Portugal joga a final com a Suécia esta noite
«É o sonho de uma vida. O maior orgulho da minha vida é ter uma medalha ao peito em representação de Portugal.».
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16 JUL 2011
Palavras simples, verdadeiras, de quem sente a bandeira das quinas, que irá tremular logo à noite em Ohrid (Macedónia), durante a cerimónia de encerramento do Campeonato da Europa de Sub-20 Femininos. Foi desta forma, extremamente emocionado, que o seleccionador nacional Eugénio Rodrigues exprimiu o que lhe vai na alma, depois de Portugal ter garantido a presença na final da competição, ao vencer a República Checa por 63-60.
Esta proeza, porque se trata mesmo disso, acontece pela primeira vez na história do basquetebol feminino, já que garantiu a subida à Divisão A. Isto para além de ser um facto consumado o termos uma medalha de prata (2º) ou de ouro (1º), uma das duas, tanto faz. Não podemos deixar de nesta hora em que estamos a escrever este comentário, simultâneamente muito emocionados mas muito felizes, relembrar que este feito aconteceu fruto do trabalho dos clubes, dos seus técnicos e dirigentes, sem esquecer a aposta da FPB nos Centros de Treino, acreditando que é este o caminho certo. Talvez que o poder político possa emendar a mão, em relação aos tempos mais recentes, continuando a apoiar os jovens e proporcionando melhores condições aos mais aptos e que revelem potencial para um aperfeiçoamento gradual numa evolução sustentada.Estamos pois todos de parabéns, mas é tempo de alinhavar ideias e contar como foi a saga das portuguesas em terras de Alexandre, o Grande, que foi rei da Macedónia (356-323 a.C.).Nos 10 minutos iniciais (24-14) o sinal mais foi das checas, mais determinadas e eficazes, com as nossas representantes a denotarem dificuldades em atacar o cesto, ante um cinco mais alto (as duas jogadoras interiores, Hanusová com 1,90m e Sládková com 1,87m). As soluções atacantes das portuguesas passavam invariavelmente por Maria João Correia (10 pontos neste parcial, com 2 duplos e 6/6 da linha de lance livre, fruto de 3 faltas provocadas).O 2º quarto (3-14) marcou a reviravolta operada pelo seleccionado luso. Defendendo com grande agressividade, as comandadas de Eugénio Rodrigues puseram as suas adversárias num autêntico colete de forças e gradualmente recuperaram até aos 24-22, impondo um parcial de 0-8 em pouco mais de 4 minutos. Com a República Checa ainda no comando no minuto 15 (26-22) foi a base Inês Faustino, que entretanto rendera a capitã Michelle no minuto 16, quem assumiu as despesas ao provocar duas faltas no minuto 17 reduzindo para 26-24 e à entrada do minuto 19 empatou a partida (26-26), isto depois de a treinadora checa ter pedido um desconto de tempo no minuto anterior para tentar modificar o rumo dos acontecimentos. As portuguesas mantinham-se confiantes e Michelle Brandão, reentrada, assistiu a sua companheira do Olivais, Maria João Andrade para colocar a nossa equipa pela primeira vez na frente (26-28), ainda no minuto 19. O intervalo chegou pouco depois com Portugal na liderança (27-28).Regressando do descanso com a mesma atitude que tão bons resultados dera no anterior parcial, as nossas representantes não abrandaram, mantendo-se sempre no comando: 27-32 (minuto 22) e 29-36 (minuto 26), depois de Telma Fernandes ter conseguido um duplo e uma falta provocada, marcando os 2 lances livres a que teve direito. Até que Maria João Correia acertou o seu único triplo e da equipa (31-39), ainda no mesmo minuto, a maior vantagem até então. A extremo Filarová respondeu com um triplo, seguido de um duplo (36-39), à entrada do minuto 28, mas Portugal não se desuniu e chegou ao final de 3º período (11-15) com 5 pontos à maior (38-43), depois de a poste Hanusová (foi medalha de bronze do Europeu de Seniores, Divisão A, há duas semanas) ter encurtado a diferença da linha de lance livre, a 37 segundos da buzina.Se no 1º quarto tinha sido Maria João Correia a marcadora de serviço, prolongando essa faceta mormente no 2º período com mais 6 pontos e outros 5 no 3º quarto, para fechar a sua conta pessoal da tarde, foi a vez de Michelle Brandão assumir as despesas da marcação de pontos no último período (22-20), ao anotar 7 pontos e fazendo 3 dos seus 5 passes decisivos. Nomeadamente assistiu Maria João Andrade para os 45-52, depois de a República Checa ter chegado à diferença mínima (45-46), no minuto 33 e de novo para a mesma jogadora fazer os 45-54 (minuto 35) e selar o resultado a 7 segundos do termo (60-63), Pelo meio e com as exclusões de Telma Fernandes (45-50, no minuto 34) e Luiana Livulo (56-58, no minuto 38), foi a capitã Michelle que assumiu a liderança ao provocar uma falta a 26 segundos da buzina, desempatando a partida 56-58, depois de a sua marcadora directa, a base Bartáková ter igualado (58-58), com 36 segundos para jogar, altura em que o banco checo parou o cronómetro. Mas Portugal, mais sereno, não perdeu a clarividência e a vontade de vencer, fazendo história.Destaque na selecção portuguesa para a MVP do encontro (26,0 de valorização), Maria João Correia (21 pontos, 5/7 nos duplos, 8 ressaltos defensivos, uma assistência, 2 roubos e 4 faltas provocadas, com 8/8 da linha de lance livre), bem acompanhada por Maria João Andrade (14 pontos, 6/9 nos duplos, 5 ressaltos sendo 3 ofensivos, 1 roubo e duas faltas provocadas) e Michelle Brandão (13 pontos, 3 ressaltos sendo 1 ofensivo, 5 assistências, 1 roubo e 5 faltas provocadas, com 5/10 nos lances livres; penalizada na sua valorização pelos 6 turnovers. Uma palavra de incentivo para Telma Fernandes que saltou do banco para contribuir em 17 minutos de utilização, com 6 pontos, 6 ressaltos sendo 4 ofensivos e uma falta provocada com 2/2 nos lances livres. Daniela Domingues e Luiana Livulo deram mais nas vistas nas tarefas defensivas, contribuindo cada uma com 8 ressaltos, sendo metade ofensivos para a primeira e 3 ofensivos para a segunda. Na congénere checa a mais valiosa (21,5 de valorização) foi a base Lenka Bartáková (16 pontos, 6/7 nos duplos, 3 ressaltos, duas assistências, 5 roubos e 3 faltas provocadas, com 476 nos lances livres), bem secundada por Alena Hanusová (8 pontos, 7 ressaltos sendo 4 ofensivos, 1 desarme de lançamento e duas faltas provocadas, com 4/4 nos lances livres), Petra Zápletová (15 pontos, 7 ressaltos sendo 1 ofensivo, duas assistências e 1 roubo) e Adéla Filarová (12 pontos, 3 ressaltos sendo 2 ofensivos, duas assistências, 1 roubo e 3 faltas provocadas).Em termos globais Portugal ganhou a luta das tabelas (32-44 ressaltos), tanto na tabela defensiva (19-27) como na ofensiva (13-17), e foi mais eficaz nos lançamentos de campo (37%-40%). Nos restantes indicadores o equilíbrio foi a nota dominante: assistências (7-7), roubos (9-7) e faltas provocadas (24-25). Excepção para os erros cometidos em que as checas estiveram melhor (16-21 turnovers) e também nos lançamentos de 2 pontos (47%-42%). Nos lances livres ambos falharam 9 tentativas, com Portugal a converter 20 em 29 (69%) e a República Checa a marcar apenas 14 em 23 (61%).Ficha do jogoRepública Checa (60) – Lenka Bartáková (16), Petra Zápletová (15), Adéla Filarová (12), Andrea Sládková (5) e Alena Hanusová (8); Barbora Kaspárková (3), Michaela Muchová (1) Hana Smídková e Barbora VechtovaPortugal (63) – Michelle Brandão (13), Maria João Correia (21), Daniela Domingues (3), Maria João Andrade (14) e Luiana Livulo (2); Telma Fernandes (6), Inês Faustino (4) e Carsidália Silva Por períodos: 24-14, 3-14, 11-15, 22-20Árbitros: Marc Hesters (Bélgica), Ersan Kartal (Turquia) e Aleksander Pavlov (Macedónia) Outros resultados:Meias-finaisSuécia 72-70 GréciaClassificação do 5º ao 8º lugaresBélgica 72-79 HungriaBulgária 57-68 IsraelJogos para hoje (Domingo)13H15 (7º/8º lugares) Bélgica-Bulgária15H30 (5º/6º lugares) Hungria-Israel17H45 (3º/4º lugares) Grécia-República Checa20H00 (Final) Suécia-Portugal