Seleção nacional de BCR procura repetir 2007 e 2015

Portugal ambiciona a subida à divisão B, feito que escapou nas últimas três edições de europeus

Competições
18 AGO 2023

A um mês exato do arranque do Campeonato da Europa C de BCR, em Sarajevo, Bósnia-Herzegovina – decorre de 18 a 24 de setembro -, fazemos a resenha das participações internacionais da seleção. Começando pelo objetivo cobiçado, a promoção à divisão B seria uma façanha alcançada pela terceira vez no percurso luso. Em 2007, em Dublin, palco do Europeu C conquistado por Portugal, celebrou-se a subida ao segundo patamar das seleções europeias, marco só superado pela inédita manutenção nessa mesma divisão B, em 2008, na cidade de Notwill, Suíça. De referir que, em 2007, no pódio individual, Portugal colocou dois jogadores no cinco ideal do torneio: o capitão Pedro Gonçalves – 3.5 -, histórico da APD Sintra (com um trajeto além-fronteiras digno de nota no CP Mideba), e Hugo Lourenço – 4.0 -, subcapitão e dono do percurso mais longo e laureado no BCR internacional de clubes, ao serviço dos espanhóis do CP Mideba.

Mas o trilho para a aparição portuguesa no panorama internacional desbravou-se bem antes. Foi no BCR, nos Jogos Paralímpicos de 1972, em Heidelberg, Alemanha, que Portugal assinalou a sua estreia absoluta na competição mais célebre do desporto para pessoas com deficiência à escala mundial, com um grupo de 11 jogadores. Houve também participações em 1971 e 1973 nos emblemáticos Jogos de Stoke Mandeville, prequela dos Jogos Paralímpicos. Na verdade, as edições de 1960, 1964, 1968 e 1972 dos Jogos Paralímpicos só obtiveram esse estatuto posteriormente. Jogos de Stoke Mandeville e Jogos Paralímpicos tornaram-se eventos distintos apenas a partir de 1976, com os primeiros a decorrem nos anos não-Paralímpicos.

Seguiu-se uma longa e penalizadora interrupção da presença da seleção nacional em provas internacionais, que cessa em 1994, através da integração do “Team Lisboa” em torneios europeus de clubes, estratégia encontrada para que a equipa nacional ganhasse paulatinamente ritmo e forma. Já enquanto seleção nacional – e numa era em que o BCR de seleções do “Velho Continente” se estratificava ainda em somente duas divisões -, Portugal disputa o Campeonato da Europa B, na Eslovénia, em 1996. Sucedem-se participações neste escalão nos europeus de 1999, enquanto anfitrião, em Tavira, e 2001, em Valladolid, Espanha.

Com o desenho de uma terceira divisão europeia, a seleção volta a surgir em cena no Campeonato da Europa C, novamente em casa, em Lisboa, corria o ano de 2005, obtendo um quinto lugar. Vieram os êxitos previamente narrados – conquista da divisão C e consequente subida à divisão B, em 2007; e manutenção na divisão B, em 2008 (sétimo posto) – e uma frustrante campanha em 2010, em Brno, República Checa, que ditou a descida, na sequência do décimo posto obtido, apesar dos fogachos de bom Basquetebol e algumas prestações promissoras.

Numa fase de má memória para a modalidade no país, a seleção falha os campeonatos da Europa C em 2011 e 2013, mas não se deixa abater e prepara um regresso memorável, com Lisboa, pela segunda vez, como pano de fundo. Em 2015, perante uma atmosfera galvanizante no pavilhão do Casal Vistoso, Portugal afugentou os deslizes nos jogos inaugurais com Bósnia-Herzegovina e Finlândia, e embalou para um trajeto notável, pontuado por triunfos contra Irlanda, Sérvia e Grécia. Na “desforra” com a Finlândia, nas meias-finais, uma exibição de requinte, valeu a passagem à final – o título escapou para a Bósnia-Herzegovina – e uma terceira ida à divisão B – desde a existência de três divisões. Nelson Oliveira – 1.0 -, que defendia as cores da APD Leiria, foi o representante luso no cinco ideal da prova.

Em 2016, em Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina, com as expectativas elevadas, no derradeiro fôlego de uma geração marcante do BCR português, a permanência esfumou-se num final dramático, na partida contra a Eslovénia, que retomou a dianteira a segundos do soar da buzina – Portugal foi nono em dez contendentes. Desde então, a seleção nacional de BCR reconstruiu-se, apostou em novos valores, constituiu-se o projeto sub-23, fonte de vários dos atuais atletas seniores, mas ainda não conseguiu a desejada terceira promoção à divisão B.

Em 2017, em Brno, República Checa, ficou-se pelo quarto posto. Em 2019, em Sófia, Bulgária, viveu um desfecho anticlimático, com a derrota perante a Grécia nas meias-finais, reclamando o bronze diante da República Checa. Pedro Bártolo – 2.5 -, à data jogador dos italianos do HS Varese, viu reconhecido o bom desempenho com a inclusão no cinco ideal. Em circunstâncias francamente mais desafiantes e perante um sorteio desfavorável, Portugal lutou, mas caiu face à oposição de Bélgica e Lituânia – duas seleções do grupo B -, no Campeonato da Europa B/C de 2022, organizado em Sarajevo, na Bósnia-Herzegovina, que reuniu duas divisões em simultâneo, num formato sem precedentes, ditado pelas necessidades de reestruturação após a pandemia da Covid-19. Portugal chegou à décima posição, num total de catorze nações.

Um ano depois, com uma nova equipa técnica ao leme, encabeçada por Óscar Trigo – assistido por Javier López, Ricardo Vieira e Daniel Pereira -, e várias debutantes nos potenciais eleitos, Portugal parte com ambição renovada e de olhos postos no título, meta abertamente definida pelo selecionador nacional desde a mudança de ciclo. Com calendário ainda por conhecer, Bulgária, República Checa e Irlanda assumem-se, no papel, como principais rivais da seleção nacional na batalha pelas duas vagas de acesso à divisão B reservadas aos finalistas. Será também uma oportunidade para a equipa lusa quebrar o enguiço em Sarajevo, cidade que se revelou “inóspita” para os seus intentos nas duas presenças anteriores.

RESULTADOS DISPONÍVEIS

Jogos Paralímpicos de 1972 – Heidelberg, Alemanha

– Portugal 18 Bélgica 71

– Portugal 28 Espanha 58

– Portugal 26 Canadá 56

– Portugal 27 Suíça 25

Campeonato da Europa C – Lisboa, Portugal – 2005

– Portugal 76 Letónia 26

– Grécia 54 Portugal 50

– Finlândia 59 Portugal 49

– Portugal 59 Ucrânia 38

– Irlanda 43 Portugal 64

– Portugal 75 Lituânia 70

Posição: 5º

Campeonato da Europa C – Dublin, Irlanda – 2007

FINAL: Portugal 69 Lituânia 60

Cinco ideal: Hugo Lourenço e Pedro Gonçalves

Posição: Vencedor

Campeonato da Europa B – Notwill, Suíça – 2008

– Rússia 63 Portugal 60

– Portugal 55 Bósnia-Herzegovina 70

– Portugal 54 Bélgica 58

– Croácia 79 Portugal 61

– Lituânia 48 Portugal 52

Posição: 7º

Campeonato da Europa C – Lisboa, Portugal – 2015

– Portugal 34 Bósnia-Herzegovina 58

– Portugal 47 Finlândia 49

– Portugal 54 Irlanda 51

– Grécia 34 Portugal 58

– Portugal 74 Sérvia 50

– Portugal 61 Finlândia 50

– Portugal 51 Bósnia-Herzegovina 75

Posição: 2º

Cinco ideal: Nelson Oliveira

Campeonato da Europa B – Sarajevo, Bósnia-Herzegovina – 2016

– Bósnia-Herzegovina 76 Portugal 40

– Portugal 50 Lituânia 72

– Portugal 50 Letónia 76

– Portugal 40 Áustria 50

– Eslovénia 60 Portugal 59

– Irlanda 51 Portugal 56

Posição: 9º

Campeonato da Europa C – Brno, República Checa – 2017

– Portugal 28 Bélgica 72

– Grécia 46 Portugal 74

– República Checa 67 Portugal 50

– Portugal 51 Irlanda 52

Posição: 4º

Campeonato da Europa C – Sófia, Bulgária – 2019

– Portugal 80 Hungria 8

– Portugal 72 Bulgária 34

– República Checa 52 Portugal 77

– Grécia 61 Portugal 57

– Portugal 68 República Checa 56

Cinco ideal: Pedro Bártolo

Posição: 3º

Campeonato da Europa B/C – Sarajevo, Bósnia-Herzegovina – 2022

– Lituânia 77 Portugal 62

– Portugal 49 Bélgica 75

– Sérvia 57 Portugal 48

– Portugal 41 Bulgária 30

– Portugal 82 República Checa 47

– Irlanda 41 Portugal 63

– Hungria 24 Portugal 87

Posição: 10º

 

 

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