tempo. O meu objetivo é fazer mais coisas a medida que me sinto mais confortável em jogo.O facto de ser portuguesa e jogar em Old Dominion faz com que a associem a jogadoras que por aí já passaram?Sim, bastante. As pessoas aqui adoram as jogadoras portuguesas que por aqui passaram. Eles tem muito respeito por nomes como Ticha Penicheiro e Mery Andrade. Nomes esses que ainda continuam a ser muito falados.A equipa está a corresponder às expetativas? Tivemos alguns jogos que podíamos ter ganho mas o nosso objetivo é ganhar a conferência. Neste momento ainda estamos a jogar jogos fora que conferência o que nos vai ajudar na preparação para a conferência.Podemos contar com uma Michelle a 100% no próximo verão? E com desejo de poder integrar o grupo de trabalho da Seleção Sénior feminina. Eu espero estar a 100% bem antes da Seleção. Ir à Seleção é e será sempre um objetivo meu enquanto jogadora. É um orgulho representar o meu país em grandes eventos.Certamente já sabe qual é o grupo de Portugal (Itália, Letónia e Estónia). Quer fazer um pequeno comentário sobre as equipas que saíram em sorte? Sim. É um grupo bastante difícil. Itália e Letónia são seleções que costumam estar nas fases finais do europeu. Mas se Portugal quer estar no top tem que jogar com este tipo de equipas. A pouco tempo Portugal costumava ficar nos últimos lugares nos europeus das seleções jovens. Agora temos as sub-16 e sub-18 na divisão A e as sub-20 também já lá estiveram que mostra o desenvolvimento do basquetebol feminino. Por isso, acho que estamos no bom caminho.