Cantanhede 2025: “esta levo na mochila como recordação”

Em reportagem pelo Clinic Internacional de Formação de Cantanhede 2025

Treinadores
22 JUN 2025

Decorria a última sessão do Clinic Internacional de Formação de Cantanhede 2025 quando a FPB e Madelén Urieta trocaram algumas palavras. À porta do Pavilhão “Os Marialvas”, a formadora espanhola ainda não estava de malas e bagagens pronta para regressar a Espanha,  mas já “carregava” algo consigo: “Esta [experiência] levo na mochila de recordação. É difícil encontrar tantos treinadores [quase 500] num Clinic, o trabalho que têm feito é maravilhoso, a iniciativa é muito bonita e estar a partilhar os meus dias com tantos treinadores tem sido muito especial”.

Ainda hoje (22 de junho) Madelén parte para Vitoria-Gasteiz, no País Basco, onde lidera o Araski AES, na Liga Femenina Endesa. E, embora não seja ano de Mundial Sub17 Feminino, quiçá se prepare para se juntar à Seleção Espanhola do escalão, onde é a treinadora principal.

A conversa não chegou a esse ponto, contudo. Entretanto terminava o módulo do preletor Gonzalo Rodríguez (ex-Monbus Obradeiro, Primera FEB) e o aplauso geral marcava o final da sessão – e da 22.ª segunda edição do Clinic de Cantanhede.

Foi um fim de semana em grande, com cerca de 10 horas de formação para quase 500 treinadores, “e isso diz muito sobre o interesse do treinador português em continuar a melhorar na modalidade”, acredita o último prelator do segundo dia.

Madelén concorda: “Um treinador nunca pode parar de se formar. Ter tantos treinadores com vontade de crescer, de aprender, de escutar… é fundamental para crescer e acredito que neste aspeto Portugal está a trabalhar muito bem”.

Com o término da sessão, os treinadores estagiários de Grau I levantaram-se, de um lado; do outro, os estagiários de Grau II, para a “fotografia de família”.

UMA PASSAGEM DE TESTEMUNHO

Cada vez mais Cantanhede é sinónimo de ponto de encontro para treinadores de todo o país, há 22 edições, para ser mais exato – mas continuamente a crescer enquanto ponto alto da Escola Nacional de Basquetebol (ENB), departamento da Federação Portuguesa de Basquetebol que dinamiza este momento de formação desde o ano 2000.

E, na linha daquilo que tem sido os anos anteriores, “correu tudo dentro da normalidade, é um balanço muito positivo”, acredita João Cardoso, Diretor da ENB. “Teremos agora uma oportunidade, com mais calma, de fazer uma análise mais profunda daquilo que foi o Clinic”, frisa. Já o vice-presidente da FPB, Miguel Pereira, tem elogios mais rasgados para a organização.

“Os formadores de altíssima qualidade, não só o Gonzalo, como a Madelén; os formadores portugueses também muito bem a transmitir as suas experiências, tanto o Sérgio [Silva] a falar sobre o lançamento e as suas experiências em formações no estrangeiro, muito enriquecedoras. O André [Cardoso] quase a fazer uma sessão de treino baseada com a sua experiência na Seleção Nacional de Sub16 Masculinos; a Paula Seabra a mostrar bem a sua experiência com os conhecimentos adquiridos para trabalhar no Minibasquete, ultimamente na formação de treinadores (…); a Beatriz [Mesquita] e os testes físicos recomendados para o Sub16 e os Sub14”.

Além disso, fez questão de realçar, “não se notou a mudança do responsável da ENB e da equipa, porque o trabalho foi bem feito e de facto houve também uma boa passagem de testemunho do anterior responsável para o novo”.

Ambos os responsáveis que menciona o vice-presidente estiveram presentes nesta edição do Clinic Internacional de Cantanhede. De um lado, o professor João Cardoso; do outro, o professor Jorge Fernandes. E foi com enorme satisfação que o primeiro entregou ao segundo o Prémio Carreira. “Uma homenagem merecida e justíssima por tudo aquilo que ele representa para o Basquetebol português”, no local ideal para tal. “Um momento de agregação, de convívio, de juntar treinadores, isso é muito importante”, confessa por seu lado o recém-galardoado.

Jorge Fernandes homenageado com o Prémio Carreira 2025

“Passar da bancada para o campo é um orgulho para qualquer um dos treinadores que vem cá”.

As palavras são de André Cardoso, Selecionador Nacional de Sub16 Masculinos, que inaugurou a manhã do segundo dia trazendo, “dentro do que são as orientações nacionais”, uma sessão de treino com os seus atletas, que em julho participarão no Campeonato da Europa da categoria e que estiveram todo o fim de semana em colaboração com a ENB.

“Para quem já veio a este clinic há muitos anos e começa muito novo ali em cima, estar perante quase 500 treinadores é um orgulho tremendo, um marco, diria, até, para quem gosta disto, para quem gosta de ser treinador. É uma experiência que nos o obriga a melhorar, que nos tira da zona de conforto, que nos obriga a prepararmo-nos, sem dúvida”.

Por seu lado, Sérgio Silva, que no dia anterior tinha orientado a sessão sobre a técnica de lançamento, acredita que nunca faltou a uma edição do Clinic de Cantanhede. Ele próprio confessa que aprende muito observando o trabalho dos outros treinadores, “que passa muitas horas na bancada. E foi um privilégio poder estar aqui”.

Além dos “rapazes” Sub16, “muito concentrados”, o Clinic teve a colaboração da Seleção Sub12 Feminina da AB Coimbra, que se prepara para a XIII Festa Nacional do Minibasquete, e que Luís Santarino (presidente da Associação de Basquetebol de Coimbra) acredita ser uma experiência muito importante para as atletas, que “reconhecem a confiança depositada nelas” para as demonstrações – nomeadamente a sessão sobre Minibasquete, com Paula Seabra, com um “treino (…) que permite que o treinador possa criar alguma autonomia” e que trouxe muito “caos organizado” ao Clinic.

Beatriz Mesquista, preparadora física das Seleções Sub14, demonstrou no segundo workshop do primeiro dia uma bateria de testes físicos para os Sub14 e Sub16: “uma forma deles aprenderem o que é que podem fazer durante o ano com as equipas deles, para se ver a evolução que os atletas vão tendo”.

Segundo workshop porque o primeiro, em simultâneo, coube a Madelén, cujo currículo a torna mais que capaz de palestrar sobre a importância da coordenação desportiva, papel que desempenha no clube (exclusivamente feminino) que lidera.

E “agora é a parte mais importante, que é os treinadores levarem para os seus clubes, para os seus jogadores, as aprendizagens que aqui tiveram”, acrescentou Miguel Pereira, depois deste “afinar de agulhas anual muito importante”, nas palavras do vereador do Desporto do Município de Cantanhede, Adérito Machado, presente na cerimónia de entrega do Prémio Carreira, e de toda a equipa camarária, que muito ajudou à organização deste ponto alto.

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22 JUN 2025

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