ACD Cotovia/UDI prepara estreia no campeonato nacional de BCR

David Lima, Sérgio Pereira e Ana Rita Santos abordam o marco da formação de Sesimbra

Competições
9 AGO 2022

O projeto do BCR Sesimbra, dinamizado por David Lima, ganhou forma com a junção de esforços da ACD Cotovia e da União Desportiva para a Inclusão (UDI). A ACD Cotovia/UDI vai participar, pela primeira vez, no principal escalão do BCR nacional (agora unificado e dividido em duas fases: uma primeira de todos contra todos e uma segunda que coloca frente a frente os seis melhores classificados, na Liga BCR, e os últimos cinco, na Divisão de Honra), com a ambição inicial de se consolidar na prova e proporcionar experiência competitiva aos seus atletas, um misto de novatos e jogadores com uma “bagagem” de BCR significativa noutras paragens.

David Lima, o impulsionador da ideia de constituir uma equipa no concelho de Sesimbra, estima um plantel de “dezasseis atletas, dos quais catorze inscritos e, entre esses, quatro são jogadores de classe 5.0”, grupo no qual se insere, sendo o único elegível – nesse lote de quatro – para todas as fases da competição. Em Portugal, os jogadores de classe 5.0 com alguma limitação (mesmo que inelegíveis ao abrigo dos critérios do Comité ParaIímpico Internacional IPC) podem atuar nos campeonatos nacionais, ao passo que os jogadores de classe 5.0, sem qualquer limitação motora, restringem a sua participação à Divisão de Honra.

Para a rápida construção de um plantel capaz em número e qualidade para enfrentar o desafio que se avizinha, muito contribuiu o histórico António Vilarinho, Paralímpico em 1972, na única aparição do BCR português nesse patamar, e nome indelével dos feitos da APD Lisboa. Corporiza um raro exemplo de longevidade, uma vez que continua a jogar aos 76 anos, e auxiliou a ACD Cotovia/UDI na espinhosa missão de recrutar atletas. “Praticamente encontrou uma equipa inteira. Em Sesimbra, das quatro pessoas que sinalizámos, conseguimos que apenas uma viesse experimentar um treino”, frisa David.

Com um elo de ligação à UDI desde cedo, faltava uma peça fundamental para levar a bom porto o desiderato de formar equipa em Sesimbra: encontrar um clube do concelho disposto a acolher e fomentar o projeto. Assim surgiu o vínculo com a ACD Cotovia, que recebeu a ideia com entusiasmo. “Estamos a torcer que dê certo. É um projeto que aqui no concelho não existe, nunca existiu. Acho que até no distrito nunca houve este know-how e projeção [no desporto adaptado]”, afiança o diretor desportivo, Sérgio Pereira.

Na simbiose com a UDI, compete à ACD Cotovia a procura ativa de patrocinadores, parceiros, elencar necessidades e atender aos requisitos técnicos para se desenhar o sucesso no plano desportivo. Após “um começo difícil”, Sérgio Pereira manifesta satisfação pela adesão das entidades públicas e privadas. “Já conseguimos alguns patrocínios, provavelmente vamos ter novos jogadores, bem estruturados e com uma boa definição desta modalidade. Para a nova época, já temos tudo alinhavado”, afirma, enaltecendo a abertura de Câmara Municipal de Sesimbra e Junta de Freguesia do Castelo, que, desde cedo, “viram com bons olhos o projeto”.

Neste capítulo, David Lima sublinha a possibilidade invulgar, no universo Paralímpico, da carga horária de treino ser elevada. “Temos um pavilhão muito disponível, conseguimos treinar todos os dias. Em horários distintos, porque há jogadores que trabalham à noite, outros de dia, outros estão reformados”, descreve o mentor, jogador e treinador da equipa.

Por seu turno, a União Desportiva para a Inclusão (UDI) viu na associação à ACD Cotovia o ensejo perfeito para a consecução de um desejo antigo, que se chegou a esboçar, mas sem vingar. “Já tivemos BCR há uns tempos, só que, entretanto, alguns decidiram ir para outras modalidades, outros desistiram, e tínhamos feito um investimento ao nível de material, que se encontrava parado”, conta Ana Rita Santos, coordenadora técnica da instituição. “Quando começámos estas conversas, a lógica foi: “Nós temos material e não temos atletas, vocês têm atletas e não têm material””, prosseguiu.

A UDI alberga 16 modalidades, a maior parte em “contexto de parceria”, modalidade com maior potencial “de integrar atletas de um modo facilitador para nós e para os clubes”, uma vez que a “instituição não tem estrutura para dinamizar algo à semelhança de um clube, nomeadamente a nível financeiro”.

Na época 2022/2023, de acordo com David Lima, a ACD Cotovia/UDI aponta à “disputa do título na Divisão de Honra”, apesar da “possibilidade de receber alguns jogadores, poder mudar o nível e objetivos da equipa”. Para lá da competição, outra das metas da ACD Cotovia/UDI passa pela divulgação da modalidade e promoção do conceito de desporto para todos. “Queremos trazer algo, também em termos sociais, a Sesimbra. Junto ao pavilhão está alocado todo o ensino de Sesimbra. Já fizemos três ou quatro demonstrações, com os alunos do curso profissional de desporto. Estamos em conversa com o departamento de desporto e educação física no sentido de estabelecer um projeto em que o objetivo seria passar, no ano letivo, uma vez por cada turma. São 4000 alunos no total. Seriam duas turmas por semana. A ideia era proporcionar a experiência de prática e também identificar atletas que não saibamos – ou os próprios – que são elegíveis”, comenta o precursor do BCR em Sesimbra.

A estreia oficial da ACD Cotovia/UDI está agendada para o dia 15 de outubro, em casa, frente ao campeão nacional Basket Clube de Gaia.

 

 

 

Competições
9 AGO 2022

Mais Notícias