Sónia Reis: «Estar em campo já é um troféu»
A grave mazela que sofreu no joelho fez com que a ascendente carreira de Sónia Reis sofresse um revés, mas a jogadora, apesar de ainda sentir algumas dores, está otimista e acredita que pode fazer uma boa temporada.
Atletas | Competições
12 OUT 2013
“Alegra-me saber que mesmo coxa ainda dou trabalho”, refere. Voltou a Portugal para jogar na Quinta dos Lombos e ajudou a equipa a conquistar a Taça Vítor Hugo, tendo inclusivamente sido a MVP da final. Não perca a entrevista, nos detalhes desta notícia.
Está a ser um regresso perfeito a Portugal com um título já conquistado?Como disse no meu facebook voltar para ganhar, assim é vale a pena voltar! Estar perto de quem se quer, de poder ainda jogar e ajudar a minha equipa é mais que suficiente para se estar feliz. Revelaram um enorme domínio nesta fase final. Onde foram superiores relativamente aos vossos adversários?Levamos mais de um mês de bom trabalho, de boas dinâmicas e bom ambiente de grupo e evidentemente essas coisas depois refletem-se em jogo. Somos uma equipa com grande potencial, muito coesa e acima de tudo trabalhamos bem. Quem trabalha bem cedo ou tarde é recompensado. Individualmente os jogos correram-lhe muito bem. Sinal que está mais próxima da sua melhor forma desportiva? Não creio que vá chegar a estar na minha melhor forma física, porque apesar dos números o meu joelho continua longe do seu melhor e disputei os dois jogos com dores, mas tenho aprendido a controlar a situação. As minhas colegas estão sempre a fazer piadas sobre eu ser coxa, mas alegra-me saber que mesmo coxa ainda dou trabalho.Imagino que tenha sido bastante emotivo para si voltar a competir e vencer troféus. Depois de um longo calvário, em algum momento desanimou?Estar em campo para mim já é o meu troféu, cada dia em que estou em campo e saio de lá inteira já é uma vitória. Um dia de cada vez.O que a levou regressar a Portugal e representar a Quinta dos Lombos?São muitos os fatores, não ter a capacidade para continuar a treinar manhã e tarde, não poder jogar mais 40 minutos ou corresponder aos níveis de exigência que era pedido, o facto de querer voltar para casa, recomeçar a universidade entre outros. Quanto à Quinta dos Lombos, regressei para não jogar mais, mas durante o verão fui falando com o Zé e depois de estar todo o verão a fazer fisioterapia, porque quando voltei estava mesmo muito mal do joelho, era incapaz de andar mais de 10 minutos sem depois estar a morrer de dores, acabei por verificar que o joelho estava melhor. Com a insistência dele, que demonstrou querer-me apoiar na recuperação e querer a ver-me jogar mais um ano, em conjunto com a minha vontade de não desistir, dei mais uma oportunidade. E os Lombos é uma equipa competitiva e exigente, eu também sou assim, por isso nada melhor que trabalhar onde nos identificamos. Depois de alguns anos fora de Portugal, o que achou do atual nível da competição?Não vou mentir. Acho que o nível baixou, mas honestamente eu vim de Espanha onde o nível baixou abismalmente. Diria que a Liga por lá passou a ser Liga Feminina 2 dos tempos em que estava em Badajoz. Por isso, se por lá baixou não era de esperar outra coisa do nosso pequeno país que, afetado pela crise, tem ainda muito menos dinheiro do que tinha há 10 anos para investir, por exemplo, em boas estrangeiras. No entanto, no que se refere a jogadoras nacionais, tenho visto muitas com qualidade, mas maioritariamente jogadoras exteriores o que cria um certo desequilíbrio, claramente nos faltam postes.Depois desta primeira competição, acha que, caso jogue ao seu melhor nível, a Quinta dos Lombos poderá dominar a Liga Feminina esta temporada?Se todas derem o melhor de si, vamos poder oferecer o melhor basquete possível, como é normal numa competição queremos ganhar tudo o que estiver ao nosso alcance. Mas se no final não ganharmos, ao menos queremos ter o sentimento de que não foi possível mas demos tudo o que tínhamos e não tínhamos.