Refletir sobre a Seleção

Aquilo que muitos apelidaram de calvário, para o técnico Mário Palma não foi mais do que uma fase de transição da Seleção Nacional.

Seleções
12 SET 2012

Uma longa travessia do deserto que, segundo o seu discurso ao longo desta fase de grupos, irá ser prolongada. O experiente treinador português não vê a curto prazo jogadores que possam substituir alguns jogadores que muito provavelmente fecharam o seu ciclo na Seleção, casos de Elvis Évora, Paulo Cunha e João Santos, embora reconheça que o atleta português tem qualidades para competir internacionalmente.

Quando os resultados não aparecem torna-se mais complicado de proceder a uma renovação, pois o peso das derrotas em nada ajuda a uma natural integração dos mais jovens. Integração essa que seria bem mais fácil e eficaz, se, tal como Mário Palma referiu por diversas vezes, os jogadores nacionais tivessem experiência internacional, ou seja, competissem nas provas europeias de clubes.Sabemos bem que a conjuntura atual torna isso quase uma miragem, bem como provoca problemas gravíssimos na vida familiar de alguns atletas, que muito provavelmente em momento algum foram capazes de estar focados única e exclusivamente naquilo que tinham de fazer dentro de campo.Logicamente que existiram falhas técnicas no desempenho dos atletas nacionais, sendo que as percentagens de lançamento foram talvez o principal problema com que nos debatemos. Um problema transversal a todas as Seleções e que nos deve preocupar, pois deveria ser a principal arma ofensiva de Portugal face a equipas, quase sempre, mais altas e pesadas.O controlo da posse de bola, não realizar turnovers, é outra das falhas apontadas por Mário Palma ao longo destes jogos, mas isso tem diretamente a ver com o nível e a intensidade a que os jogadores portugueses estão habituados a competir. Algo que se reflete na incapacidade demonstrada pela equipa em estar concentrada durante os 40 minutos do jogo, um fator determinante quando se joga a este patamar. Maus períodos custam quase sempre jogos, uma vez que é extremamente complicado, para não dizer impossível, recuperar de desvantagens pontuais diante estas equipas.Com o avançar da fase de qualificação ficou bem patente uma evolução da equipa nacional na luta do ressalto, conseguiu nos jogos finais equilibrar os números do ressalto, bem como conseguir fazer pontos nas áreas mais próximas do cesto. Destaque neste capítulo para o crescimento de Cláudio Fonseca, sem esquecer os desempenhos do base Mário Fernandes, também ele a terminar em grande esta qualificação, na condução da equipa, nomeadamente a assistir os seus companheiros.A fase preparatória prometeu mais, embora, tirando o primeiro encontro frente à Itália, Portugal conseguiu sempre ser competitivo frente a todos os adversários. Nalguns casos os períodos negros ao longo dos jogos, noutros a falta de rotação do banco com jogadores a acusarem o cansaço fisico nos momentos finais, ou simplesmente a falta de experiência para jogar os minutos finais dos encontros onde tudo se decide. Torna-se evidente que Portugal não tem um jogador que por si só, possa assumir a responsabilidade de decidir um jogo, ficando Portugal obrigado a ser perfeito caso queira vencer jogos no futuro. Um custo que tem que se pagar pela juventude e inexperiência desta equipa, mas que em momento algum não deixou de encher de orgulho o técnico Mário Palma pela forma séria como trabalhou e se preparou para cada jogo. A evolução de jogo para jogo deixa boas expetativas para o futuro, mas tal como o Selecionador já avisou vai levar bastante tempo até que Portugal possa novamente estar presente numa grande competição internacional. Olhando para a atual realidade do basquetebol português, o Selecionador mostra-se satisfeito com aquilo que foi atingido, não confundir com os resultados alcançados, mas preocupado com o rumo que a modalidade está a tomar nos últimos anos.

Seleções
12 SET 2012

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