«Queremos fazer história»
Num ano deveras complicado, provavelmente dos mais complicados da sua história em termos financeiros, o CAB Madeira chega às meias-finais do playoff da Liga, numa das melhores épocas que realizou nos últimos anos.
Competições | Treinadores
8 MAI 2013
O treinador elogia o comportamento dos seus jogadores e não esconde o desejo de garantir o acesso à final. Este fim-de-semana os insulares defrontam a Académica, em Coimbra.
Nos dois primeiros encontros da eliminatória, em casa, os madeirenses, perderam um jogo e ganharam outro, mas o treinador não considera que nesta altura o facto de uma jogar no seu pavilhão seja determinante. “Foram dois jogos em casa extremamente difíceis. O fator casa não tem muita influência nestas fases decisivas. O que importa é ganhar e vence quem tem mais vontade, serenidade quem e souber aproveitar as oportunidades. Foi o que a Académica fez.” Agora a equipa tem de ir a Coimbra, mas o técnico mostra alguma apreensão. Diz que os seus atletas têm sido sujeitos a alguma pressão, motivada pelas dificuldades por que passa o clube. “Nestes dois jogos estou muito preocupado com o que se possa passar. Os jogadores e treinadores acusam uma época de muitos sacrifícios e de coisas mal resolvidas, mas será o que os jogadores quiserem. Primeiro estão sempre as pessoas e os atletas, antes do que quer que seja, uma táctica, das técnicas ou como vamos bater este bloqueio ou aquele… Os jogadores se não quiserem, e se a cabeça não estiver voltada para a sua tarefa, as táticas não importam… Eles estão a acusar bastante o momento em que vivemos.” Mas não deixa de acreditar nas capacidades dos homens que comanda: “Penso que vi a Académica no domingo mais forte que o CAB, mais coesa e com mais vontade de ganhar. Mas depois, por outro lado, quando vejo jogadores meus a dar entrevistas e a dizer que querem chegar à final, e que o CAB é a equipa do coração deles, ou que é a sua equipa favorita, como líder isto é um desafio para mim. Nunca deitar a toalha no chão, independentemente dos problemas que possam existir (e existem bastantes), por isso, como líder, tenho que saber tornear as questões que me são colocadas. É verdade que às vezes um líder precisa de ser liderado e nisto os jogadores têm sido muito bons. Esta função bipartida que tenho com eles, que lhes permite que possam dar opiniões em determinadas alturas do jogo e dos treinos, em condições normais faz com isto seja um aspeto a somar para que tenhamos sucesso”, refere, orgulhoso. Mas independentemente do desfecho dos próximos dois encontros, João Freitas considera que os seus atletas já fizeram muito, dadas as circunstâncias. “A época tem sido muito difícil e complicada. Estou expectante sobre o que vai acontecer em Coimbra. De qualquer maneira, aconteça o que acontecer penso que transferir ou colocar muita responsabilidade em cima destes jogadores não é justo.” E prossegue, contando como tem feito para fazer com que os problemas externos ao jogo não influenciem o rendimento do grupo. “A verdade é que cada um deles tem de ser uma parte da solução. É isso que temos insistido com eles. Esta semana temos feito reuniões individuais com os atletas para que eles também falem um pouco sobre o que sentem nos jogos, sobre o que estão a sentir e sobre os problemas que se passam na vida deles. Para que numa relação mais aberta possamos chegar um pouco mais ao coração dos jogadores, de modo a que cada um faça dos seus problemas uma força que permita ganhar o jogo. Se vamos conseguir ou não, se todos juntos conseguimos ganhar à Académica… estou muito expectante para ver a resposta deles.” “Tenho feito sentir aos jogadores que cada um deles tem de ser parte da solução e não do problema, assim como os treinadores, porque pouca gente fala dos treinadores mas eles também precisam de muito apoio. E às vezes os líderes sentem-se sozinhos, porque há decisões que não são muito fáceis de tomar e às vezes não são do consenso geral. Mas também aprendi que a pior maneira de liderar é querer agradar a toda a gente porque assim não agradamos a ninguém. Não é uma tarefa fácil gerir coisas que não têm a ver com o treino, coisas que nos fogem ao controlo e eu, como treinador, gosto imenso de ter tudo sob controlo”, acrescenta. O desejo de chegar à final é imenso e João Freitas considera que seria um justo prémio, tendo em conta tudo o que equipa passou. “Há muitas coisas esta época nos fugiram ao controlo, que continuam a fugir mas que não dependem de nós. No que depender de nós, como líder deste grupo vamos fazer de tudo para fazer história para este Clube, ou seja, chegar à final. Penso que o Clube merece e, que mais que o Clube, os atletas merecem por tudo aquilo que fizeram. Mas têm de ser eles a fazer isto. Têm que ser eles a fazer isto porque para muitos poderá ser a última oportunidade que têm de chegar à final de alguma coisa.”