“Nas primeiras duas noites, dormi com a medalha, só para ter a certeza de que não se ia embora!”
A Seleção Nacional feminina de 3x3 deu espetáculo em Tarragona, nos Jogos do Mediterrâneo, com a conquista da medalha de bronze, num grande momento para o nosso basquetebol! Ana Sofia Rua, que alinha no Canadá, na Brock University, foi uma das jogadoras da equipa da quinas, e em entrevista à FPB deu conta da sua felicidade, abordando também o seu futuro.
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6 JUL 2018
Medalha de bronze nos Jogos do Mediterrâneo após uma fantástica campanha, com a presença na final a ficar bem perto. Superou as vossas melhores expectativas esta participação? Ou a conquista do ouro era um objetivo?
Pessoalmente, gosto sempre de sonhar com o primeiro lugar quando parto para uma competição. Sabíamos que seria difícil fazê-lo, mas perder por um ponto com Espanha e França veio sublinhar a nossa qualidade. Não foi, portanto, assim tão absurdo pensar no ouro à partida.
Quais as principais razões que ditaram este desfecho? Foi complicado superar um eventual reduzido entrosamento entre as quatro?
A Emília, a Josephine e a Sofia já haviam estado juntas em centros de treino, estágios e seleções por várias vezes e todas me “receberam” muito bem, pelo que foi muito fácil perceber o que cada uma de nós tinha para dar. No entanto, tivemos escassas oportunidades para treinar – tendo em conta as diferentes regras de 3×3. Por isso, talvez com mais treino pudéssemos ter chegado ainda mais longe.
O que achaste da competição, tendo sido uma estreia nacional? O que mais te atrai na variante de 3×3?
É uma variante de basquetebol que pode vir a trazer muito ao nosso país. Em termos olímpicos, juntar 12 atletas com capacidade para competir pode ser muito desafiante, mas preparar “apenas” quatro é mais acessível. Assim, o 3×3 é uma janela de oportunidade para Portugal se afirmar ainda mais no basquetebol. O 3×3 é um jogo onde a racionalização do erro não tem espaço. Embora isso seja um desafio, faz com que os jogadores esqueçam as falhas rapidamente e passem para a próxima jogada de imediato, sem questionar decisões dos árbitros ou reagir negativamente ao comportamento dos adversários!
O que significou para ti ganhar uma medalha ao serviço do teu país?
Foi absolutamente mágico, um momento sem igual. Nas primeiras duas noites, dormi com a medalha, só para ter a certeza de que não se ia embora! É sempre um orgulho enorme poder representar as cores nacionais, mas ser pioneira nesta competição e trazer logo uma medalha de volta é sensacional! Espero também que, num futuro próximo, esta medalha possa significar que o 3×3 está a ganhar mais e mais espaço no nosso país e que estaremos prontos para competir nos Jogos Olímpicos.
Alinhas no Canadá, na Brock University. Como está a ser essa experiência? Quais os objetivos para o futuro, a curto/médio prazo?
No primeiro ano, questionei-me por várias vezes se tinha sido a decisão certa. Acho que é normal. Novo país, nova língua, novo sistema educacional e novo modelo de jogo – tudo ao mesmo tempo. Foi duro, desafiante, difícil. As saudades de casa gritavam constantemente. No entanto, apaixonei-me pelo Canadá (uma das sociedades mais avançadas e estáveis económica, social e politicamente do mundo), falo inglês fluentemente, estou a estudar o que quero e fui cinco inicial nesta última temporada. Trabalho muito diariamente, com treinos às 6h30 e aulas até às 22h, mas não posso dizer que não tenho sorte. Para o futuro, ele próprio dirá. Tenho vários planos: uns envolvem regressar a casa, outros não. Encontrei o meu espaço no Canadá, mas não me esqueço de que Portugal é o meu país e guardo sempre o carinho muito especial pelo país em si e por quem cá fica.