João Freitas: «Não encolho os ombros»

As limitações orçamentais impedem o técnico de construir a equipa que desejaria, mas João Freitas recusa-se a atirar a toalha ao chão e garante que os madeirenses vão trabalhar arduamente com a matéria prima que têm disponível.

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28 SET 2013

Até porque não quer adaptar-se “à mediocridade”. “Para ganhar o que quer que seja é preciso querer e fazer sempre mais. O resto é conversa de quem não tem, não quer ter ou fazer e inventa sempre uma desculpa para isso”, refere.

Dá a sensação que está a sentir dificuldades no recrutamento para formar e equipa para esta época…Muitas dificuldades. Não por não haver jogadores livres, mas para assinar com os que gosto pelo orçamento que temos. Agora mesmo não estamos muito equilibrados. Assim vai ser difícil jogarmos como eu quero. E não me apetece muito mudar o meu estilo de jogo. Foi sempre esse estilo que fez do CAB o que é hoje.Essa foi a principal razão para aceitar ficar responsável pela formação do CAB Madeira?Não. Aceitei porque é preciso fazer mais para mudar o processo de formação dos jogadores. Mas isso passa pela educação dos treinadores. Obviamente dos que querem ser educados. Principal missão é mudar mentalidades e saber se quer treinadores, quer jogadores e os seus familiares estão dispostos a fazer os sacrifícios necessários para formarmos melhores jogadores. É preciso treinar mais e melhor.Quais os principais objetivos que pretende atingir nessa sua nova tarefa?Como disse antes. Mudar a forma como se trabalha. Os conteúdos são agora mesmo o menos importantes. É necessário educar para trabalhar mais e melhor. Eu não vou mudar nada a quem não quer ser mudado. Mas também quem não quer mudar, terá que procurar outro sítio ou outra pessoa com quem trabalhar.Sendo um treinador ambicioso, de que forma vai gerir as suas expetativas para esta temporada?Boa pergunta. Também a faço a mim próprio. Nunca me vou adaptar à mediocridade. Não consigo trabalhar encolhendo os ombros e com a ideia de isto é o que temos e temos que trabalhar com o que há. Quero sempre mais. Para ganhar o que quer que seja é preciso querer e fazer sempre mais. O resto é conversa de quem não tem, não quer ter ou fazer e inventa sempre uma desculpa para isso. Nunca vou ser acomodado. Jogadores, treinadores e dirigentes têm que querer sempre mais. E não só no discurso mas nas ações.Acredita que ainda assim o CAB se apresente este ano na Liga como uma equipa capaz de vencer qualquer adversário?Não. Há coisas que não basta querer. A qualidade de outros é bem superior à nossa. Mesmo que jogues a 120% e os outros a 50. No entanto acredito nisto… Nenhuma espada é demasiado curta. Quando em combate cresce e o que lhe falta em aço é compensada pela coragem… Do que preciso é de gente corajosa. E gente corajosa custa muito dinheiro.Que principais problemas terá de ultrapassar para que a equipa seja competitiva ao longo desta época?Rotatividade para manter ritmo de jogo elevado temos pouca. Não posso permitir erros e jogadores que erraram continuarem a jogar. Assim não se aprende. E a qualidade, apesar de termos tido muito cuidado na escolha dos jogadores, é bem menor do que a do ano passado. No treino aprende-se muita coisa. Se a qualidade do treino é afetada, temos logo à partida mais um problema. Mas a mim pagam- me para ser solução e não problema. Os desequilíbrios estão identificados e vamos corrigir o que está menos bem.O que será este ano uma época positiva para a equipa do CAB?Boa pergunta. Como dizia um autarca há uns anos…ainda bem que me faz essa pergunta, na medida em que nem eu sei a resposta. A sobrevivência do clube passa por outras prioridades que não a desportiva. Entendo no entanto, que toda a conjuntura não permita muito mais. E acabo com o que disse acima. É preciso gente corajosa.

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28 SET 2013

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