Sónia Reis: «Quem acredita alcança»
A formação de Carcavelos, que não perdeu qualquer jogo durante o playoff, alcançou o título feminino com uma estratégia assente no coletivo.

Atletas | Competições
15 MAI 2014
A internacional portuguesa conta nesta entrevista o segredo que esteve por detrás deste sucesso da equipa da Quinta dos Lombos. Ao nível pessoal, Sónia conta que os muitos problemas físicos que sofrido obrigam-na a “arrumar as botas”.
A Quinta dos Lombos efetuou um trajeto cem por cento vitorioso nas séries a eliminar (6 vitórias), pelo que não restam dúvidas que foi campeã a melhor equipa. “É caso para dizer que venceu uma equipa esforçada, que trabalhou muito, que durante a época teve algumas quedas, mas que foi maioritariamente consistente. Quem acredita alcança, e nós acreditamos com muita força e trabalhamos para o conseguir.”De regresso a Portugal, Sónia perspetivou uma temporada tão positiva como aquela que agora terminou. “Eu estou sempre a espera de coisas positivas, sou sempre muito otimista com tudo. Sempre que começo, ou vou fazer algo, penso sempre na melhor das hipóteses. Por isso pensei que seria possível, mas de pensar até acontecer é bem diferente.”A experiente jogadora explica o sucesso da Quinta dos Lombos como tendo sido o resultado de um coletivo que funcionou na perfeição, em que os interesses da equipa estiveram acima de tudo. “O sucesso é trabalho, esforço, bom ambiente, gostar do que se faz, acho que isso ajudou muito para os resultados. Ninguém se engane, não é por se ter grandes jogadoras que se ganham campeonatos, muito menos no feminino, é preciso que as jogadoras conectem. Por experiência, já fiz grandes épocas e obtive grandes resultados com equipas de ‘ninguém’, mas que éramos unidas e tinha-se um grande ambiente, conectamos na perfeição. E épocas desastrosas com equipas de ‘estrelas’ em que prevaleceu o individualismo, o eu é que sou boa, não eu é que sou, não preciso de me esforçar eu já sou boa ou já sei tudo, etc.’ O ditado: a união faz a força, no desporto é muito verdade.”Os títulos conquistados esta época foram celebrados por Sónia com o mesmo entusiasmo de sempre. “Tiveram um significado muito forte e pessoal, não foi só uma vitória desportiva, mas também pessoal. Cai várias vezes mas nunca fico em baixo.”Depois de alguns anos de ausência, Sónia encontrou uma Liga bastante diferente, com menor qualidade nas atletas estrangeiras, mas que conta com jovens portuguesas de grande potencial. “Bem esta Liga não é claramente a que deixei, a começar pelas jogadoras, não conheço quase ninguém. Honestamente acho que está mais fraca que nos tempos que estive em Santarém, principalmente a nível de americanas (estrangeiras), mas percebe-se que a ausência de dinheiro faz com que isso aconteça. A nível das nacionais temos muitas jovens com talento, mas poucas atletas ‘maduras’ experientes, falta um certo equilíbrio. Acho que são os aspetos que mais me chamaram a atenção.”Para a jogadora existe talento e jogadoras promissoras no basquetebol nacional, mas isso não basta para que tornem jogadoras de referencia, com qualidade suficiente para fazerem a diferença. “Temos potenciais jogadoras, mas se há uma coisa que aprendi ao longo dos anos em Portugal, é que temos sempre jovens com potencial, mas que depois não passaram disso mesmo. Ter potencial não chega, é preciso querer trabalhar e estar disposto a fazer sacrifícios.”Apesar de manter o desejo de se manter em atividade, as dores e os problemas físicos falam mais alto. “Vontade de jogar terei sempre, agora mesmo venceram os problemas físicos, é hora de arrumar as botas.” Nem mesmo uma suposta participação numa competição europeia foi suficientemente aliciante para convencer Sónia Reis a prolongar a sua fantástica carreira. “Saí de Espanha por já não ter capacidades para jogar nas exigentes competições e Ligas europeias. A decisão já está tomada, quem manda é o meu corpo.”