Ricardo Vasconcelos analisa fase final da Liga Feminina
Ricardo Vasconcelos, Selecionador Nacional Feminino, analisou para a Newsletter da FPB a fase final da Liga Feminina, que decorreu no Barreiro.

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4 MAI 2017
Fiquem com a opinião do treinador sobre a prestação das equipas, sendo que poderão ler todo o texto na nossa publicação, bastando subscrevê-la aqui.
Nota: Texto não escrito ao abrigo do acordo ortográfico.
Foi deveras interessante assistir a Michelle Brandão em boa forma física, sem lesões aparentes, a liderar os ritmos da equipa e a descobrir passes após o bloqueio direto que entravam no tempo e no espaço certo a dar vantagens as colegas, sempre ajudada pelas mãos mais rápidas do campeonato, de Ezinne Kalu, uma seta apontada ao cesto. Isto fez com que o Olivais se apresentasse muito bem estruturado, onde só um frágil ritmo de passe contra a zona (opção que retirava ritmo à equipa e que, acima de tudo, fazia desaparecer o problema da defesa do bloqueio direto) tenha surgido como um aspeto menos positivo. Na verdade, o Olivais jogou sempre muitos minutos com uma jogadora muito jovem, ora Mariana Silva, ora Alice Martins, e com toda a certeza estas, hoje, são jogadoras mais preparadas para o próximo momento de pressão!
Por seu turno, o Vagos foi uma equipa de guerreiras! Se dúvidas houvesse, entraram para o ultimo jogo sem hipótese de ganhar o título e correram com carácter até à última posse de bola, lideradas por Daniela Domingues, efectivamente uma das melhores jogadoras da liga, a quem lhe foi pedido para jogar na posição 1 (que não é o seu posto natural), defender a melhor marcador da equipa contrária (se não fosse poste) e ainda marcar a última bola. Joana Canastra foi uma revelação do campeonato, mas ainda procura uma consistência que provavelmente a próxima temporada pode trazer. Sem dúvida que a inconsistência foi o maior problema que a equipa encontrou, pois alternou muitas vezes entre 3-4 minutos de muita qualidade com 3-4 minutos ausência de clarividência nas opções.
Já o CAB apresentou uma dupla de postes muito versátil, conhecedoras do jogo e boas executantes tecnicamente, sendo que Rosinha Rosário, completamente adaptada a 3, mais do que em ataque na defesa, foi pedra-chave até se lesionar no segundo dia da prova. Em várias ocasiões, Filipa Bernardeco foi factor plus, contribuindo com triplos e energia na defesa. Mas foi pelas mãos de Joana Lopes que o CAB garantiu duas vitórias, ela que continua a ser uma das melhores passadoras da liga e uma das jogadoras que mais se agiganta quando a pressão aumenta. Colectivas e equilibradas no ataque, foram uma dor de cabeça para as defesas. Contudo, apesar de serem durante muitos minutos a equipa com mais centímetros, isso nem sempre foi vantagem para o CAB.
Por parte do GDESSA, Joana Bernardeco apareceu numa forma incrível, arrancando dois jogos de nível superior. Com capacidade para guiar a equipa e pontaria afinada mostrou uma experiência que aqui e ali faltou em alguns momentos da prova no global. A referência ofensiva usual, Márcia Costa, talvez não tenha tido o seu momento mais forte da época nesse capítulo, mas foi completamente decisiva nas manobra defensivas e no espírito de entrega, liderando sempre pelo exemplo as jogadoras do Barreiro.
Sem dúvida a equipa mais forte no capítulo do ressalto, e talvez esse factor tenha sido a cola que juntou as peças para a conquista do título. Atrás dele veio colectivismo, bem-estar e confiança para quem lança (num campeonato em que nem sempre as percentagens são o ponto forte).