“O sonho tornou-se realidade, a subida era uma certeza, jogar a final era um prémio coletivo”
A Seleção Nacional de Sub16 femininos encantou no Europeu de Sófia, depois de alcançar o segundo lugar e a consequente subida à Divisão A.
Competições
4 SET 2019
A FPB entrevistou a equipa técnica da turma das quinas, composta pela treinadora Mariyana Kostourkova e pelos adjuntos João Janeiro e André Janicas.
Vice-campeonato europeu, subida de divisão, percurso de sete vitórias e uma derrota, e Ana Barreto no cinco ideal. Esperavam uma campanha fantástica como esta, no Europeu?
Fomos percebendo ao longo da preparação quais as características que podiam potenciar o nosso grupo. Dispor também de oito jogadoras no grupo final do CAR, a trabalhar durante o ano juntas, foi uma vantagem.
Partimos com um princípio, de que contra quem jogássemos tínhamos de obrigar os adversários a jogar longe do cesto, o maior tempo possível. Ganhámos uma identidade ao longo da preparacão.
Criar desconforto às seleções no seu jogo ofensivo era um objetivo sempre presente, e além disso escondermos o mais possível a nossa debilidade física. Focámo-nos naquilo que podíamos também ser bons.
Equipas de leste não gostam de pressão, de defesas agressivas, mas essa passou a ser a nossa praia. À medida que fomos avançando no Europeu a confiança aumentou, o medo e a falta de experiência internacional foram esquecidos, e sonhar era obrigatório.
No fim, o sonho tornou-se realidade, a subida era uma certeza, jogar a final era um grande prémio coletivo. O facto da Ana Barreto ter feito parte do cinco ideal foi um aviso de que tem de trabalhar muito para se afirmar como jogadora no futuro e, naturalmente, um resultado da equipa.
Quais os aspetos que mais vos impressionaram na equipa?
Nada nos impressionou. Acreditámos que aquilo que fazíamos podia fazer-nos subir ao melhor nível. Fomos de uma competência extrema.
Destacam algum momento-chave ao longo da competição?
A inversão de um resultado negativo contra a Irlanda, a perder por 23 pontos de diferença, e vencer no buzzer, foi uma recuperação histórica, alicerçada num grande espírito de equipa e de entrega total, que disparou os índices de confiança ao máximo.
O que significou para vocês, enquanto equipa técnica, comandar o grupo num momento histórico como este?
Orgulho e responsabilidade. Veio-nos à memória a despromoção à Divisão B em 2016, num Europeu muito duro, em Itália.
Agora foi uma satisfação enorme voltar à elite da Europa, mas perceber que se tem de trabalhar muito para competir de igual para igual com as potências da Europa, com países que têm estruturas de formação profissionais. Estagiar um mês antes do torneio e ir para o Campeonato da Europa não chega para nada. E pode ser mais do mesmo.
Olhando para o futuro, e para a presença na Divisão A, como projetam o ano que vem? Há muito talento e capacidade para consolidar uma posição?
Depois de estabelecido o planeamento, naturalmente que o plano de ação pretenderá chegar a uma base de recrutamento, que já está a ter acompanhamento através das ações das seleções de Sub14 e Sub15.
Mais importante, e que todos têm de perceber, é que tudo isto apenas faz sentido se todos colaborarem por um objetivo comum. Trabalhar para jogarmos de igual para igual na Divisao A.
E não podem ser as competições regionais e nacionais, mais a preparação da Festa do Basquetebol, um entrave para a preparacão da Seleção Nacional. O talento, no dicionário, aparece antes do trabalho, mas é só no dicionário.
Por isso não acreditamos no talento natural, na nossa modalidade, isso não existe. Na próxima batalha esperamos, sim, é muito trabalho para fazer as jogadoras crescer, com a ajuda, claro está, dos treinadores, dirigentes, clubes, Associações, e Federação.
E isto tem de ser uma prioridade de todos, não só daquelas que vão jogar a Divisão A, mas para todas as nossas Seleções.