“Voltar a desfrutar de jogar basquetebol é aquilo que mais quero”

Qual é o balanço que fazes da última temporada ao serviço do CREF?

 

Na verdade, custa-me falar da época passada. Foi uma temporada muito complicada, aconteceram muitas coisas dentro da equipa e do clube que nos afetaram bastante e que comprometeram toda a nossa época. Quando tens uma equipa que devia estar a lutar pelos lugares de cima e no fim desce de divisão, penso que está claro que algo não correu bem. Tivemos vários treinadores durante a época, e mesmo com todas as adversidades fizemos jogos espetaculares, criámos um grupo incrível, treinámos muitos dias, muitas horas e lutámos até ao fim para evitar a descida.  Se há coisa que não mudava na época passada? As minhas companheiras, sem dúvida, tenho muito orgulho em cada uma delas. Em termos individuais não foi de longe a minha época de sonho, tive jogos bons e jogos maus, alinhei durante muitos minutos, muitos jogos, mas claramente não fui consistente, no entanto sei que trabalhei bastante para contrariar esses momentos menos bons e terminei a época de consciência tranquila. No fundo, a época passada ensinou-me muita coisa, fez-me ver o basquetebol de outra forma, a dar valor a outras tantas coisas, tornei-me melhor jogadora e melhor pessoa. 

 

Com que ambições e/ou desejos partes para a nova época?

 

Sempre fui muito ambiciosa, este ano mais, pelo clube que vou representar, pela equipa e pelo objetivo que temos. A nível individual só quero ajudar a minha equipa com tudo o que puder, ser a Maria João de sempre e não a da época passada. Acima de tudo, voltar a desfrutar de jogar basquetebol é aquilo que mais quero. Da minha parte estou comprometida com esta equipa e com este clube a 100%.  Só desejo que como equipa possamos crescer e pouco a pouco chegar onde queremos. Temos um grupo de jogadoras trabalhadoras, ambiciosas, talentosas, sendo que estão aqui todas para o mesmo, com a vantagem de que somos 13 jogadoras profissionais, o que é muito positivo. Espero que seja uma grande época, tanto para mim como para as minhas companheiras, estou convencida de que podemos chegar longe.

 

Quais as primeiras sensações que tens de estar num clube que, pelo menos no masculino, luta pelos principais troféus espanhóis e europeus? E qual a abordagem que é feita pelo clube ao feminino? Existe um objetivo claro de subir à Liga principal?

 

Este clube é incrível, para mim é um privilégio estar numa equipa como o Valência. Estamos a falar do atual campeão da Liga Endesa e que este ano vai disputar as principais competições espanholas e europeias. Estarei em todos os jogos que puder, porque na verdade também se aprende muito vendo, sobretudo com equipas que têm dos melhores jogadores da Europa.  No entanto, apesar da grande equipa deste clube ser a da ACB, é incrível o trato que têm connosco, equipa feminina. Temos condições espetaculares a todos os níveis, condições que muitas equipas na Liga 1 não têm. Só temos que nos preocupar em treinar e fazer o nosso trabalho dentro de campo. Neste clube, toda a gente sabe quem é a equipa feminina e o objetivo é comum entre todos. O Valencia tem mais que claro que quer a equipa feminina a jogar na máxima competição espanhola, e esta equipa foi construída nesse sentido. Não podia pedir melhor desafio! Como se diz aqui: Amunt Valencia!

 

 

 

Foto: Fernando Pozo